𝗱𝗲𝘇𝗲𝘀𝘀𝗲𝗶𝘀

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NOAH URREA


Sina dormia no banco de trás enquanto Josh terminava de colocar gasolina no carro, assim que entrou ele alternou o olhar entre mim e a garota, sorrindo em seguida.  

— Vocês transaram. — Ele afirmou 

— Como tem tanta certeza? 

— Você nem faz questão de disfarçar — Ele apontou pro meu pescoço 

Deslizei meus dedos sentindo um breve relevo tendo certeza que eram das unhas dela, soltei um riso baixo e liguei o carro pra finalmente voltar ao meu apartamento. 

— Pensava que o Bailey estava na sua frente, ainda estão naquela aposta? 

— Eu também achei... Mas as coisas simplesmente aconteceram, não foi pela aposta. 

Encarei o espelho vendo Sina se arrumando no banco, pela sua expressão fechada tinha certeza que ela escutou tudo. 

— Bom dia, Sina — Josh cumprimentou 

— Péssimo dia, Beauchamp. 

— Boa sorte — Ele sussurrou na minha direção 

Bati algumas vezes na porta até abrir e ver Sina nem ao menos tirar os olhos dos livros pra me encarar. 

— Estudando? 

— Sim. 

Tão seca que eu tive que soltar um suspiro, assim que me aproximei ela esticou as pernas impedindo que eu sentasse perto dela, da mesma forma a empurrei me sentando e recebendo seu olhar de reprovação. 

— Eu sei que escutou minha conversa com o Josh. 

— Foi tudo uma droga de aposta, já entendi, veio esfregar isso na minha cara? 

— Sina... Eu só falei umas coisas idiotas com o Bailey, mas ontem foi real pra mim e você pode mentir o quanto quiser, mas sei que sentiu a mesma coisa. 

Seus olhos verdes foram desviados para os livros novamente e ela relaxou os ombros de uma vez parecendo não saber o que dizer. 

— Mas não estou aqui pra insistir nisso, só não quero que pense que te usei. 

— Então está se preocupando comigo, Urrea? — Ergueu o olhar pra mim com um sorriso vitorioso 

Ela continuava a mesma insuportável, revirei os olhos me preparando pra levantar, mas logo sua mão pousou em mim me fazendo apenas parar pra encara-la. 

— Eu sei que você é um puta de um problema, mas não esqueci que ontem desconversou sobre aquele remédio. 

— Já te disse que não vou falar sobre isso com você. 

— Não precisa falar, só quero que saiba, eu... Estou aqui. 

Ela mordeu o lábio inferior ainda me olhando, parecendo ansiar pela minha resposta, então apenas sorri e dei de ombros. 

— Então está se preocupando comigo, Deinert? 

Sina soltou uma risada me empurrando e eu continuei olhando diretamente em seus olhos, estava odiando a sensação de gostar do som da sua risada, quando ao escutá-la pela primeira vez era a pior coisa, porque tudo que ela ria era exatamente algo que estava me incomodando.  

Saí do seu quarto indo até o meu, comecei a tirar minha camiseta pra tomar um banho pude ver ainda os vestígios dela, eu sentia que poderia voltar ao quarto dela e fazer tudo de novo, mas assim que olhei minha comoda com meus remédios tive certeza que não poderia colocar esse problema na vida dessa garota, não quando ela é uma irmã bem melhor pra Sabina do que eu.  

Não quero machucar mais ninguém, estou cansado de ser a pessoa que todos se machucam por amar e sinto que Sina está caindo aos poucos sem nem ao menos notar.  

*    

No dia seguinte encontrei Sina sentada na bancada enquanto acabava com um pote de sorvete, olhei a situação por completo querendo apenas dar meia volta e fingir que não tinha visto nada, mas acabei me dando por vencido dando mais alguns passos na sua direção.    

— TPM? — Sugeri  

— Não, eu só... estou tendo um dia merda.  

— Vai me dizer o porquê de uma vez ou vai me obrigar ficar aqui até que diga?  

Ela soltou um longo suspiro, então eu notei que estava vendo seu outro lado, aquele que escondia  ponto de parecer inexistente: sua insegurança.  

— Todo mundo me olha na faculdade como se eu fosse de outro planeta, porque eu sou bolsista, pensava que não iria ligar, mas é horrível, todo mundo parece julgar até a forma que eu ando.  

— Você se importando com isso— Apoiei um dos braços na bancada— até parece uma garota diferente.  

— Eu não quero voltar, foram duas semanas e já não suporto mais.  

— Sina... se você se comporta como está se comportando agora na faculdade, então eu não tiro a razão deles.    

— Noah!  

— É isso mesmo, precisa ser quem você é essa garota insuportável que pode acabar com aqueles filhinhos de papai com meia dúzia de palavras, não essa garota chorona que parece que vai sumir a qualquer momento.  

Ela continuou em silêncio deixando o pote de lado e assentiu, nunca pensei que ela concordaria com alguma palavra minha. 

— Eu odeio quando você está certo.  

Sina se ajeitou na bancada ficando mais próxima de mim, não me movi nem por um segundo e acabei sorrindo.  

— Então deve sentir muito ódio, porque normalmente estou certo.  

— Ontem naquele carro, você acha que estava certo?  

Deslizei minha mão sob sua jaqueta a descendo vendo o roxo em sua clavícula, sorri tocando a marca com os lábios e a sentindo se arrepiar aos poucos. 

— Eu tenho certeza— Respondi 

A puxei pra perto mordendo seu lábio inferior e logo senti suas pernas rodearem minha cintura, quando finalmente a beijei me apoiei na bancada pois sabia que se a tocasse mais não conseguiria me controlar.  

— Mas como você mesma disse isso é um erro, não é, boozie?  

Quando ela viu minhas intenções de apenas a provocar, me empurrou irritada e eu obviamente apenas ri adorando vê-la nas minhas mãos, mas eu tinha que aproveitar, antes que ela notasse que em momentos como esses eu também estava nas mãos dela.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora