𝘃𝗶𝗻𝘁𝗲 𝗾𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼

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ִ ۫ ּ ˖ ۫𓏲Maratona (3/10)

SINA DEINERT



A semana havia sido insuportável, estava no meio das provas do bimestre e perdi as contas de quantas vezes tive que ir no banheiro colocar tudo pra fora, me convenci que estava ansiosa, sempre passei mal em épocas assim.

- Sina, tudo bem?

Ergui meu olhar vendo Earn sentar ao meu lado na lanchonete, soltei um suspiro cansado e neguei.

- Fiz aquela prova pra Oxford, não que eu pretenda ir, mas se eu for bem posso conseguir um emprego por aqui.

- Você parece exausta e nem tocou na comida, quer ir na enfermaria?

- Não, mas podemos andar pelo Campus?

Ele assentiu, começamos a caminhar e a conversar sobre a matéria até eu me sentir tonta e me apoiei no seu braço.

- Sem chances, vou te levar até a enfermaria.

Eu andava devagar até Earn perder a paciência e me colocar no colo, assim que cheguei na enfermaria ela me examinou e disse que era apenas um mal estar e também ligou as provas, logo melhorei, mas acabei parando no hospital pra que Earn não me enchesse mais.

- Eu odeio hospitais - Resmunguei

- Eu acho que você está desnutrida, não vou te deixar morrer antes de saber se passou naquela prova.

Acabei rindo e o abracei de lado, fiz alguns exames e consegui tomar uma sopa ruim, quando os resultados chegaram o médico suspirou e me analisou por alguns momentos.

- É alguma coisa séria?

- Ele é seu namorado?

- Não... Meu amigo.

- Bem, tenho uma notícia que pode ser boa ou ruim, depende de você.

Soltei uma respiração pesada odiando esse suspense.

- Você tem comido mal e isso te afetou pois está frágil - me entregou os exames - Deu positivo, você está grávida.

O mundo parou de girar por um momento, senti minha garganta fechar e as lágrimas caíram de uma vez, Earn me chamava só que eu não conseguia escutar, parecia um pesadelo.

- Isso pode ajudar no enjôo - Me entregou a receita - tome cuidado com o que vai fazer pra não se arrepender depois.

Me levantei de uma vez pegando minha bolsa, Earn me segurou e eu o abracei.

- Mandei uma mensagem pro Noah do seu celular - segurou meu rosto - ele já está na recepção.

- Não quero ver ninguém, só quero sumir!

- Sina! Não me virei, mas sabia que era Noah, senti um arrepio só com a possibilidade de encara-lo agora, me afastei aos poucos de Earn que passou a mão pelos meus cabelos.

- Precisa ser forte - Ele sussurrou - vou voltar pra faculdade.

Assenti e parei ao lado do Noah, ele apenas acenou para o Earn e passou o braço por mim.

- O que aconteceu?

- Me leva embora, por favor. - Pedi Mesmo estranhando, acabou me levando embora, pelo caminho respondi suas perguntas de forma seca, até finalmente estarmos no apartamento, me deitei na cama voltando a chorar.

- Sina o que te disseram no hospital? - Ele me fez encara-lo - fala pra mim.

O abracei porque sabia que depois da notícia tudo mudaria de alguma forma, respirei fundo e tentei manter a calma.

- Sina, por favor, me fala - Segurou meu rosto - eu posso te ajudar.

- Estou grávida. - Falei de uma vez Noah continuou me encarando, pude vê-lo até segurar a respiração, queria sumir, não sabia o que fazer.

- Estou aqui com você. - Ele finalmente disse algo

- Noah, olha pra gente, é tudo uma confusão! Que inferno, por que a gente não prestou atenção?! Droga, droga, droga...

Ele me beijou, mas eu o afastei ainda confusa com tudo isso, estava trêmula, sentia uma agonia insuportável de não ter ideia do que seria de mim.

- Eu preciso sair.

- Sair? Sina, pra onde você vai?

- Pode me deixar na casa do Simon?

- Então você prefere confiar nele e não em mim?

- Eu só quero falar com ele, por favor.

Eu sabia o quanto ele estava fazendo isso contra sua vontade, mas acabou cedendo, logo eu estava na casa do Simon, a quem talvez eu deveria chamar de pai, mas era ainda algo travado na minha garganta.

- Eu ainda acho uma má ideia, isso é sobre nós dois, não sobre ele.

- Preciso fazer isso - O encarei Saí do carro e assim que toquei sua campainha, uma mulher atendeu, provavelmente sua mulher e isso era estranho, como ele conseguiu continuar.

- O Simon está?

Ela assentiu e o chamou, assim que ele apareceu travou no mesmo momento, mas logo veio até mim.

- Andou chorando? Foi o Noah?

- Posso entrar?

Ele assentiu e me sentei no sofá, talvez fosse hora pra que começasse a se redimir.

- Estou grávida - o encarei - e mesmo com as nossas diferenças, acho que só você pode me falar alguma coisa.

Ou não, por um longo tempo o que recebi de Simon foi silêncio, mas aos poucos ele se aproximava de mim e sentava ao meu lado.

- Ter um filho é uma das coisas mais difíceis que existe, mas vale a pena, só precisa entender que se decidir fazer isso, não é você que vai estar em primeiro lugar.

Respirei fundo olhando apenas pras minhas mãos, era uma responsabilidade assustadora, mas era estranho como eu já estava começando a ficar decidida que faria isso.

- Acha que eu posso fazer isso?

- Você pode fazer tudo que quiser, Sina, só precisa tomar as decisões certas.

Voltei a olhar em seus olhos azuis, deveria ter notado bem antes que tínhamos alguns traços parecidos, queria dar meu braço a torcer e deitar no seu colo choramingando feito uma garotinha, mas não podia mais, além da mágoa, acho que dentro de mim teria que matar qualquer vestígio de "garota" e ser uma mulher.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora