𝗻𝗼𝘃𝗲

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SINA DEINERT


A sensação de saber que havia perdido é horrível, me tranquei no quarto por horas e apenas escutei Noah dizer ainda com a porta fechada que iria sair, não respondi, apenas escutei seus passos se afastarem pelo corredor.

Seria mentira dizer que aquele beijo não mexeu comigo, porque não só havia mexido como feito uma completa bagunça, logo nós que parecemos dois opostos parecíamos perfeitos para aquilo, pela primeira vez eu me odiava por me deixar levar por ele.

As horas se passavam e eu continuava na cama assistindo TV e voltando meus pensamentos para o maldito beijo, meu ciclo só foi interrompido pelos barulhos que escutava e deixei a curiosidade me vencer quando finalmente saí do meu quarto descendo as escadas até a sala.

Noah colocava um quadro no lugar enquanto cantava com sua voz grave, eu tinha várias motivos pra debochar do seu estado deplorável, mas apenas consegui me calar pra escutá-lo.

— I dreamt about you near me every night this week; how many secrets can you keep?

(sonhei com você quase todas as noites essa semana; quantos segredos você consegue guardar?)

Quando finalmente virou ao me encarar pela primeira vez um sorriso se esboçou nos seus lábios e eu tinha a mais pura certeza que ele estava bêbado, soltei um suspiro e antes que subisse as escadas o escutei chamar meu nome.

— Pra onde está indo?

— Voltar pro meu quarto— Respondi como se fosse óbvio— Aliás você está deplorável, Urrea.

Ele continuou com um sorriso quando finalmente jogou o corpo no sofá e deslizou a mão pela nuca soltando um alto suspiro e me senti quase na obrigação de perguntar.

— Tudo bem?

— Não muito— Voltou a me encarar— admito, essa foi minha vez de passar do ponto.

Noah admitindo alguma coisa? Realmente, ele estava mal, me dei por vencida e fui até ele o ajudando a levantar, subimos as escadas com cuidado e logo estávamos no quarto, o deixei na cama e olhei em volta, nunca havia entrado aqui e reparado no lugar, preferi evitar mais uma guerra com ele que provavelmente me mataria se me encontrasse mexendo nas suas coisas.

— Vai ficar bem?— Perguntei

Me aproximei e sua mão veio até a minha fazendo com que eu pousasse em sua cabeça, soltei uma risada abafada notando que a bebida o deixava carente, sentei ao seu lado na cama e aos poucos ele abriu os olhos voltando a olhar pra mim.

— Não sabia que ficava carente— Debochei

— Não ouse usar isso contra mim.— Ele resmungou

Não respondi, mas também não usaria isso contra ele, porque sei que ele tem muito a usar contra mim desde aquele beijo.

— Me lembre de nunca mais sair pra beber com o Bailey... Ele não parava de falar sobre você, tive que ficar bêbado pra aguentar.

— Duvido muito que não tenha adorado falar mal de mim pra outra pessoa.

— É, essa parte foi ótima, não vou negar...

— E também duvido que tenha sido tão ruim, você até chegou cantando, nunca te vi nem ao menos escutando música.

Ele soltou uma risada baixa e assim que parei de acariciar seus cabelos ele puxou minha mão de volta ainda insatisfeito com a atenção que eu havia lhe dado, seus olhos estavam tão verdes que mal conseguia desviar, mas ainda tentava meu máximo pra evitar que eu simplesmente me desmanche em seus braços.

— Crawlin' back to you... Ever thought of calling when you've had a few? 'Cause I always do...Maybe I'm too busy being yours to fall for somebody new; now I've thought it through

(Me arrastando de volta para você... Já pensou em me ligar quando você tomou umas? Porque eu sempre penso... Talvez eu esteja muito ocupado sendo seu para me apaixonar por outra pessoa; agora pensei bem sobre isso)

Sua mão subiu até minha nuca e quando me vi estava cara a cara com Noah, pudia sentir sua respiração e seus dedos me pressionando pra que eu selasse meus lábios ao dele, mas de uma vez me afastei apenas recebendo seu olhar completamente confuso.

— Se você acha que eu estou nas suas mãos, Urrea... Nunca esteve tão enganado.

Apressei meu passo pra fora do seu quarto, batendo a porta desejando que sua cabeça doesse tanto a ponto que ele nem ao menos consiga dormir, logo voltei ao meu quarto jogando meu corpo na cama soltando um longo suspiro.

Eu preciso virar o jogo.

No dia seguinte, acordei cedo pra começar a preparar o café da manhã e não demorou pra que o interfone tocasse, quando notei que era Bailey pedindo pra subir, permiti de uma vez e não demoro pra que ele estivesse na cozinha.

— Cadê o Noah?

— Depois da noite que vocês tiveram ontem? Me surpreenderia se ele ainda estivesse vivo.

— Nem me fale... Minha cabeça está a ponto de explodir.

— Pra sua sorte acordei de bom humor e estou preparando um ótimo café da manhã— Comecei a colocar a mesa

Ele sorriu e não fez cerimônia nenhuma em sentar e simplesmente começar a comer, mas como já tinha notado Bailey é um tagarela incurável, então o silêncio não durou mais que um minuto.

— Eu tenho uma duvida que está me matando, por que a Sabina quer que você fique com o Noah?

— Acho que ela confia nele— Dei de ombros

— Você poderia ficar três meses sozinha.

— É, eu poderia, mas eu já passei por algumas coisas— O encarei— não gosto de falar sobre isso, entende?

— Entendo, só estava tentando começar a flertar, não ser invasivo.

— Você realmente sabe sair de uma situação desconfortável— Acabei rindo.

Noah apareceu na cozinha alternando o olhar entre nós dois e por um momento tive certeza que ele perguntava a si mesmo se ainda estava sob o efeito do álcool.

— Bom dia, princesa.— Bailey ergueu um café em sua direção

— Péssimo dia, minha cabeça está prestes a explodir.— Despencou na cadeira — como você consegue estar bem?

— Anos de prática, Urrea— Piscou em sua direção

— Tenho certeza que teve uma longa noite.

Imediatamente quando falei seus olhos se desviaram pra mim, então tive certeza que ele havia lembrado da cena que fez a noite e isso significa apenas uma coisa: estamos kits.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora