𝘁𝗿𝗶𝗻𝘁𝗮

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ִ ۫ ּ ˖ ۫𓏲Maratona (9/10)

SINA DEINERT


Dois dias depois eu tive alta do hospital, pra piorar, Sabina já havia voltado, então não havia mais como adiar.

Noah me deixou no apartamento dela, subimos pelo elevador e ele largou a minha mala no chão, não conversamos na noite passada, mas ele usava um óculos escuros que me deixava curiosa, não está Sol, ou seja, ele esconde algo.

- Está entregue. - Ele disse e se aproximou da porta

- Já vai?

- Pensei que não me queria por perto.

Me calei porque a questão vai muito longe do "querer", se isso dependesse de mim, eu ainda estaria ali com ele, talvez tentasse mais.

- É o melhor. - Insisti Noah tirou os óculos mostrando as olheiras e aparência cansada, minha respiração quase falhou, porque odiava vê-lo assim.

- Eu te amo, sabia? Acho que tenho tornado isso óbvio, mas queria que tivesse certeza.

Eu guardei o "eu te amo também", quando viu que não obteria mais nada, ele me deu as costas e saiu, fechei a porta e apoiei minhas costas na mesma engolindo a vontade de chorar, ainda tinha que esperar Sabi chegar, porque isso só era começo.

(...)

Eu tinha que contar pra ela a verdade, só não sabia como. Quando escutei a porta ser aberta, nem pensei, apenas corri até ela e lhe dei um abraço forte, porque sei que vou decepcioná-la em menos de dez minutos.

- Que saudades - ela disse

- Eu estava morrendo de saudades, preciso te contar tanta coisa

- Vou fazer um café e você me conta, tudo bem?

Assenti e fomos até a cozinha, estava andando como uma criminosa em tribunal, mesmo com os olhos castanhos desconfiados em minha direção, ela tentava manter o assunto normalmente, porque sabia que uma hora eu simplesmente diria tudo.

- Então, seu pai melhorou? - perguntei

- Sim, ele queria muito te conhecer, também visitei minha mãe, foi ótimo dar um tempo de Londres.

- Que ótimo - sorri - espero um dia visita-los

- E o que você tinha pra me contar?

Respirei fundo e lembrei de tudo, cada pequeno momento com Noah passando rapidamente na minha mente. Voltei a olhá-la, que parecia esperar minha resposta.

- Eu... - suspirei - acabei tendo um lance com Noah

- Sina...

- Eu estou gravida... dele

Sabina paralisou na hora, se levantou e parecia tão sem rumo quanto eu estou nos últimos tempos, mas logo ficou furiosa mostrando seu lado "Urrea".

- Vocês dois são irresponsáveis! - ela gritou - o que vamos fazer agora?!

- Nós não, o que eu vou fazer

- O que quer dizer com isso?

- Eu só precisava ficar em paz... eu te amo Sabi, mas eu preciso sumir, eu... eu não posso continuar com Noah e não posso te dar mais problemas - me levantei

- não, Sina, você não tem pra onde ir... esta grávida e...

- E eu vou me virar, desculpa, Sabi

- não se desculpa - ela disse - mas não sai por aí sem ter pra onde ir

- Eu vou arrumar um lugar para ir, quando eu puder, dou notícias - sorri

- E o Noah?

- Acho que... ele é o tipo de cara que não nasceu pra essas responsabilidades

- Sina, não...

- Já tomei minha decisão

- Por que você tem que ser tão decidida? - Me abraçou - você é minha irmã mais nova, sabe disso, não é?

- Eu sei - Correspondi ao abraço - mas a minha vida virou de cabeça pra baixo, preciso me encontrar.

- Não me esquece - Me olhou nos olhos

- Eu nunca vou esquecer - Sorri

Acho que uma conclusão que pude tirar que é impossível esquecer um Urrea, ele marca a sua vida de um jeito, sendo ele bom ou ruim, como uma cicatriz, Sabina é minha salvação, mas Noah, eu ainda não sei, me perdi e me encontrei junto com ele, mesmo sabendo que era puro problema, só que agora, acho que preciso me afastar disso tudo, apenas andar com minhas próprias pernas, sem ajuda de ninguém.

TRÊS DIAS DEPOIS:

Eu saí do apartamento da Sabina a três dias escondida, não queria vê-la chorar, isso tiraria o resto das forças que eu ainda tenho.

Aluguei um quarto, ainda tenho um dinheiro guardado, mas sei que ele não vai durar muito. Eu só pensava no meu filho, filha... porque agora é só nós e mais ninguém.

Estava em um mercado comprando algumas coisas pra comer, passei no caixa e estava indo embora quando escutei meu nome ser chamado, me virei... Simon, não sei se estava exatamente preparada pra vê-lo, nem tenho ideia do que se passou pela minha cabeça quando quis contar tudo pra ele.

- Precisamos conversar, você sumiu.

- Eu não quero conversar agora e me esquece, okay? Se viveu tanto tempo fingindo não ter uma filha, pode continuar sem ela.

- Sina, eu só quero te ajudar e eu entendo não querer mais a ajuda do Noah ou Sabina na sua vida - Se aproximou - mas você gostando ou não, ainda sou seu pai e a única obrigação que tenho é te ajudar.

- Por que não fez isso antes?

- Estou tentando fazer agora, me deixa falar com você, por favor...

Vendo que não teria escapatória, deixei que me acompanhasse até meu quarto, assim que larguei as compras no canto, me sentei na cama puxando uma cadeira pra que ele se sentasse.

- Simon... Só quero arrumar meus problemas de uma vez.

- Eu posso te ajudar.

- Você vai contar tudo pro Noah na primeira oportunidade que tiver.

- Noah é meu garoto, adoro ele mesmo com todos nossos problemas, mas você é minha filha e eu estou te devendo muito, pode confiar em mim.

E eu confiava, mesmo toda minha história me provando que não deveria, todos meus imbecis instintos me pediam pra confiar, mesmo pensativa, relaxei os ombros e decidi que aceitaria seja lá qual seja sua ajuda.

- Tenho uma vaga de emprego em Oxford, mas não é o suficiente pra manter uma casa e o bebê.

- Eu posso te arrumar a casa, cuidar de tudo, só não ache que está sozinha com toda essa responsabilidade - Segurou minha mão - estou aqui, mesmo sendo tarde.

Abaixei a cabeça querendo estar vivendo essa cena quando perdi tudo três anos atrás, mas mesmo assim apertei sua mão, sentindo que tinha uma esperança aqui de um novo começo.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora