𝘃𝗶𝗻𝘁𝗲

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NOAH URREA



Eu havia perdido completamente o sono, mal notei quando já eram 5 da manhã e escutava os passos da Sina no corredor, me levantei e a encontrei sentada no chão, assim que a chamei ela tentou se levantar pra entrar no quarto, mas não conseguia, me aproximei de uma vez segurando seu rosto, os olhos estavam vermelhos, vazios, puxei seu braço vendo as veias saltadas e a coloquei no colo imediatamente.

— Noah, tá tudo bem.

Não disse uma palavra porque provavelmente deixaria a raiva tomar conta de mim por completo, precisava manter a calma, nem que eu tivesse que contar até 10 e respirar fundo mil vezes.

Quando deixei seu corpo na banheira, girei o registro pra que água caísse, seus olhos pesaram, mas eu deslizei a mão com a água tentando mantê-la acordada, logo ela se livrava das roupas até estar completamente nua e se encolheu.

— Fica aqui comigo.

— Para de me testar.

— Por favor— Pendeu a cabeça para o lado— prometo ser boa se estiver aqui comigo.

Era melhor não lutar contra, estava impaciente e por incrível que pareça, completamente preocupado, tirei minha camiseta e calça, em seguida deitando ao seu lado, Sina agarrou meu tronco e deitou a cabeça em meu peito, fiz com que ela me encarasse apenas pra ter certeza que estava acordada, seus olhos verdes ganhavam mais vida aos poucos, até que ela não desviasse o olhar de mim em nenhum momento, fiquei perdido naquilo até perder noção do tempo.

— Por que fez isso, uh? Não precisa dessas coisas.

— Eu queria esquecer tudo, quem eu sou, da minha história, porque tudo dói, Noah... Um dia para de doer?

— Não, mas você vai ter que conviver com isso.

— Até com você?

— Quando a Sabina voltar, pode me dar as costas e ir embora, tenho certeza que vai ser melhor.

— Eu não quero te deixar, você sofre também e acho que não posso te deixar sozinho agora.

Sina tinha todos os motivos pra ser a pior garota, daquelas que quer machucar todos a sua volta pra diminuir a própria dor, mas ela apenas castigava a si mesma e ainda queria encontrar algo bom em pessoas como eu.

Não a mereço nem que tente, mas será que alguma coisa seria capaz de me separar dela agora?Ela ainda olhava nos meus olhos como se eu fosse algo realmente bom, então aos poucos suas pupilas dilataram, só que o efeito da droga parecia ter passado, então não fazia ideia do que isso poderia significar.

— Me desculpa, eu... não podia, Sabina vai se decepcionar, tudo deu errado.

— Ela não precisa saber, mas precisa me prometer que vai ficar longe disso.

— Noah...

— Promete, agora.

Ela sentou-se ficando de frente pra mim, respirou fundo e assentiu dizendo em bom som "Eu prometo", deslizei a mão pela suas pernas e a trouxe pra perto querendo poder olhar pra ela por mais tempo, sem as provocações ou alguma coisa que a machuque, só olhar pra ela.

— Não queria ter feito isso. — Confessou

— Mas você fez, certas coisas não adianta apenas se arrepender.

Quando saímos da banheira coloquei minhas roupas e a encontrei no meu quarto vestindo uma camiseta minha e se acomodando na cama, me aproximei deitando ao seu lado, sua mão tocou a minha e eu voltei meu olhar pra ela novamente.

— Toda vez que penso nele, é horrível.

— Não acabe com você por causa do Simon, tem pessoas que se preocupam com você de verdade.

— Quem?— Ela riu debochada

— Eu me importo.

O silêncio se manteve entre nós, ela se aproximou de mim e pude notá-la dormir, enquanto eu me arrependia das últimas palavras, elas eram reais, mas talvez dessem alguma esperança a Sina, ela está completamente exausta de se magoar, só que pra mim isso soa inevitável, em algum momento eu faria isso de novo, é meu fardo.

*

Quando acordei a garota se olhava no espelho, as pequenas picadas de agulha no braço, passei por ela indo até o banheiro e ao voltar, ela me esperava olhando para os pés parecendo envergonhada de me olhar nos olhos.

— Eu sei que está bravo.

— Bravo? Sina você poderia ter morrido! Tanta coisa poderia ter acontecido com você, porra!

Recebi o silêncio como resposta, ela se levantou e antes que saísse parei o braço na sua frente a impedindo.

— Não pode fugir disso, você está errada.

— Eu sei.

— Pra onde está indo?

— Não quero te causar problemas.

A garota ficou frente a frente pra mim, seus olhos transmitiam decisão, bem longe do vazio inconsequente da madrugada, só não esperava que palavras tão duras poderiam sair da sua boca.

— Isso aqui só está atrapalhando nós dois, sempre um parece machucar o outro de algum jeito e eu não é isso que eu quero...

— Eu não tenho culpa dessa confusão.

— Mas você causa ela sem notar, eu não sou uma boneca que se magoa, então depois está tudo bem, as coisas doem de verdade e eu estou cansada disso.

— Como assim?

— Eu acho que preciso ir embora desse apartamento, quero de verdade ajudar você, mas não posso fazer isso acabando comigo.

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𝐭𝐡𝐞 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐢𝐭 𝐰𝐚𝐧𝐭𝐬 |𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora