16. Qual a suspeita?

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- O que ela tem, doutor? 

- Me deixa te explicar com calma. Jordana teve uma gravidez ectópica. É uma gravidez anormal que ocorre fora do útero. Ela teve a complicação mais grave deste caso, que levou ao desmaio, sangramento e o aborto. Eu não sei ainda se ela vai poder engravidar novamente. 

- Como assim? Minha irmã disse... 

- Se acalme. - O médico me interrompeu. 

Eu não queria que Jordana não pudesse mais ter filhos, entrei em desespero. Isso seria um choque enorme pra ela, pra nós. 

- Um terço das mulheres que teve uma gravidez ectópica é capaz de engravidar posteriormente. Uma nova gravidez ectópica pode ocorrer em um terço das mulheres. Algumas mulheres não engravidam novamente. Eu ainda não sei te dizer exatamente em que grupo ela se encaixa. Tenha paciência! 

- Tudo bem. Como ela está? 

- Estamos tratando, ela vai ficar bem. Mas tem mais uma coisa.

- O que? - Perguntei assustado. 

- Estamos suspeitando que ela tem mais uma doença que pode ter colaborado com isso. Mas é só uma suspeita, já fizemos o exame, ele deve sair na próxima madrugada. 

- O que? 

- Luan, tenha consciência que é só uma suspeita. Precisamos pensar em tudo. 

- Qual a suspeita? 

- Achamos que ela está com câncer. 

- COMO? Isso é uma loucura... Jordana estava bem até quatro dias trás!

O pânico daquela palavra me fez se alterar. Fiquei nervoso e acabei sendo obrigado a tomar um calmante. Fiz de tudo pra colocar na minha cabeça que aquilo era somente uma suspeita. Jordana ia ficar bem, eu tinha fé. Por volta do meio dia meus pais chegaram no hospital, eles já sabiam da nova suspeita e a primeira coisa que eu fiz foi abraçar eles e chorei no colo da minha mãe. 

- Lu? - Ela acariciou meus cabelos. 

- Oi.

- Se calme, alguém tem que falar com a imprensa. 

- Deixa eles lá, mãe. 

- Filho, tem repórteres lá fora, estão sabendo. Liguei pros pais dela, ele só conseguiram voo pra daqui dois dias. E você tem show hoje. Tem que parar de chorar e ser forte. Se o pior for provado, ela vai precisar de alguém forte ao lado dela.

- Eu sei, eu sei. 

Minha mãe enxugou minhas lágrimas e o Doutor Manuel apareceu. Eu poderia entrar pra ver Jordana, mas ficou combinado que não contaria dos exames recentes. Acompanhei ele e entrei no quarto. Ela estava deitada, abatida. Me aproximei rápido quando ouvi a porta se fechar atrás de mim. 

- Meu amor. - Beijei-lhe a testa. 

- Luan... 

- Como está se sentindo?

- Melhorando. - Ela sorriu fraco. - O que houve comigo? - Peguei a sua mão e depositei um beijo doce. 

- Amor, fica quietinha, fica. Vou ficar aqui. 

Não consegui esconder minha tristeza e comecei a chorar, o mínimo que conseguia pra ela não perceber. Me apoiei na cama, devagar, fiquei fazendo carinho nela. Mas ela percebeu e acabou levando a mão ao meu rosto, secando minhas lágrimas. Não escondi mais, deixei elas caírem, fechando os olhos com seu toque. 

- O que está acontecendo? 

- Nada, amor.

- Não me esconda, Lu. Tem algo que você não quer falar. 

As lembranças vão na mala (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora