21. Confuso

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Narrado por Luan.

Jordana me acompanhava no show de hoje a noite, em São Paulo. Nossa relação estava meio estranha, e por isso acabei chamando ela pra ir comigo quando vi que ela estava mal com tudo. Eu amava ela demais, mas estava confuso. Não era culpa dela, mas desde minha conversa com a equipe, o clima ficou estranho entre todos, eu me sentia sozinho e por isso me perguntava se realmente isso tudo valia a pena. Idiota e imaturo, eu sei. A verdade era que meu trabalho estava pesando, e eu não me sentia bem com isso. Comecei a ver como empecilho tudo que antes via como somente um obstáculo na nossa relação. A distância, meu ciúmes, não poder estar sempre ao lado dela, a correria, e o fato de ter que conviver com a idéia de que tínhamos perdido uma criança e com o medo dela querer ser mãe novamente. Eu não sabia o que estava me afastando dela, mas eu sentia que não era falta de amor, eu só estava confuso com todos aqueles sentimentos em mim e tentava organizá-los, precisava de um tempo meu, desde que ela apareceu, fui fazendo as coisas e nem parei pra pensar sobre o efeito de tudo, sobre o que pensava das coisas, fui fazendo. Fiz questão de tratar ela bem, depois de tanto tempo sem prestar atenção no que ela sentia, eu vi que ela me queria perto, precisava de mim. Mas eu também precisava de mim. A equipe, como se era de se esperar, tratou Jordana muito bem. Durante o show, Jordana ficou um pouco irritada comigo. Entrou uma mulher bonita no camarim, e quando ela saiu, eu e Rober fomos comentar, e por capricho do destino ou da minha má sorte mesmo, Jordana entrou e escutou. 

- Gostosa. - Roberval disse. 

- Muito, cara, muito! 

- Eu pegava. 

Comecei a rir. 

- Perguntou se ela vai te querer, testa? - Rimos. - Mas eu também pegava fácil, cara.

Quando escutamos a porta do camarim bater, Rober me olhou estranho e foi até a porta, voltou dizendo: 

- Era a Jordana, cara, ela ouviu. Certeza! 

- Por que isso só acontece comigo? - Passei a mão no cabelo rindo. - Me ferrei. 

- É, se ferrou. Ela é brava, cara. 

- Jordana? Brava? Apelido. - Ri. 

- Não vai atrás dela? - Ele mexia na maquina fotográfica. 

- Eu? Não sou louco. Ela deve estar me xingando, espera se acalmar. 

Depois, atendi a imprensa e entrei no palco. Não cheguei a ver Jordana antes, mas na hora do show ela estava lá ao lado. Em alguns momentos, em que olhava pra ela enquanto cantava, ela estava chorando. Na troca de roupa, vi ela somente quando estava entrando no palco, correndo, ao passar por ela, lhe dei um beijo e voltei ao palco. Quando fomos sair do show, que era numa casa noturna de São Paulo, estávamos na mesma van da banda. Jordana estava conversando com Marla e Day, e sentou ao lado delas, mas eu chamei ela pra sentar ao meu lado, e ela veio. Passei meu braço por cima do ombro dela, no banco que estávamos não tinha ninguém. 

- Por que você estava chorando? 

- Nada. - Ela não me olhava. 

- Nada? Se é pelo que você ouv...

- Luan, esquece isso, tá bom? 

Ela ficou evitando me olhar e depois começou a querer chorar. 

- Jor... 

- Me deixa. - Ele limpou uma lágrima que caiu. 

- Não faz assim. 

Jordana começou a chorar mais e me abraçou de lado, escondendo seu rosto no meu pescoço.

As lembranças vão na mala (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora