38. Você ajudou a salvar vidas

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Era quase noite quando acordei assustado. Abraçava Jor pela cintura. Olhei o relógio, faltava duas horas pra decolarmos. Jordana dormia um sono profundo. Levantei, me troquei e arrumei nossas coisas. Saí do quarto, seus pais assistiam TV. 

- Luan, que bom que acordou. Ficamos preocupados com a hora do voo! - A mãe dela me disse. 

- Vamos pegar em uma hora e meia, Dona Lucia. 

- Cade a Jor? - Seu Jorge perguntou. 

- Ainda está dormindo. Vou acordar ela agora. Ela vai dormir a viagem inteira mesmo. - Ri. 

- Ela fica muito cansada mesmo, Luan? - Ele me perguntou. 

- Fica, demais. Precisamos achar um transplante logo. Acaba comigo ver ela esgotada dessa forma. 

Conversamos mais um pouco e depois chamei ela. Rapidamente ela se trocou. Eles fizeram questão de nos levar pro aeroporto, e lá nos despedimos deles. 


Havia se passado dois meses. Jordana estava melhor, estava começando a responder bem os remédios. Ela estava menos cansada, mais alegre, mas não descartamos o transplante. Estávamos atrás de um doador. Estávamos em Londrina com o Pedro em casa. Eu e Jor estávamos cada vez mais próximos. Agora, todos viam que estávamos juntos de novo. Mas não era tão juntos. Como eu tinha me prometido, só voltaria com ela oficialmente quando ela se curasse. Era início de ano, Pedro tinha acabado de entrar na escolinha, que eu mesmo, junto com Jor, escolhemos pra ele. Eu estava de férias, tinha deixado pra tirar quando Pedro entrasse em aula. Ele estava dando problemas pra querer ir pra escola. Então, eu ia com a Jor levá-lo. Ele tinha que ler uma história, e contar pra turma, então eu e Jor fomos numa livraria procurar uma história infantil assim que deixamos ele na escola. Voltamos pra casa e tudo estava perfeitamente bem, até Jordana começar a tossir. 

- O que foi? - Botei a mão nela, que estava deitada no sofá com os pés no meu colo. 

- Eu não tô muito bem hoje. 

- O que você tá sentindo? 

- Tosse. Não deve ser nada demais.

Ela levantou dizendo que ia deitar e dormiu. Fiquei assistindo TV com a minha mãe e depois ajudei ela com o almoço. Subi pra ver Jordana, ela dormia, então fui buscar Pedro sozinho. Ele chegou agitado, ficou pulando e brincando. Quando a comida ficou pronta, subi chamar Jor pra comer, mas quando entrei no corredor que dava ao quarto, consegui ouvir suas tosses. Ela tossia bastante, e aquilo não era nada bom. Abri a porta rápido, ela ainda dormia, e percebi que sua respiração estava cansada. Me aproximei, e quando coloquei a mão sobre ela, Jordana estava quente. Fiquei preocupado, e resolvi levá-la pra São Paulo. O médico dela conhecia seu problema, saberia o que fazer. Desci e meu pai estava chegando. 

- Cadê a Jor? Chama ela pra comer. - Minha mãe falou.

- Eu vou levar ela pra São Paulo. 

- Por que? - Meu pai me olhou. 

- Ela não tá bem. Tá tossindo muito, respiração cansada, e está com febre.

- Febre?

- Ela não tá bem. - Peguei meu celular e liguei pro piloto.

As lembranças vão na mala (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora