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Como acontecia semanalmente, as corujas entraram no Salão Principal no momento em que os alunos foram gradativamente finalizando o café da manhã. O teto do Salão Principal estava serenamente azul e marcado com fracas e finas nuvens, como nos quadrados de céu visíveis pelas altas janelas. Hermione ainda estava sonolenta, era desgastante por algumas semanas se acostumar com o dormitório, ela infelizmente havia ficado com algumas garotas que gostavam de ficar conversando bobagens até tarde da noite.

Em geral, ela havia feito poucas amizades em Hogwarts, e honestamente achava que Harry e Rony eram suficientes, eles eram ótimos amigos. Desde sempre ela havia sido rejeitada na escola de trouxas, e quando recebeu a carta de Hogwarts, acreditou que tudo poderia mudar, mas continuou o mesmo, ou até pior.

O bullying não era apenas devido o seu jeito de ser, mas principalmente por ser algo imutável: ela era filha de trouxas. Hermione era considerada "sangue ruim", por não vir de família bruxa, nenhum de seus pais sabia da existência do mundo mágico.

Seus amigos tinham problemas demais nas costas, e ouvi-la falar que estava triste por Draco estar constantemente pegando no seu pé, junto de outras pessoas da Sonserina era desgastante. Além disso, o incidente que ocorreu no Ministério no último semestre ainda estava muito vívido em seus pensamentos.

Ela não seria o foco principal, sabia disso, sabia que Harry deveria estar perturbado com isso tudo, então suas angustias não eram motivo para reclamação.

Perdida em seus pensamentos, ela atravessou o olhar desfocado pelo Salão, concentrando seu olhar em uma cabeleira grande, tal qual a sua, só que de uma cor negra. Ela conhecia a dona das madeixas escuras. Os olhos verdes se encontraram com os seus, e um sorriso sedutor surgiu nos lábios da sextanista da Sonserina.

Hermione sentiu seu sangue gelar. Aquilo só poderia ser uma brincadeira. Alguém da Sonserina sorrindo para ela?

Uma coruja grande, quase como uma águia, deu um rasante próximo de Hermione, tirando sua atenção da mesa ao lado, e um pergaminho caiu em seu colo. Era pesado e com um laço único, ela sabia exatamente de quem era.

-O que foi, Mione? – Rony perguntou enquanto mastigava suas torradas.

Foi só quando o amigo falou que ela percebeu que estava fazendo uma careta. A carta indesejada havia interrompido seu olhar com a garota.

Ela olhou de volta para a mesa da outra Casa, mas encontrou um lugar vazio.

-Nada... – Respondeu em um muxoxo.

Ela desenrolou o pergaminho e viu pela caligrafia garranchosa que era exatamente quem ela estava imaginando.

Querida Hermione,

Soube que aí na Inglaterra tudo está muito difícil. Meu professor Karkaroff, aquele que foi com minha escola até Hogwarts há dois anos, foi encontrado morto há alguns dias, ele realmente estava associado com Você-Sabe-Quem.

Espero que você esteja bem, me dê noticias, sei que seu melhor amigo é Harry Potter, ele está diretamente relacionado a isso. Me preocupo sobre como você está nessa situação.

Penso em ir até Londres no natal para que possamos nos ver. Me dê uma resposta rápida para que eu possa me programar.

Sinto a sua falta, todos os dias lembro dos poucos meses que fiquei na mesma escola que você.

Com carinho,

Vítor Krum.

Hermione enrolou o pergaminho de qualquer jeito com os dedos trêmulos. Ela cobriu o rosto com as duas mãos, sentindo sua cabeça latejar.

black out days (hermione!¡lésbica)Onde histórias criam vida. Descubra agora