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Um belo casarão se destacou nas trevas, no final do caminho reto, as luzes faiscando nas janelas em formato de losango do andar térreo. Lúcio sorriu ao ver que estava em casa, e Axel retribuiu quando viu a reação do amigo.

O hall de entrada era grande, mal iluminado e delicadamente decorado, e um magnífico tapete cobria quase todo o piso de pedra. Os olhos dos rostos pálidos nos retratos das paredes acompanharam Lúcio e Axel assim que eles passaram.

Os dois entraram na longa sala de estar, onde residia Narcisa, Draco e Bellatrix. A iluminação provinha das chamas vivas de uma bela lareira, e todas as pessoas sentadas no sofá verde olharam para Lúcio, radiantes, exceto um jovem pálido que estava com uma expressão dolorosa. Parecia incapaz de se conter e passava as unhas na calça de linho preta a todo instante.

-Oh, meu amor! – Narcisa exclamou, levantando-se do sofá e indo até o homem.

O homem recebeu a mulher a contragosto. Era um dos diversos casos extremamente comuns onde a misoginia prevalecia, onde ele só via a mulher como um lugar para satisfazer seus prazeres. E era isso que Draco mais odiava. Lúcio preferia idolatrar um movimento repleto de homens que diziam lutar por uma causa, mas na verdade só queriam provar sua virilidade através de assassinatos a pessoas inocentes. A definição de covardia.

Ele odiava o seu pai. Ele odiava tudo que ele havia feito em nome de Voldemort, ele abriu mão de uma existência tranquila. Ele fez Draco ser a pessoa mais imbecil do mundo. E foi necessário Olivia sufoca-lo algumas vezes para ele entender que toda sua vida havia sido condicionada para odiar um grupo de pessoas que ele nem conhecia, pessoas que tinham vidas, pessoas que eram o amor da vida de alguém.

Esse era a pior coisas de ser criado por pessoas odiosas e preconceituosas: você também iria crescer sendo um odioso e preconceituoso. Draco havia crescido ouvindo constantes ameaças do seu pai para sua mãe, e isso o fez achar por muitos anos que ele era um ser superior à mulheres, que ele poderia gritá-las e maltratá-las o tanto que fosse. Até que ele começou a viver o mundo real, e a perceber que mulheres faziam parte dele, e isso o fez tomar conta de que sua mãe poderia sair daquele limbo.

E essa ideia tomou de conta mais ainda quando ele começou a conviver mais com Olivia, pois ele passara a vida sendo avisado para não se aproximar da garota, quase como se ela tivesse uma doença altamente contagiosa. Mas ao chegarem em Hogwarts, ele pode ver que ela era apenas uma adolescente comum, uma adolescente igual todas as outras.

Draco havia visto todas as garotas se derretendo por Olivia, muitas até mesmo pediam a ele formas de se aproximar da garota, e por um tempo, ele sentiu nojo daquilo, nojo por ser errado. Olivia tinha a linhagem dos Black, ela não poderia abrir mão da sua perpetuação para ficar com uma mulher. E isso surpreendentemente abriu outro limbo na mente do garoto.

E se ele se sentisse o mesmo? E se ele também não fosse perpetuar a linhagem dos Black e dos Malfoy?

Seus pensamentos naquele momento estavam na prima. Ele torcia com todas as suas forças para que ela estivesse segura e longe dos olhares, ele torcia para que ela tivesse se cuidando.

Ele saiu do transe das suas próprias reflexões quando ouviu a voz do pai:

-Não vem falar com seu pai, Draco?

Ele levantou-se, concentrando-se ao máximo para que suas pernas não falhassem, e andou em silêncio até Lúcio.

Narcisa olhava a interação com expectativa.

A mulher se mantinha naquela relação devido o medo, pois os pequenos roubos a Gringotes feitos por Draco já haviam mantido uma boa fortuna para os dois terem uma vida tranquila longe dali, mas até no mundo bruxo, o patriarcado estava enraizado, e ela tinha receio do que poderia acontecer. Os roubos começaram como um depósito para não precisar dos pais em um futuro, mas logo depois, se tornou um fundo financeiro para uma possível urgência, que parecia estar extremamente perto.

black out days (hermione!¡lésbica)Onde histórias criam vida. Descubra agora