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A mulher saiu do seu apartamento que dividia com seu melhor amigo em Londres, a caminho da sua aula. Ela era de Rye, interior do país, e estava ali para melhores oportunidades de vida. As mulheres poderem frequentar as universidades era uma conquista recente, e ela estava muito feliz por poder cursar Literatura Inglesa na Universidade Middlesex, que ficava no centro da cidade.

William, seu colega de quarto, era um barista em um café no centro, e estava saindo ao mesmo tempo para ir trabalhar. Eles eram amigos desde o jardim de infância, e pela primeira vez na vida, ela encontrou alguém que tinha o mesmo sonho que o seu: sair de Rye e buscar experiências em novos lugares. A ideia dos dois se consolidou no final do ensino médio, e após alguns turnos em diversos bares locais, eles tinham dinheiro o suficiente para três meses na capital até arranjarem uma renda fixa.

-Evelyn nos chamou para ir ao Mayflower hoje a noite – Ele disse, enquanto colocava o cadeado no portão do prédio. Evelyn era a dona do estabelecimento onde ele trabalhava, sendo financiada pela família rica, eles haviam conseguido uma boa amizade após o homem começar a fazer o café lucrar.

-Você vai? – Ela perguntou casualmente, observando o movimento da rua. Diversos trabalhadores e estudantes que moravam naquele bairro estavam fazendo o mesmo que eles.

O homem sorriu abertamente.

-É claro, minha querida! E eu espero que você também vá!

Ela fez uma careta.

-Se voltarmos antes das duas da manhã, estou dentro.

-Combinado! – William exclamou, radiante.

Ela sorriu, feliz com a excitação do amigo.

Era óbvio que eles não voltariam para casa às duas da manhã, mas essa falsa promessa fazia ela se sentir menos culpada em sair de casa no meio da semana. A maior parte da culpa era devido o condicionamento que ela sofreu a vida inteira. A ida para Londres foi um choque para os seus pais, que relutaram bastante, com a justificativa de que mulher nenhuma deveria trabalhar ou estudar, principalmente seu pai, estrangeiro de uma comunidade tradicional nórdica, então era extremamente conservador, e tudo piorou quando souberam que William estaria junto.

Ele não era necessariamente a personificação de virilidade, e no meio dos anos 70, ele era conhecido como "bicha", mas ela não se importava, ele era seu melhor amigo e o seu fiel confidente.

Ela sabia que se sua irmã estivesse naquele momento ela iria apoiá-la. Sempre quando elas eram crianças, sua irmã parecia cuidar de tudo, sempre com muita atenção e estima por si mesma. Ela se lembra de uma vez quando estava na escola e alguns garotos começaram a enchê-la, e foi só sua irmã chegar, que eles ficaram magicamente com bolhas de pus por todo o rosto. A sua mente de criança achava aquilo totalmente possível, mas agora adulta, ela só achava que tinha sido um sonho muito engraçado.

Eles terminaram de fechar as trancas do prédio e desceram juntos pela calçada. Eles tinham o mesmo trajeto, mas a cafeteria onde William trabalhava ficava um pouco antes do campus.

-Eu tenho um bom pressentimento, minha cara! – Ele exclamou, sorrindo para o vento forte.

A cidade ainda estava acordando, mas como eles moravam no subúrbio, era necessário sair mais cedo de casa para alcançar o centro a tempo.

-Sobre o que, exatamente?

-Não sei – Ele disse, rindo. – Mas sinto que hoje teremos uma noite maravilhosa.

A caminhada que os dois tinham durante todos os dias pela manhã ajudou que eles consolidassem mais ainda sua amizade. Mesmo em silêncio, às vezes era o único contato que eles tinham em dias cheios.

black out days (hermione!¡lésbica)Onde histórias criam vida. Descubra agora