CAPÍTULO 3: MENOS DOIS

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6 de Janeiro de 2021 - 18:06

Após uma breve discussão sobre valores e coisas que eu não me importo as bebidas quase acabaram, foi então que Fred trouxe à tona o motivo de requisitarem nossos serviços, eu permaneci calado o tempo todo até Nalanda dizer:

- Ainda está aqui Victor? - Ela dá um último gole no seu chope - Parece não estar imerso o suficiente em seu trabalho.

- Não chegou na parte que me importa ainda - Sorrio e ela retribui - Quando eu for útil participarei.

- Seis - Diz Camila como se dissesse o nome do capeta - Se esse é o seu real interesse, vamos direto ao ponto então.

- Claro como o dia senhorita - Digo a frase clássica de meu avô que caiu como uma luva neste momento. Elevei um pouco minha voz e continuo tentando permanecer o mais sério possível - Vocês vieram nos passar os dados ou vão ajudar na nossa investigação?

- Iremos ajudar mas de maneira menos depreciativa - Fala Nalanda girando um palito entre os dedos.

Em estados piores eu nem entenderia o que depreciativo significava, mas agora eu estava me mantendo cem por cento ali naquele momento, era a oportunidade de ouro de tirar essa enorme pedra do meu sapato. Vejo Camila tirar uma maleta que estava no chão ao lado de seus pés, e logo após abri-la eu noto como ela se mexe numa leveza e continuidade impecáveis, como se estivesse dançando balé.

- Aqui está um resumo dos crimes que Seis cometeu - Há algumas coisas a mais na maleta, mas não consigo ver nada além de diversos papéis, ela puxa dois deles, um pouco maiores que uma folha A4 comum e abre-os na mesa. Vejo fotos pequenas impressas no primeiro papel, fotos do casal morto no cinema drive-in com vários números seis escritor por toda a lataria e bancos do carro, em seguida, na próxima folha, vejo a foto do meu avô no banco do meu carro, seguro o impulso de vomitar, ver isso ainda me abala, mas eu tento me manter estável - Há dois casos até o presente momento...

- Qual interesse de vocês neste caso? - Fred diz de maneira tão persuasiva que nem pareceu interromper Camila - Aurora é um poço de problemas: jovem teve a família assassinada, pai sequestra os próprio filhos trigêmeos, o que é um serial killer perto das demais desgraças dessa cidade?

- Não é do interesse de vocês nossas intenções com Seis - Diz Camila num tom levemente agressivo - Devemos capturá-lo e entregar ao...

Fred conseguiu o que queria, uma brecha, ele era idiota, não burro, havia deixado a guarda dela baixa e eu deveria completar, havíamos feito isso antes com outros clientes.

- Por que não matá-lo? - Eu a interrompi num tom semelhante ao de Fred - Ele parece ser bem perigoso para ser simplesmente capturado.

- Por que precisamos dele vivo - Diz ela numa postura inclinada pra frente quase falando alto - Vocês não serão pagos para conversar...

- Shiu - Nalanda fala colocando o dedo indicador na frente dos lábios da parceira - Você está dando o que eles querem nesse jogo, minha querida.

De início achei que Nalanda fosse a subordinada inexperiente e Camila a chefe, mas nesse instante os papéis se inverteram e percebi que Nalanda pode ser muito mais esperta do que aparenta.

- A gente não precisa fazer joguinhos - Diz ela dando um tapinha nas costas de Camila - Seis possui informações necessárias à nossa organização, apenas isso.

Eu olho disfarçadamente para Fred e ele ao mesmo tempo olha pra mim, quase posso ouvir seus pensamentos dizendo: vagabunda mentirosa.

- Tudo bem, eu não quis te irritar - Diz Fred enquanto coloca as duas mãos em frente ao peito num sinal apaziguador - Perdão Camila.

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