CAPÍTULO 7: ALCUNHA

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7 de Janeiro de 2021 - 20:40

Nesse momento eu não queria saber mais de porra nenhuma, eu só desci em direção ao interfone pra abrir o portão e ir atrás desse filho da puta. Pego a chave do carro com as mão trêmulas e a coloco na porta do carro com dificuldade. Assim que me sento e fecho a porta começo a me concentrar pra não fazer a merda feder mais ainda.

Ligo para a polícia, me identifico, digo tudo que aconteceu e informo que o assassino está na rua Clementina no prédio onde há um enorme "6" feito com luzes, assim eu desligo a ligação e começo a dirigir.

De novo.

De novo essa merda tinha acontecido.

O que vai ser da família de Jorge?

Como a mãe irá criar aquelas meninas sozinha?

Jorge tinha reconquistado o que havia perdido e agora está morto, isso não é justo, nem um pouco justo, o desgraçado que fez isso vai pagar.

Enquanto eu dirijo faço ultrapassagem em vários carros, furei um sinal vermelho e após isso tenho os primeiros vislumbres do prédio em que Seis está. Vejo que a polícia já está na portaria do edifício, eu estaciono o carro um pouco a frente de maneira porca, desço e vou na direção dos policiais até ouvir um deles dizer:

- Fiquem afastados, a polícia está no controle da situação - O policial que diz isso é um homem negro, alto e musculoso, ele gesticula para as pessoas se afastarem - O edifício está sendo alvo de sequestradores, mantenham distância.

Analisei toda a situação em busca de uma brecha pra poder entrar mas não consegui, eu estava eufórico demais, puto demais, nem num estado normal eu pensaria em uma maneira de entrar nesse prédio.

Eu voltei a caminhar na direção do policial na tentativa irracional de argumentar e tentar entrar, mas não consegui chegar até lá, no meio do caminho enquanto eu andava algo aconteceu, algo que fez tudo ficar totalmente escuro, foi como se o mundo inteiro tivesse se apagado.

Aos poucos fui notando que eu havia trocado de lugar, o barulho dos carros e das pessoas falando estavam mais baixos, tudo havia sumido, não sentia mais o vento leve típico de lugar aberto; eu olho pras minhas mãos e consigo vê-las com dificuldade, confesso que nesse momento duvidei se ainda estava vivo.

Senti uma mão que me empurrou pelo peito num toque gentil, tentei segurá-la, mas não deu tempo, eu caí de costas, mas não no chão, caí sentado no que parecia ser uma cadeira.

Eu podia jurar que senti meu cérebro derreter. Que porra tá acontecendo?

Assim que consegui recuperar certa sanidade tentei me levantar, mas as luzes se acenderam, não eram luzes das lâmpadas e sim de um projetor que estava pendurado no teto um pouco a minha frente, ele estava todo mal montado, haviam também caixas de som ao lado do vídeo na parede, que no momento era apenas uma tela branca e clara.

Nesse momento eu olhei para os lados e vi janelas, cortinas e o que parecia ser um apartamento vazio, foi aí que me toquei, eu havia sido teleportado, assim como o corpo de meu avô, Seis havia me trazido aqui.

Alguém apareceu na imagem do projetor, veio caminhando da direita e ficou parado me encarando. A pessoa usava uma máscara estranha com dois números seis formando os olhos, um seis em romano em cima do olho direito, uma espécie de "S" abaixo do olho esquerdo, dois símbolos menores um embaixo do olho direito e o outro acima do olho esquerdo, uma boca estática com um ponto embaixo, logo acima do queixo e um nariz em formato quase que triangular.

A parte de trás de sua cabeça era coberta por um tecido preto fazendo com que aparecesse apenas a máscara, assustadoramente parada e estática.

A raiva começou a subir por minhas veias, eu reparei nos diversos números seis escritos na máscara confirmando minha teoria sobre esse desgraçado, foi como Jorge disse, existem pessoas com habilidades e a maldita habilidade desse desgraçado é de alguma forma trazer pessoas de um lugar para o outro.

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