EPÍLOGO: CRIANÇA AMALDIÇOADA

20 2 0
                                    

Eu havia entrado pra polícia há poucos meses, esperava que fosse um emprego conturbado assim que prestei o concurso público, ainda mais na cidade de Aurora, mas eu não esperava que eu fosse lidar com uma denuncia de som de tiros dentro de um apartamento no centro, um dos lugares mais "seguros" de Aurora. O elevador estava sendo usado para evacuar os civis, minha arma estava em mãos enquanto eu subia rapidamente o longo jogo de escadas.

Ao chegar ao terceiro andar que estava vazio, diferente dos outros que passavam pessoas aqui e acolá, eu fui em direção ao quarto sessenta e seis até notar que esse número estava aqui, nos últimos tempos vi notícias de um maluco mascarado que se chamava Seis, será que tinha algo haver?

Eu não era medroso mas juro que senti um frio na barriga nesse momento, o ambiente silencioso contribui para que eu sinta ainda mais medo mas não me dou ao luxo de pensar, corro em passos largos para a porta do apartamento sessenta e seis e bato na porta.

Passa-se um tempo e nada, eu bato novamente e nenhum sinal de resposta.

Eu abro a porta devagar e o cheiro de sangue já preenche minhas narinas de forma impregnante. Eu vejo uma poça de sangue e um corpo de um homem caído na sala de estar a minha direita

Mantenho a arma firme na mão e sigo enquanto digo:

- Tem alguém aí?

Jurei escutar um choro de bebê vindo da cozinha à esquerda.

Sigo na direção do corpo na sala de estar antes de averiguar a criança que ouvi. Ao me aproximar vejo que é um homem asiático com um buraco de bala na têmpora que atravessou de um lado para o outro. Quando olho para dentro da cozinha ao lado de um balcão vejo que há o corpo de uma mulher negra com roupas longas, ela está em posição de parto, com as pernas abertas e um buraco de bala perfura seu rosto embaixo de sua bochecha.

O que aconteceu aqui?

Vejo as pernas de um homem cozinha adentro após o balcão, ao me aproximar ouço novamente o bebê mas o som para repentinamente quando eu piso na cozinha, logo vejo que há um homem negro, com uma arma na mão caído com a cabeça estourada por dentro, provavelmente um suicídio com a arma na boca. Ao lado dele mais perto da pia há uma poça de sangue pequena, como se o bebê que eu ouvi estivesse ali e escrito em cima da poça estava:

"Criança amaldiçoada".

Não havia criança alguma ali, mesmo que eu pudesse jurar que ouvi um bebê.

A Sexta PeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora