CAPÍTULO 8: VERDADE

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7 de Janeiro de 2021 - 21:30

Com certeza Nalanda era uma Evoluída, o evento anterior foi claro como o dia aos meus olhos. Após um tempo ela colocou o cara nocauteado no porta-malas do velho Opala e ligou pra polícia anonimamente dizendo que havia encontrado os responsáveis pelo assassinato do Subtenente Jorge; mais um crime inexplicável na cidade de Aurora.

Depois disso Nalanda fez outra ligação e marcou um encontro numa rua próxima com o dono de uma Captiva preta, assim que chegamos lá ela deixou o assassino restante com essa pessoa para "extrair informações".

Já havia se passado algum tempo e eu ainda estava em estado de choque, não falei nada depois que Nalanda fez aquilo, eu continuava dirigindo sem rumo e em alguns momentos via flashes de Jorge baleado em minha mente.

- Você se acostuma - Diz Nalanda enquanto limpa o sangue de suas mãos e roupas com um álcool em spray e um pequeno pano - Jorge era ignorante e infelizmente pagou...

- Cala a boca - Corto ela tentando me manter o mais firme possível.

- Você é bastante corajoso garoto - Diz ela terminando de se limpar e me encarando - Mesmo depois de ver o que eu posso fazer você continua tentando se manter imponente.

Seu olhar era assustadoramente intimidador neste momento, ela me olha tão fixamente que a vi de canto de olho, mesmo sentindo a pressão não baixei a guarda.

- Se você fosse me matar já teria feito isso antes - Minha voz se mantém firme, eu aproveito a confiança pra continuar falando - E como não duvidar que você está envolvida nos assassinatos?

Eu joguei esse argumento no instinto, não fazia sentido ela ser a assassina já que pagava a mim e Fred para capturá-lo, ela também havia matado o grupo de caras que assassinaram Jorge logo após eles se "teleportaram para o outro lado do quarteirão".

- Você está em estado de choque ainda, não vou levar suas palavras em consideração.

Sábia demais para uma jovem, Nalanda havia envelhecido ainda mais em meu conceito.

- Vamos pro seu apartamento - Ela para de me encarar e puxa o celular de dentro da pequena bolsa - Camila está nos esperando lá.

- Primeiro, pra que você quer ir pro meu apartamento? - Eu encho o pulmão pela primeira vez em horas numa respirada relaxante - E segundo, como você sabia onde eu estava?

- Lá você vai entender melhor as coisas que eu disser - Ela fala enquanto digita algo em seu celular - E respondendo a segunda pergunta, seu amigo mesmo disse, nós sabemos mais sobre vocês que vocês mesmos, e como o delinquente do Frederico está numa festa agora, pedi pra Camila vir e esclarecer melhor as coisas junto a mim.

Eu dirijo o duro volante do Opala com apenas a mão direita (um ato trabalhoso e que necessita de prática), e com a mão esquerda revisto meu corpo em busca de algum rastreador. Como eu usava as mesmas roupas de ontem só assim pra elas saberem onde eu e Fred estávamos, não encontro nada, mas logo após eu fazer isso algo apita num zunido fino e irritante.

- Vou facilitar seu trabalho - Ela fala enquanto ainda mexe em seu celular.

Após alguns segundos notei que o som vinha do meu celular, eu o pego, percebo que não é ele que está emitindo o barulho e sim algo nele. Eu retiro a capinha e vejo um pequeno dispositivo preto que lá estava escondido.

- A partir de agora eu não vou precisar te rastrear - Ela fala num tom de voz mais calmo agora - Você sabe o suficiente para sermos sócios.

Eu permaneço calado encarando a estrada com uma cara de puto (imagino eu) escondendo toda a minha angústia.

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