CAPÍTULO 22: ROKU

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6 de Agosto de 2021 - 19:04

Após o incidente no dia do meu aniversário de vinte e quatro anos eu fiz o que julgo como questionável. Eu odiava velórios, nos últimos tempos fui apenas no de vô Antônio, nem no de Jorge nem no de Fausto eu apareci, fiquei receoso com medo de alguém me dizer: "Olha lá aquele filho da puta é culpado por eles terem morrido". Mas no de Vinícius eu me senti na obrigação de ir, pois eu suspeitava que seria o último assassinato de Seis, até como o nome dele diz eram exatamente seis mortos: meu avô Antônio Vicent, o jovem casal Carlos Saldanha e Júlia Medeiros, o nazista Saulo Ford, meu antigo professor Fausto Silva e meu amigo Vinícius Leandrone.

Seis vidas tiradas por Seis, ou devia dizer seis vidas tiradas por mim? Indiretamente eu fui culpado por tudo isso e quem mais me consolava era Luiza dizendo repetidas vezes:

"Pare de se culpar, você não fez nada de errado".

Eu havia desistido de ir atrás dele sete meses atrás pois eu sabia lá no fundo que ele cometeria seis assassinatos, alguém com tamanha psicopatia tinha um certo tesão em ver seus símbolos sendo perfeitamente seguidos. Seja lá o que Seis fosse fazer eu sabia que pararia no sexto assassinato e foi por isso quando vi Vinícius com a garganta cortada sabia que ele era um sacrifício que eu mesmo havia feito por me abdicar totalmente de investigar o desgraçado. O velório de Vinícius foi a minha punição por ser egoísta e só eu sabia disso.

As aulas da faculdade voltaram no início desta semana e como hoje era sexta-feira dia seis, um arrepio fino sobe por minha coluna quando percebo isso, até eu pensar comigo mesmo:

Já foram seis, ele encerrou e não vai matar mais ninguém.

Eu iria hoje para o último dia de aulas na semana até que Fred me mandou uma mensagem pedindo pra eu ir até seu apartamento para conversarmos sobre Seis.

Desde a morte de Vinícius, que era bem mais amigo de Fred que meu, Fred se manteve mais distante e frio do que o normal. Eu achei estranho esse pedido vindo exatamente um mês após a morte de Vinícius, mas eu iria mesmo assim, não poderia negar o pedido do meu melhor amigo.

Eu estava agora na frente de seu prédio, que era bem mais sofisticado que o meu, uma construção no centro da cidade perto de diversos outros estabelecimentos, um local bem caro. Eu sabia que a família de Fred era bem rica, então ele ganhou esse apartamento e tinha apenas que se manter.

Enquanto ele não me respondia eu espero dentro do carro, mandei uma mensagem para Luiza dizendo que matei aula pra conversar com Fred e no momento em que faço isso ele instantaneamente me responde:

"Pode subir, já falei com o porteiro, você sabe o maldito número do meu quarto."

Eu não havia parado pra pensar nisso, faz muito tempo que não venho ao apartamento de Fred, mas agora me lembro que o número de seu quarto era sessenta e seis. Um frio na barriga me preenche, e se na realidade ele for Seis?

Não, não. Era Fred porra, meu melhor amigo, o cara que falou com Nalanda pra podermos ir atrás de Seis.

As provas não parecem cabíveis o suficiente, o que eu sabia sobre Seis?

Era da minha idade, tinha uma altura semelhante a minha, é fanático pelo número seis, tinha o poder de se teletransportar, foi criado por minha mãe quando era bebê.

É só uma coincidência.

Não faz sentido algum.

Penso comigo mesmo, enquanto desço do carro percebo que minhas mãos estão suadas, as coloco nos bolsos numa tentativa de seca-las.

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