CAPÍTULO 21: PINTURA

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6 de Junho de 2021 - 18:51

Hoje faz um ano da morte de vô Antônio, e exatos seis meses desde aquela maldita semana. Por incrível que pareça as coisas começaram a se encaminhar, mesmo que eu tivesse passado ainda mais por aquelas situações de déjà vu, pelo menos agora eu estava ciente que aquilo eram manifestações da minha habilidade, aprendi até a controlar um pouco e saber de coisas segundos antes delas de fato acontecerem. Eu estava me sentindo muito bem e havia largado os remédios, fiquei doente outra vez por abstinência mas Luiza me ajudou e eu melhorei bem rápido.

A melhor parte de todas é que eu e Luiza estávamos namorando há seis meses, a barriga dela estava grande o suficiente para ser notada agora e eu ficava cada vez mais ansioso para a vinda do nosso filho, esse que eu havia descoberto a alguns dias que era um menino, nós ainda não escolhemos um nome por ambos sermos indecisos e isso se refletia agora enquanto nos arrumávamos para ir a festa na casa de um amigo meu da faculdade.

Vinícius cursou direito junto comigo e Fred antes de eu trancar a faculdade, Fred como eu também havia saído do curso mas por definitivo, sendo que eu tinha voltado e havia acabado de cursar meu quarto semestre. Foi um semestre difícil, mas eu consegui por pouco passar em tudo, eu me sentia bem por isso mas ao ver Vinícius já formado e notando como eu poderia estar fez eu me senti um pouco pra baixo. Sentimento egoísta no mal sentido, logo afastei essa ideia e fiquei feliz que um amigo de longa data que eu não conversava a bastante tempo me convidou pra uma festa na casa dele.

- Victor! - Grita Luiza de dentro do meu quarto, onde ela troca de roupa - Você lembra onde eu deixei meu vestido azul?

- Tá na última porta da direita, pendurado num cabide - Grito de volta.

Eu já estava pronto a alguns minutos, por incrível que pareça eu estava sendo pontual nos últimos tempos, talvez as coisas que passei tivessem me mudado de leve.

Enquanto Luiza se arrumava eu apenas vesti uma roupa padrão: uma blusa social azul escura dobrada acima dos cotovelos, o relógio dourado Bruno havia me dado, uma calça marrom clara e um tênis azul escuro, da mesma cor da camisa.

Eu mexia no celular distraído até que Luiza apareceu. Ela usava um vestido azul claro na altura dos joelhos, segurava uma pequena bolsa preta pela alça e se apoiava na parede na tentativa de colocar um salto branco em um dos pés.

- Por que caralhos você vai usar salto alto quando se está grávida de quase nove meses mulher?

- É pra você se colocar no seu lugar e ficar um pouco mais baixo que eu - Ela sorri ironicamente - Vem aqui, me ajuda.

Eu me levanto e ela se segura em mim para criar apoio e finalmente calçar o salto.

- Pra que essa agressividade toda - Enquanto ela arruma sua postura e está distraída eu dou um beijo nela - Não precisa ficar assim.

- Hur dur, idiota - Ela finalmente se ajeita - Vamos, estamos atrasados.

- Agora você diz isso? Nós estamos atrasados faz dez minutos.

- Cala a boca, vamos.

Ela diz indo na frente e eu rio enquanto ela não vê, tipicamente a gente tentava se irritar o máximo que conseguia, as vezes dava em discussão, mas na maioria dos casos a gente acabava rindo um do outro. Eu passo na frente dela, desligo as luzes e abro a porta do apartamento para sairmos. Ela passa e enquanto eu me viro para trancar a porta ela me abraça por trás e diz:

- Te amo - Posso sentir o rosto dele encostado nas minhas costas.

Eu tranco a porta me viro e digo:

- Eu às vezes tenho dúvidas disso - Abro um sorriso enquanto a olho nos olhos - Mas eu te amo na maioria das vezes.

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