CAPÍTULO 23: REVELAÇÃO

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Seis estava atrás do balcão e eu só conseguia ver do seu tórax para cima. Ele estava claro como nunca, todas as luzes do apartamento estavam acesas e eu conseguia ver aquele manto totalmente preto com capuz e aquela maldita máscara, uma raiva começou a me subir e eu fui na direção do corpo de Fred com lágrimas nos olhos:

- Ei Fred - Me ajoelho ao lado dele e coloco ele de barriga pra cima, a poça de sangue começa a se espalhar e banhar meus joelhos que tocam o chão - Você tá bem? Por favor, levanta! - Eu sacudo ele pelos ombros, e vejo o buraco ao lado de sua cabeça.

- Sete, o número quase perfeito - Diz a voz robótica de Seis - Menos sete oferendas para a ascensão da sexta peça.

- Cala a porra da boca seu pedaço de merda! - Grito enquanto me levanto e vou na direção do balcão, e num saque rápido vejo que ele aponta a arma em minha direção - Você vai morrer aqui e agora.

- Minha vida finalmente tem valor - Ele abre os braços e fica de peito aberto, noto como seus ombros são pequenos e como ele parece magro - O poder está desperto eu posso sentir.

Eu sinto minha cabeça girar como se eu estivesse muito tonto e tudo retorna, eu volto a estar ajoelhado ao lado do corpo de Fred e Seis está prestes a repetir o que eu já ouvi, a habilidade estava desperta era isso que ele queria dizer.

- Como você sabe? - Eu ajoelhado encaro ele firme com lágrimas descendo pelos meus olhos - Como você tem ciência disso.

- Nós estamos conectados Roku - Diz a voz robótica de Seis tentando me irritar mais ainda - Eu sinto lá no fundo, como se eu estivesse incompleto, não minta pra mim dizendo que nunca sentiu o mesmo, como acha que eu te encontrei?

- Por que você matou todos eles? - Eu engasgo enquanto mais lágrimas escorrem dos meus olhos - Todo mundo que estava comigo, todos que eu me importava, por que você matou eles?

- Eu não menti na carta que enviei para seu avô, eu realmente posso trazer sua mãe de volta, nossa mãe de volta.

Ela havia criado um monstro, foda-se ela.

- Por qual razão você se importa com ela? Ela morreu quando você tinha três anos, nem teve tempo de criar qualquer vínculo com você.

- Eu fiquei em confinamento - Sua voz falha, aparenta pela primeira vez um traço humano - A única coisa que me restava foram os vídeos que ela gravou e deixou a mim ensinando a usar minha habilidade.

- Mas como você vai fazer isso? - Eu me levanto devagar com as mãos em frente ao peito - Por que você simplesmente não falou comigo ao invés de matar todos que eu me importo?

- A Onisciência é separada em duas peças, a primeira é reduzida aos limites do espaço tornando possível a existência do meu dom da gnose - Ele repete o que havia me dito quando me teleportou para aquele apartamento no meio da cidade de Aurora - Há algo que limita o espaço de estar em todos os lugares e esse limitador é o próprio tempo, essa é a segunda ou melhor, a sexta peça. Ambas são poderosas e incompletas assim como o número que representa o outro portador.

- O que essa merda quer dizer - Eu me mantenho parado agora com as mãos baixas, tento parar de chorar mas meus olhos ainda ardem - Fala direito.

- É curioso pensar que a maneira como ele te chamava faz sentido até com o que irei te explicar - Ele parece olhar para o corpo de Fred e aponta a arma em minha direção - Eu não consigo fazer com que você desperte a habilidade de maneira pacífica, o Condutor me fez passar por experimentos por toda a minha vida para que minha habilidade despertasse cedo, duvido que ele tenha te contado isso.

E contou para engano do desgraçado.

- E como você fará isso, que porra de papo é esse sobre a sexta peça? Você acabou de matar o meu melhor amigo e quer que eu passe meu poder pra você de maneira pacífica?

- Não preciso mais da sua contribuição - Ele então abre "novamente" o peito com os braços abertos - Mas se você quiser podemos ter o poder juntos.

- Mas nem fudendo - Eu avanço na direção dele numa corrida rápida, mas um tiro atinge meu braço e eu caio no chão, eu começo a agonizar de dor, até que tudo volta e eu ainda não tinha saído do lugar, eu havia mesmo despertado essa habilidade de merda, era a segunda chance que eu precisava - Como assim poder juntos?

- HAHAHAHA! - A risada se torna assustadora dentro da máscara e com a voz robótica - Você ainda não entendeu, não é mesmo? Fred coincidentemente te chamava de Roku, que significa seis em Japonês, até seu nome possui a sua função Victor Vicent - Eu olho fixamente nos olhos daquela maldita máscara - É irônico pensar como me chamam de Seis sendo que você é o Seis Victor Vicent. VI, VI - Ele pronuncia os algarismos romanos, as iniciais do meu nome e sobrenome - Você é o descendente do sexto filho de Anaya a Deusa do Espaço-Tempo, você é Seis, VOCÊ É A SEXTA PEÇA, que junto a mim, a primeira peça gerarão um indivíduo capaz de controlar o espaço e o tempo e assim com o poder completo eu vou poder voltar e salvar nossa mãe.

- Quem é você?

Um arrepio fino sobe por minhas costas ao mesmo tempo que uma gota de suor desce por ela, o misto de coisas começa a se formar em minha cabeça e a frase do desgraçado ressoa em minha mente:

"...que junto a mim, a primeira peça gerarão o indivíduo capaz de controlar o espaço e o tempo..."

"gerarão"

Seis então tira a capa e revela um cabelo amarrado, quando ele tira a máscara e anda para o lado do balcão vejo que não era ele e sim ela, o rosto de Luiza se revela por de trás da máscara, ao mesmo tempo que sua barriga fica à mostra.

A Sexta PeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora