"Quer ser minha amiga?"
A pergunta ecoava na sua mente ao pensar sobre a mudança repentina no comportamento de Hanako. Seja lá o que o motivou a buscar a sua amizade, aconteceu durante o encontro, mas seria estranho perguntar o que ocorreu em um encontro de uma pessoa que não é próxima de ti. Você questiona se esse seria mais um plano dele para se aproximar de você, ou talvez, seja realmente um ato singelo de um fantasma que não teve companhia há tempos. De fato, sua única certeza, é que Hanako é um garoto muito confuso a qualquer um que queira o decifrar.
Em meio a sua distração, você sente ele tocar seu ombro, te assustando com o seu aparecimento repentino. É como se ele sentisse quando você está pensando nele, pois ele sempre aparece nesses momentos, te deixando um pouco irritada.
Hanako - Como vai a limpeza, assistente? - ele diz com um pequeno sorriso de canto de boca, ainda contente em te chamar de "assistente".
S/N - Eu não sou sua assistente! - Você evita olhar para ele em repúdio. - Você sabe que só estou aqui para saber sobre os assassinatos.
Hanako - Oh... Achei que já fossemos amigos.
S/N - Nós somos! Mas, já estou aqui há uma semana, e você ainda não me contou nada.
Hanako - Ah, já faz uma semana? - Ele parece pensar no quanto a concepção de tempo dele está desaguçada. - Ainda hoje eu contarei sobre o primeiro assassinato. Me encontre aqui, hoje a noite.
S/N - Tem que ser a noite? - A ideia de vir a escola durante a noite para falar sobre um assassinato com um fantasma é um pouco... tenebrosa.
Hanako - Yep. Hoje a noite.
S/N - Okay... Eu posso perguntar algo?
Hanako - Você é cheia de perguntas. Guarde qualquer questão sobre os assassinatos para mais tarde.
S/N - Não é sobre isso! - Hanako, que já estava voltando para a cabine do banheiro, para e olha para você. - É sobre você, Hanako-Kun...
Hanako - Então... Quer saber sobre mim? - Você afirma com a cabeça. - E o que é?
S/N - Você... Já teve amigos?
O fantasma simplesmente abaixa seu chapéu, voltando a olhar para a cabine onde habita e respondendo em um tom de voz mais sério.
Hanako - Suas perguntas têm a mesmas respostas, Kitty. - Ele abre a cabine, terminando de falar enquanto entra. - Responderei isso hoje a noite, bem como a sua primeira questão.
O enigmático Hanako não deixou pistas sobre sua resposta, te deixando mais confusa do que antes. Isso te deixava ainda mais ansiosa, parecia que ele fazia isso propositalmente, tentando manter sua cabeça ocupada pensando nele. Buscando ajuda para se acalmar, você conta isso ao Kou, que tenta te ajudar e oferece ajuda para te acompanhar durante a noite. Você recusa a ajuda, não querendo ocupar o tempo dele.
Após o fim das aulas, você avisa seus pais de que ficará até tarde na escola para "atividades extracurriculares", o que não fazia eles suspeitarem de nada já que você costumava fazer o mesmo na sua antiga escola. Esperando o sol baixar no pátio da escola, você não percebe que ao seu lado, já há algum tempo, estava Hanako-Kun, observando o céu desbotar com o pôr do sol no horizonte.
Hanako - Lindo, não é? - Você olha para o lado, se assustando ao ver ele ali. - Eu vejo isso todos os dias, desde minha morte, e não me canso.
Você ainda não tinha parado para pensar no quão é estranho conversar com alguém que já morreu, e no como deve ser chato passar todos os dias preso dentro de uma escola, com o mesmo pôr do sol, a mesma vista, o mesmo roteiro, e sozinho. Você finalmente olha para ele com outros olhos, não como um fantasma ou mistério, mas como uma pessoa, que já viveu e sofreu, e ainda fica sozinho em sua pós-vida.
Hanako - Eu também via muito essa vista quando era vivo. Sempre com a mesma pessoa ao meu lado.
Dá para ver, no olhar distante dele, que seus pensamentos voltaram há muitos anos atrás. O olhar de quem sabe que já foi vivo e que sabe que não terá isso de volta. Você fica um pouco receosa em perguntar, porém, cria coragem ao ver que ele estava a espera de sua fala.
S/N - E quem era?
Hanako - Shijima Mei. - Ele para de olhar para o céu, olhando em seus olhos e escondendo sua tristeza em um sorriso. - Minha amiga em vida, e primeira vítima no Colégio Kamome.
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A garota estava em seu quarto, pintando mais um de seus belos quadros. Ela estava preparando uma surpresa ao seu amigo, com quem gostava de aproveitar a vista do pôr do sol na saída da escola. O quadro que estava pintando representava exatamente isso, a paisagem da escola em mais um dos seus entardeceres, visto por uma jovem e promissora artista. Ela olha seu relógio de parede, que marca 18 horas, já está quase na hora de encontrar seu amigo em mais uma conversa que teriam enquanto esperavam a lua chegar. Embora ela fosse com alegria, sua morte se aproximava, e ela nem terminaria de pintar o seu último quadro.
~~ FIM ~~
Ele vai finalmente te contar sobre o primeiro assassinato de Yugi Amane, a amiga de Hanako-Kun quando ele estava vivo. Shijima Mei, pintora e estudante do Colégio Kamome, atual mistério número 1, talvez visite você no próximo episódio.
Obrigado por ler até aqui! Espero que tenha gostado do episódio, até o próximo capítulo.
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Não há amor em Kamome. (S/N x Hanako-Kun)
FanfictionNão há amor no colégio Kamome. Desde os assassinatos ocorridos na escola há décadas atrás, o clima por todo o colégio é sombrio e detalhado em tons de cinza. É assim que você chega nela, porém, você está determinada a mudar isso. Apenas uma pessoa p...