Estrelas. | Cap 11

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A sensação de queda livre é algo quase indescritível, seu corpo parece perder todo o peso e você sente um calafrio por toda a sua espinha, sem falar da sensação inevitável, quase que a certeza, de que nada pode te salvar. Você já sentiu seu corpo em queda livre outra vez, quando sonhou que estava caindo e acordou assustada, mas realmente, agora é bem pior, e você torce para ser um sonho. Depois de alguns segundos, que pareceram horas de tortura, você para de sentir o vento, e decide abrir os olhos.

S/N - Eu... morri?...

Quando você abre os olhos, vê estrelas, planetas, e um grande e vasto escuro, mas que ao mesmo tempo, não é nada. Você não consegue respirar, mas parece que você não precisa mais respirar ali, você não sente mais o cansaço que sentiu em procurar por todo o colégio, e subir correndo a escada até o telhado do local, nem sente mais a vergonha que sentiu conversando por alguns segundos com o Hanako e nem o medo quando ele tocou seu ombro, e te empurrou dali. Apenas o que resta agora é a curiosidade, você quer saber mais sobre o fantasma que conheceu, mesmo que no momento, também esteja confusa sobre por que ele tenha feito o que fez com você. Observando mais em volta de si, você nota a semelhança com o espaço, talvez, esse seja o céu que tanto lhe falaram? Após a morte, o espaço é nosso destino? Você fecha suas mãos juntas, colocando elas sobre seu peito, fechando os olhos e torcendo para aquilo não ser real. Porém, você sente alguém tocar a sua mão, segurá-las e começar a flutuar com você. Aquele era o Hanako, mas totalmente diferente, ao invés das suas vestes comuns, ele usava uma camisa branca simples, com uma calça preta; seus braços estavam cobertos de ataduras, como se ele tivesse se machucado, ou alguém tivesse machucado ele, além de um curativo na bochecha esquerda. Mas o que mais chama a sua atenção é como ele fica diferente sem seu chapéu. Você fica bem mais calma ao ver ele, mas ainda assim, não entende o que aconteceu.

S/N - E-eu morri, Hanako-Kun?...

Hanako - Claro que não! Como eu estaria falando com você agora? Fantasmas não existem! - Ele ri com o que ele mesmo disse, mas você ainda não entende.

S/N - Por que fez aquilo? O que aconteceu?

Hanako - Relaxa, Kitty. Esse é meu território, é como meu... lugarzinho especial. Você está segura aqui, poderemos conversar, e passar um tempo juntos!

S/N - Poderia ter me contado antes de me jogar de um prédio! - Você o empurra, com um pouco de raiva.

Hanako - Ei! Achei que você confiasse em mim.

S/N - Eu confio! Mas, me deixou assustada, seu bobo...

Hanako - Ah, me desculpe... - Ele "deita" flutuando, ele parece acostumado a se mover sem gravidade. Você vai girando um pouco, tentando se manter parada.

S/N - Como você consegue controlar isso?

Hanako - Você consegue com o tempo. - Ele segura você novamente, cruzando seu braço com o dele, fazendo vocês dois ficarem quase colados. Você fica um pouco envergonhada, mas antes que pudesse pensar qualquer coisa, ele continua falando. - As estrelas são ainda mais bonitas do espaço, não é?

S/N - Uhum... - Você fala, afirmando com a cabeça.

Hanako - Eu sempre quis ir ao espaço, ir a lua... Eu já tive um pedaço da lua, sabia?

S/N - De verdade?

Hanako - Sim! Era uma pedra lunar, eu a deixei com o meu antigo professor.

S/N - E como a conseguiu?

Hanako - Ela veio numa noite, quando eu tinha mais ou menos quatro anos. Caiu do céu, bem na minha frente. - Ele ri. - Sinto como se eu já tivesse contado essa história...

S/N - Mas... A lua fica muito longe, não é? Como essa pedra...

Hanako - Não é incrível? Por causa dela, eu sentia que poderia ir a qualquer lugar, afinal, até mesmo uma pedra pôde ir tão longe. - Ele parece ficar um pouco triste, bem diferente do Hanako alegre que você acostumou a ver.

S/N - Você... sofreu muito em vida?..

Hanako - Não importa, S/N. Eu sou feliz com a vida que tive.

S/N - E você... Você era um dos alunos no colégio durante os assassinatos, não é? O Amane te matou? - Ele te olha, como se encarasse algo muito difícil de se lidar.

Hanako - Eu era um dos alunos, Kitty. Mas não foi ele quem me matou. - Você fica surpresa. Havia outro assassino? Ou na verdade, Amane nunca foi o culpado?

S/N - Então... Quem foi?...

Hanako - Esse é meu "segredinho". - Ele solta seu braço, invocando seu Hakujoudai, que passa em volta dele, revelando o antigo uniforme que ele costuma vestir. O chapéu do Hanako aparece na mão dele, que o coloca, e no mesmo instante que o coloca, vocês voltam ao telhado da escola, e tudo está normal. - Algum dia, você vai saber tudo.

Hanako some, e você percebe que já está tarde, as estrelas brilham no céu. Você passa algum tempo pensando nele, em como aquele tempo com ele foi bom, e ao ver uma estrela cadente no céu, você faz um desejo.

Não há amor em Kamome. (S/N x Hanako-Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora