Fumaça. | Cap 18

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S/N - Tsuchigomori-Sensei?

Tsu - Ah, você já chegou? - Ele fecha o livro que estava lendo. - Como foi com os outros mistérios, S/N?

S/N - Como assim outros mistérios? Você é..

Tsu - O mistério número 5. - Ele se levanta, outros braços dele aparecem, idênticas a patas de aranha. Você recua, com medo. - O guardião da biblioteca das 16 horas.

S/N - V-você é um dos mistérios??!

Tsu - Infelizmente fui condenado a ser um mistério escolar, e nas horas vagas, professor de ciências. O pior de tudo é que eu só recebo um salário, pff. - Ele mesmo ri de sua piada, enquanto você ainda em choque, nem sabe como reagir. Ao perceber que você ainda está espantada por essa revelação, ele volta a sua expressão séria.

S/N - Por que não me contou nada antes??

Tsu - Eu estava esperando o momento certo para contar. Até porquê... - Ele fala um pouco mais baixo. - Não é tudo que nós, mistérios, podemos falar.

S/N - Isso tem a ver com o que os outros mistérios estão fazendo?..

Tsu - É.. tem. - Ele puxa um livro em sua estante, se sentando em sua cadeira novamente. - Há um tempo atrás, você me perguntou sobre o Hanako, não é?

S/N - Uhum..

Tsu - Então, chegou a hora de eu mostrar mais sobre ele. 

S/N - Por que tudo isso agora? Por que vocês todos só estão agindo hoje?

Tsu - Tínhamos que fazer isso longe dos olhares do Hanako. Além de que o grande dia está chegando.

S/N - Que dia?..

Tsu - O centésimo aniversário do Colégio Kamome, vinte três anos após os assassinatos da escola. Faltam dois dias para isso.

S/N - E o que vai acontecer daqui a dois dias?..

Tsu - Se tudo der certo, nada. - Ele parece finalmente achar a página que estava procurando. - Você lembra da maldição do colégio? 

"Dizem que no 77° aniversário do Colégio Kamome, um ritual foi feito. Yugi Amane assassinou 7 pessoas, se suicidando após isso, deixando esse lugar repleto de tristeza. O espírito dos sete continuam vagando pela escola, cada um com uma função. Se alguém descobrir o nome de cada uma das vítimas, enfim a maldição sobre o colégio será quebrada."

Tsu - Você já conhece a maioria das vítimas, já ouviu suas histórias. - Ele mostra o livro que segurava, o qual continha o nome do professor escrito na capa. - Falta ouvir a minha.

S/N - Esse livro conta sobre você?

Tsu - Na verdade, toda minha história está nele. Tudo o que vivi, enquanto vivo. Eu tenho o livro de todos que já passaram nessa escola, tudo o que aconteceu com eles, ou vai acontecer. Me deixe contar a história de quando eu conheci o Hanako.

Tsuchigomori Ryūjirou. 45 anos. 1998. No.6

Um ano antes do incidente, no 76° aniversário do colégio.

Mais uma aula se encerrava, e todos os alunos saiam em disparada para o evento que se iniciava; o colégio iria comemorar mais um aniversário desde sua inauguração. Todos estavam animados para festa. Todos, menos um professor e um aluno. Após todos os alunos se retirarem da sala, Tsuchigomori tira seu cigarro e se prepara para fumar, mas antes de acendê-la, ele percebe que um dos alunos continua na sala, olhando o lado de fora pela janela. Aquele era o primeiro ano do professor na escola, e durante seus primeiros meses nunca havia prestado atenção naquele garoto, de grandes olhos e curativos pelo corpo. Ele não chamava tanta atenção em meio a tantos alunos pela sala, porém, havia algo em seu olhar que parecia levá-lo para longe, bem longe de todo aquele cenário agitado no dia a dia da escola. Tsu, então, abaixa seu cigarro e se aproxima do garoto, sentando na cadeira à sua frente.

Tsu - Por que não vai ao festival? - O menino olha para o professor, ainda mantendo o silêncio por alguns segundos.

Hanako - Por que eu iria? - Ele volta a olhar para fora. - Não há diferença em estar sozinho aqui ou em meio a multidão.

Tsu - E o que te faz se sentir sozinho? - Hanako olha para ele novamente, mas dessa vez apenas ignora a pergunta.

Hanako - Você é o professor de ciências, não é? - Ele não espera a resposta, apenas ajoelha na cadeira e aponta para a estrela menos brilhante daquele fim de tarde. - Aquela estrela pode ser a maior e a mais brilhante entre todas, mas a distância para a Terra não a deixa mostrar toda a sua grandeza.. Eu também estou distante demais daqui. - O garoto senta novamente em sua cadeira, dessa vez descansando sua cabeça em seus braços apoiados na janela. - Um dia, talvez, eu brilhe tanto quanto as outras estrelas.

Tsu - E o que te deixa tão distante?

Hanako - Meu irmão. - Ele ri ao falar de seu irmão, uma risada um pouco contida, como se pensasse em algo engraçado para si mesmo, e apenas para ele. - Pensar no meu irmão me deixa distante daqui. Talvez eu devesse pensar mais em mim, assim o mundo pararia de machucar tanto.

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S/N - O irmão do Hanako... - Você pensa um pouco, e lembra que ouviu falar do irmão do Hanako nas memórias da Mei - Quem é o irmão do Hanako? Por que ele nunca me falou dele?

Tsu - Você está chegando perto de desvendar tudo, S/N. O sexto e último mistério irá falar com você. Boa sorte, S/N.

Não há amor em Kamome. (S/N x Hanako-Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora