Gêmeos I

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Já ouviu falar sobre o Shinigami-Sama, o músico maldito? Dizem que ele era o antigo professor de música do colégio; em sua busca pela melodia perfeita, ele acabou encontrando uma partitura amaldiçoada, que o condenou até o fim dos tempos...

Yugi Tsukasa. 15 anos. 1999.

O garoto andava pelos corredores da escola no sentido contrário da multidão, enquanto todos saiam do prédio, Tsukasa ia em direção ao sótão do colégio. Havia um bom motivo para ele ir para lá, descobrir sobre a lenda que assombrava o local. Subindo as escadas até lá, Tsukasa se depara com uma partitura presente na lenda de Shinigami. Ele então pega o violino próximo a mesa e começa a tocar a música amaldiçoada, assim, chamando Shinigami.

Em frente a partitura, um homem retira seu capacete de ossos, olhando o garoto com um ar de superioridade.

Shinigami - uh... Quem me chama, depois de tanto tempo?

Shinigami pega o violino das mãos do Tsukasa, conferindo o instrumento de cabo a rabo. Ele parecia o afinar, e começava a tocá-lo logo em seguida.

Tsukasa - Você é o ex-professor de música, não é? Aquele da lenda?

Shinigami - Sim, sou eu. Seja breve, peça logo o que quer. Meninos da sua idade só costumam me buscar para as coisas mais tediantes.

Tsukasa - Eu quero que meu irmão pare de sofrer.

Shinigami - Que? - Em muito tempo, ele não ouvia um pedido que não fosse para benefício próprio - O que seu irmão sofre?

Tsukasa - Muitas pessoas se aproveitam da bondade dele e o fazem sofrer. Eu quero que ele nunca mais sofra.

Shinigami - Hm. Interessante. - Shinigami parecia pensar, enquanto passeava pela sala - E o que estaria disposto a fazer por isso?

Tsukasa - Qualquer coisa.

Shinigami - Qualquer coisa. - Shinigami repete, e parece traçar um plano.

Tsukasa - Só me fale algo, e eu farei. Pelo Amane.

Shinigami - Seu pedido é um tanto.. aberto, digamos. Ele pode não sofrer mais dor física, mental.. poderia ser mais específico?

Tsukasa - Certo.. quero que todas as pessoas que machuquem ele, sumam.

Shinigami - Muito bem... - Shinigami fica feliz pelo desejo, já que conseguirá se aproveitar dele para o seu próprio plano. - Sete. Se me trazer sete corpos, eu irei garantir que mais nada perturbe o seu irmão em vida.

Tsukasa - Sete corpos?

Shinigami - Não se espante. Não terá que fazer isso sozinho.

Recitando algumas palavras mágicas, dois fantasmas aparecem em torno de Tsukasa. Aqueles eram Hakoujoudais obscuros, que traziam consigo um espírito maligno.

Shinigami - Eles te darão coragem para completar o nosso acordo.

Tsukasa - Eu não sei se é uma boa ideia... Mas... É minha única opção.

Shinigami - Que fique avisado, após o ritual ser feito, você não será mais o mesmo, e só voltará ao normal quando o trato for completo.

Tsukasa - Faça isso logo, eu não quero mudar de ideia.

Shinigami - Se insiste...

Ele então foleava as páginas de seu livro de músicas, procurando aquela que faria o que disse. Ao encontrar, ele começava a tocar a melodia, e aos poucos, Tsukasa foi caindo naquela maldição. Depois da música ser completa, Tsukasa caiu no chão, e ao levantar sua expressão era outra. Parecia frio, sombrio. E a primeira coisa que disse foi...

- Amane.

— — - — — - — — - — — - — — - — —

Amane...”

Shinigami havia ficado pensativo. Em sua mesa, ele escrevia algo. Ao invés de letras, se utilizava de notas musicais. Se ele tocasse a música que escrevia, o que nela dizia se concretiza. Havendo terminado de escrever, ele estende o papel, começando a ler.

"Dizem que no 77° aniversário do Colégio Kamome, um ritual foi feito. Yugi Amane assassinou 7 pessoas, e a si mesmo logo em seguida, eixando esse lugar repleto de tristeza. O espírito dos sete continuam vagando pela escola, cada um com uma função. Se alguém descobrir o nome de cada uma das vítimas, enfim a maldição sobre o colégio será quebrada."

Shinigami - O que acha?

Sakura - Me parece... Fúnebre.

Shinigami - É o necessário. Sem isso, nenhum de nós teremos nosso objetivo.

Sakura - Eu ainda não entendi o que quer com isso... O garoto tem o irmão, mas e você?

Shinigami - Quer entender o que faço, Nanamine? Pois bem, assim como você, eu também tenho alguém. Ou tinha.

Sakura - Imaginei que a morte não fosse um problema para você, não consegue encontrá-la?

Shinigami - Não é assim tão simples. Ela não morreu, nem está viva. Ela está presa entre a vida e a morte, mantendo a barreira espiritual ativa.

Sakura - E se você tirá-la de lá...

Shinigami - A barreira quebra. Tudo desmorona. Porém, se eu encontrar a pessoa correta para o lugar dela, eu consiguirei tirar ela de lá.

Sakura - Então esse é seu motivo?

Shinigami - Sim, e basta de falar sobre isso. Quando terminarmos, eu irei finalmente terei acesso a barreira. Só irá me faltar alguém para ocupar o lugar da Sumire para libertá-la.

Sakura - Sumire...

Ela repetia o nome da garota em voz baixa, guardando aquela informação. Sakura havia encontrado Shinigami há algumas semanas, e haviam feito um contrato para ela. Seu desejo era retornar a sua antiga vida. Por alguma razão, Sakura tinha memórias da sua vida passada, e seu desejo foi retornar a ela.

Sakura - E como isso ajuda no nosso acordo?

Shinigami - Tenha paciência. Seu desejo está em uma área que eu não posso mexer.

Sakura - E como pretende me ajudar? Se nem ao menos consegue cumprir nosso acordo, por que eu estou te ajudando nisso?

Shinigami - Já falei para ter paciência. - Ele, que estava escrevendo as últimas notas de sua partitura, para e olha de mandeira agressiva para a garota. - Existe três tipos de magia, a básica, a nobre e a primordial.

A magia básica é autoexplicativa, são de relevância mínima e comum em aparições, como nos Mokkes, ou naqueles que conseguem sua magia após a morte.

Eu sou portador de magia nobre, é a magia que provém de um artefato mágico ou maldição. Porém, a primordial é a que mexe com a morte.

Magias primordiais sempre existiram, e cuidam de coisas como a vida, a morte, o tempo e o espaço. É quase impossível manipular uma magia primordial, mas com esse ritual... conseguiremos criar novos portadores de magia primordial, os quais irei chamar de "Mistérios".

Sakura - E para isso, os corpos?

Shinigami - Infelizmente, só irei conseguir com a conclusão do ciclo de vida dessas pessoas. Agora, se me der licença...

Sakura - Claro, eu irei sair.

Sakura deixava a sala, e Shinigami voltava a se concentrar. Terminando aquela partitura, ele virava a página, iniciando uma nova sinfonia. Essa, chamada de "Número 7".

Não há amor em Kamome. (S/N x Hanako-Kun)Onde histórias criam vida. Descubra agora