Eclipse: Um encontro de almas

XXIII (Afonso)

- Conheces a lenda do eclipse rapaz?

Apenas nego com a cabeça, as dores estavam a retornar e sabia que não possuía muito tempo.

- Segundo ela, quando duas almas gémeas se encontram e se olham nos olhos ocorre uma ligação. Compreendes? _ aceno e ele continua _ É uma ligação ancestral, que ocorre entre lunares e helianos. Porém, essa ligação possui três fases, a primeira é o olhar, que leva com que ambos não se consigam separar e tendem a correr inconscientemente um para o outro. A segunda é quando ocorre a primeira demonstração de afeto, como por exemplo um beijo e a terceira é a copulação onde se tornarão um só.

Começava a ficar inquieto, isso explicaria o porquê de no dia da explosão não a conseguir deixar ali e tornar-me tão imprudente.

- Vejo que começas a perceber rapaz. Tu e a tua metade cumpriram a segunda fase, o que significa que ficaram ligados, mas como se rejeitaram mutuamente os vossos corações partiram.

- Não estou a compreender, o que é que isso significa? _ pergunto.

- Significa que as vossas almas estão de luto e que querem morrer.

Diz como se de nada se tratasse, depressa comecei a ficar sem ar, parecia que os meus pulmões se haviam contraído tanto, que não conseguiam albergar nenhum ar.

- Vai agora! A tua metade precisa de ti, voltem a Gricitor quando por bem o entenderem, e não antes! _ exclama e desaparece.

Corri como se da minha vida se tratasse e ao passar o arco nada disse a Rute, ela apenas correu atrás de mim sem fazer qualquer questão. Eu tinha de chegar a tempo.