XXVIII (Val)

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Vejo Afonso encaminhar-se para perto de Alma e pegar-lhe nas mãos, e pelo canto do olho vejo um Norton extremamente aborrecido e zangado, afinal de contas ele esperava pegar o sobrenome de Alma para si próprio. Liliana desde que eu havia reaparecido nada tinha dito e Luciano tinha ficado claramente do lado da mãe, o que sinceramente não me espantava nada, na realidade nunca teve bem a coragem de enfrentar a mamãe.

Ou seja, analisando bem o ambiente desta sala está de cortar à faca, e eu estou amando. Acordo do meu desvaneio com a Alma a gritar com a mãe que já batia ou tentava bater no meu amado enteado.

Já me tinha esquecido do drama inerente da minha família, Liliana já sabia que isto poderia acontecer, na realidade ela sabia desde que me aconteceu a mim.

- Pai! Faz alguma coisa! _ grita-me Alma.

- Sim pai, faz alguma coisa. _ diz Liliana ironicamente.

Tendo em conta a situação, acredito que devia permanecer minimamente sério, mas a cara de socorro do Afonso. Acabo por esboçar um sorriso, e acredito plenamente que estou fuzilado no chão neste preciso momento, esta Liliana nunca teve alegria na sua vida.

- Larguem o rapaz! Ele em relação a isto não tem culpa. _ acabo por pronunciar.

- Como assim não tem culpa? Ele aproveitou-se da vulnerabilidade da minha irmã!

- Ainda por cima um delinquente! _ acrescenta o infeliz Norton.

- Não falem assim dele! Vocês nem o conhecem! _ grita Alma enquanto é empurrada pelo irmão para a outra ponta da sala.

- Isto já está a ficar ridículo! Primeiro, Norton fazes parte desta família? _ pergunto e ouço o burburinho parar _ Pois, bem me parecia que não, portanto, cala-te! _ Vejo-o abrir a boca mas sensatamente volta a fechá-la_ Em segundo, o Afonso apesar de ter nascido no lado errado da fronteira não fez nada de errado, aliás até arriscou a vida para salvar a tua irmã. _ Afirmo virado para Luciano.

Liliana continuava sem saber como expulsar o parasita que lhe havia estragado os planos de futuro casamento.

- Eu não aceito isto! _ exclama apontando com as mãos para Afonso_ Esta ligação é pré-histórica e não decidirá o rumo da minha filha! Diz-me lá o que é que lhe podes oferecer?

Grigri...grigri... Ai que os grilos neste silencio já cantam. Finjo um bocejo e vejo muitos olhares escandalizados... e depois perguntam-me o porquê de ter "desertado".

- Diz-me Emilio, qual é a tua sugestão? _ sinceramente não compreendo o drama _ Por amor, não crês de verdade que este marginal seja o melhor partido!

- Sinceramente, acredito que a escolha seja minha! Se eu quiser ficar com o Afonso eu fico.

E não é que a garotinha tem mais tomates que o mais velho? Quanto eu me vou rir com esta embrulhada. 

Eclipse: Um encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora