XXXI (Afonso)

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         Estava incrivelmente chateado, humilhado e aborrecido, mas bastou os olhos dela encontrarem os meus, que eu só a queria ter nos meus braços e beijar os seus lábios que têm habitado os meus sonhos. Porém, não poderia estar mais longe da verdade, eu não sabia o que era para ela, na verdade ela não escolheu esta ligação que quase a matou.

- Afonso, desculpa tudo que a minha família te disse...

- A mim não me importa, a única razão por ter permanecido nesta casa foi só para saber como estavas.

- Agora estou bem, foi só um susto Afonso.

- Um susto? Tu dizes que quase morreres é apenas um susto? Estás a gozar comigo? _ grito descontrolado.

Só quando sinto as suas mãos na minha cara é que me apercebo que chorava, ação que apenas a morte de minha mãe me havia arrancado. Em bicos de pés e com as mãos a moldurarem-me a cara beija-me onde as lagrimas me caem. Só consigo fechar os olhos e cheirar o seu perfume.

- Desculpa. Eu na altura não compreendia, ainda não percebo, mas acreditava que ao sair da tua vida só te estava a fazer bem. _ diz com a testa encostada ao meu peito.

Afasto-me só o necessário para fazê-la olhar para mim, e quando os seus olhos encontram os meus digo:

- Alma, eu fico bem quando estás comigo, ao meu lado! Quando sei que quando chegar a casa tu estarás lá. Tu partiste-me o coração, de uma forma que não pensei que fosse possível. Tu és o meu eclipse, mas se não me quiseres arranjaremos forma de cortar o laço, nunca te farei ficar a meu lado por causa de algo tão primordial...

Não consigo acabar o raciocínio, quando sinto os seus lábios nos meus. Encaminho-a para a mesa e sento-a de forma que as suas pernas me abraçam a cintura, que saudades que eu tinha deste beijo e deste abraço. Quando somos obrigados a parar pela falta de ar procuro no seu olhar algum arrependimento, no entanto, apenas encontro o maior sorriso.

- Mas o que é que se está a passar aqui! Emílio a tua filha está a ser abusada por um marginal! _ grita o diabo, mais conhecido como D.Liliana.

Sinto quando só empurrado para trás o querido Norton me dá um murro na cara e outro nas costelas.

-Para! Estás a magoá-lo! _ grita Alma.

Eu poderia perfeitamente pô-lo inconsciente, mas aí perderia a Alma e isso é algo que decididamente não quero. Só que a minha paciência também possui um limite. Quando o vejo levantar a mão para me bater de novo, agarro-lhe o punho, troço-o e coloco-o de joelhos, obviamente que ele está um pouco arreliado, mas não posso dizer que não estou a achar piada.

- Muito bem, agora que tenho a atenção de vossas excelências, eu pretendo ficar com a Alma se assim ela o quiser, ela é livre para fazer as suas escolhas e arranjaríamos certamente uma solução. Norton os murros foram porque acredito que aprecies a Alma e que a queres bem, no entanto, não testes a minha paciência que ela não estica certamente, e D. Liliana, devo informá-la que eu possuo um nome que é Afonso e se a ouvir a destratar a minha mãe de novo eu farei-lhe a vida num autentico inferno. Estamos entendidos?

O silencio é quebrado pela gargalhada de Val.

- Aleluia, estava a ver que a minha filha já te tinha castrado! Mas admiro a tua concentração e paciência para o ser que tens aos pés, por mim ele já tinha sido atirado do penhasco e servido de comida para peixes.

- Emílio que modos são esses? Ele é o herdeiro Norton, não um vagabundo qualquer Lunar. _ diz desconcertada o diabinho.

- Primeiro vê lá como falas, que ele é o meu enteado. E que eu saiba o garoto só se defendeu, não matou ninguém, ou preferias que o doutor herdeiro o matasse à frente da tua filha que está com os olhos esbulhados de medo e que saiu ontem do hospital?

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⏰ Última atualização: Jul 31, 2021 ⏰

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Eclipse: Um encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora