VI (Alma)

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Após aquele desesperante pequeno almoço, onde não consegui comer nada. Vejo-me a pensar onde será a cozinha.

- Sara onde é a cozinha? _ questiono.

- Por aqui menina.

Sigo-a sem falar nada, o buraco no meu estômago não me permitia pensar em nada além da comida. Quando cheguei à cozinha era capaz de ouvir gargalhadas vindas de dentro. Sem compreender, olhei para Sara, ela estava envergonhada e apressa-se a dizer:

- Sabe menina, é que os empregados só tomam o pequeno-almoço a seguir à família...

Compreendendo entrei na cozinha e vi dez pessoas à volta de uma pequena mesa, que possivelmente havia sido feita para menos de cinco, no entanto, riam das piadas que iam fazendo.

Apaixonei-me realmente por aquele ambiente descontraído, mas tudo acabou quando se aperceberam da minha presença na divisão.

- Pedimos desculpa menina, não sabíamos que se encontrava na divisão. _ diz o cozinheiro a olhar para o chão.

- Não há qualquer problema, eu é que me encaminhei para aqui sem avisar. _ digo com um sorriso.

Eles ao aperceberem que não me encontrava arreliada rapidamente aliviaram a tensão que se encontrava em seus corpos.

- Então em que a posso ajudar menina? _ perguntou uma senhora de cabelos brancos.

- Eu vinha à procura de algo para comer. _ digo simplesmente.

- Peço desculpa a intromissão, não gostou do pequeno-almoço? Amanhã posso fazer algo de diferente para a menina. _ pergunta o cozinheiro.

- Não, estava tudo com um aspecto estonteante, porém, eu acordei um pouco maldisposta e só agora a vontade de comer apareceu. _ minto.

Pelo canto do olho vejo Sara a arquear a sobrancelha como sinal de descrença, mas rapidamente se recupera corroborando minha história.

- Compreendo menina. Quer que lhe leve algo de especial à sala? – pergunta a senhora.

- Não existe qualquer sentido nisso. Eu como qualquer coisa que exista no frigorífico.

Todos me olham descrentes, levando-me a sentir um pouco incomodada.

- Com certeza menina, nós estávamos a comer as panquecas que haviam sobrado do pequeno almoço. Quer uma, enquanto lhe faço um sumo natural?

- Parece magnifico. _ digo.

Sara vai buscar duas cadeiras e junta-as à mesa. Passado um bocado toda a cerimónia para comigo tinha desaparecido, e eu encontrava-me mais confortável naquele ambiente do que com a minha própria família.

Eclipse: Um encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora