XXIV (Alma)

3 1 0
                                    

       O meu tempo começava a esgotar-se, há uma hora os meus pulmões deixaram de funcionar sozinhos e tiveram de me colocar no ventilador. As esperanças que existiam de qualquer recuperação haviam sido esquecidas, agora Luciano e minha mãe mantinham-se aos meus pés e rezavam para que tivesse uma passagem para o paraíso garantida.

Tudo estava calmo, eu já me tinha conformado do meu destino, acreditava realmente que seria pelo melhor. Minha mãe ficaria livre de voltar a Hélio e ficar com sua irmã e Luciano casar-se-ia com Valentina sem qualquer peso a arrastá-los para trás, tudo ficaria certo. O meu único pensamento agora era a voz dele e o seu sorriso, sabia que me afastar foi o mais correto, mas o seu olhar indiferente antes de sair daquele apartamento, ainda me atormentava.

Agora a olhar para aquelas paredes amarelas torradas e o silêncio mortal que se fazia sentir no hospital começava a sucumbir à dor e ao descanso eterno. 

Porém, é quando o tumulto começa lá fora que eu acordo.

Eclipse: Um encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora