phone call.

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Sarah abriu os olhos lentamente sentindo a claridade da sala tomar conta do seu campo de visão. Apesar de boa parte serem bloqueados pelas cortinas, os fracos raios solares foram o suficiente para incomodar seus olhos claros e fazê-la piscá-los algumas vezes para acostumar com a luz. A loira levantou lentamente, se dando conta de que estava no sofá, e em seguida, apoiou os cotovelos nos joelhos para dar suporte à sua cabeça que explodia de dor.

Maldita ressaca, pensou.

Pelas frestas dos dedos pôde ver uma perna atrás da poltrona do outro lado da sala, uma perna masculina. Automaticamente arregalou os olhos procurando por Thais, mas a loira parecia estar sozinha ali. Milhões de teorias passaram-se por sua mente em milésimos de segundos, mas nenhuma realmente fazia sentido. Ela sabia que deveria engolir o medo que tomou seu corpo e por isso levantou em silêncio, caminhando em direção à poltrona e encontrando o homem. Chutou seu corpo estirado no chão, rezando para todas as divindades possíveis para que o tal respondesse o gesto - o que infelizmente aconteceu -, então agachou no chão igualando as alturas e sacudiu sua perna mais algumas vezes para acordá-lo, até que recebeu uma série de reclamações em troca:

— Por Deus, vá embora! — reclamou ele em meio a palavras incompreensíveis.

— Você quem está em minha casa! Aliás, quem é você e como entrou aqui?

Não obteve respostas. Sarah suspirou irritada procurando algum vestígio de Thais pela bagunça da sala. Não era possível que ela estivesse sozinha com aquele homem em sua própria casa, afinal a mulher estava lá antes de... Bem, ela não sabia o que havia acontecido ali. Mas para seu alívio, a encontrou deitada no pé da escada em uma posição desconfortável, que com certeza se voltaria contra ela horas mais tarde.

A loira engatinhou até a mulher adormecida no chão e sacudiu seu corpo sem tirar os olhos da poltrona.

— Thais, que porra é essa? — murmurou com medo. — Por que tem um estranho deitado no chão da minha sala?

— Sarah, só mais minuto. — pediu virando para o outro lado.

— Quem é aquele homem?

— João! — o homem gritou levemente irritado pela insistência. — Meu nome é João Luiz! Não diga que já esqueceu de mim, bebê.

Sarah arregalou os olhos novamente. O que ela deveria lembrar, exatamente?

— João para com isso, Sarah é neurótica. — Thais se manifestou esfregando os olhos. — Sarah, ontem a noite ele me ligou, você tomou o celular da minha mão e o ordenou que viesse para uma festa particular.

— Eu fiz isso? — a outra perguntou incrédula.

— Sim, e depois que a galera foi embora ontem, você chorou no meu colo três vezes seguidas. — foi a vez de João relembrar.

— Galera? — balbuciou com medo da resposta.

— Não se preocupe, nenhum vaso ou porcelana foi quebrado. A propósito, sua casa é linda, eu até me perdi tentando achar o banheiro.

Sarah não sabia o que pensar, muito menos o que responder. Nada daquilo fazia sentido para ela e quando tentava lembrar, era invadida por uma forte dor de cabeça.

Ela passou a mão pelo rosto tentando se livrar dos sintomas da imensa onda de resseca que não parecia estar de brincadeira. Sua cabeça girava lentamente, seu corpo parecia fraco e a mulher só pensava em voltar no tempo para impedir que perdesse a sanidade na noite anterior.

— Eu nunca mais deixo atravessar uma gota de álcool pela minha garganta. — reclamou em voz alta para si mesma.

— Meu amor, todos dizem isso até o próximo gole. — o homem riu levantando e se ajeitando na poltrona.

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