Aviões são atualmente um dos meios de transporte mais rápidos do mundo. De Pernambuco até Rio Grande do Sul eram seis horas mais alguns minutos, o que poderia virar dois dias e mais algumas horas de carro em uma viagem sem paradas. Sarah era acostumada com vôos longos e aquele ela poderia tirar de letra facilmente. Mas mesmo tendo viajado centenas de vezes e entrado em outras centenas de aviões diferentes, havia algo que ela jamais acostumaria: a vista da janela.
A fotógrafa abriu a pequena cortina para analisar uma das asas cortando a maravilhosa vista da cidade. Era realmente uma vista bonita, e com um enquadramento certo, se tornaria uma foto perfeita. Ela suspirou com o pensamento, afinal sua câmera estava na mala.
Uma luz sendo ligada no teto ao seu lado chamou sua atenção, assim como a comissária de bordo, que caminhou prontamente até o banco ao lado.
— Por favor, pode me trazer um copo d'água? — a mulher ao seu lado pediu.
Ao receber uma confirmação da funcionária, ela acertou a coluna e reposou as mãos no joelho; estava claramente nervosa.
— Está tudo bem? — Sarah questionou.
— Sim, claro. — respondeu forçando um sorriso.
— Juliette, você já andou de avião antes?
— Sim — suspirou. —, mas é sempre difícil no início.
A loira alcançou uma das mãos da mulher e a apertou suavemente.
— Respire fundo três vezes. — pediu. — Está tudo bem, estou aqui com você.
Já com o pedido em mãos, Juliette virou o copo de uma só vez e Sarah olhou em volta.
— Eu entendo. Já viajei centenas de vezes e sempre fico apreensiva em relação ao Ralph.
— Você sempre leva seu cachorro nas viagens?
— Quando são curtas, sim, mas às vezes prefiro deixar ele com minha amiga. Não vale à pena levar ele comigo. Quero dizer, é estressante pra ele, mesmo que esteja sedado.
Juliette assentiu.
— Mas não tem problema, Thais sempre faz chamada de vídeo para matarmos a saudade um do outro. — riu. — Sei o que deve estar pensando; "essa Sarah deve ser uma louca por conversar com um cachorro por celular", mas eu juro que ele responde! — as duas riram juntas. — Honestamente, eu agradeço ao meu ex por ter me dado Ralph de presente. Ele era tão pequeno que Lucas trouxe ele numa pequena bolsa da Chanel — sorriu ao lembrar. —, a surpresa dentro foi melhor do que qualquer bolsa de grife idiota de dez mil reais.
A loira balançou a cabeça e só então percebeu que ainda segurava a mão de Juliette, então a soltou calmamente e sem jeito. A outra percebeu a súbita mudança de postura e coçou a garganta para quebrar a tensão.
— Eu tinha uma cachorrinha quando era pequena, Stella. Bom, deixei ela na casa de mainha quando fui para a faculdade e acho que foi melhor assim. Nós realmente nos apegamos à eles, né?
Sarah balançou a cabeça lentamente e um silêncio se instaurou entre as duas. Mas dessa vez não era um silêncio desconcertante, ambas abriram um sorriso e acomodaram-se em seus acentos. Juliette estava claramente menos nervosa do que antes e aos poucos deixou que suas pálpebras relaxassem e abrissem espaço para um cochilo.
Cerca de duas horas mais tarde, a decoradora foi acordada com uma mão em sua perna. Seus olhos abriram lentamente, revelando uma loira um tanto próxima – talvez próxima demais – de seu rosto.
— Desculpa lhe acordar, mas o piloto acabou de avisar que já estamos chegando em São Paulo e precisamos fazer a conexão. — Sarah explicou calmamente.
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WINE.
Fanfiction| Concluída | O que você faria se encontrasse uma mensagem destinada à outro alguém? No meio de uma desilusão amorosa, Sarah Andrade encontra uma garrafa em uma das praias de Recife com algumas cartas dentro. Sua curiosidade a leva até Juliette Frei...