O primeiro dia em um lugar desconhecido é sempre o mais difícil. Já havia anoitecido quando Juliette resolveu subir para o quarto, depois de ter passado a tarde toda deitada em uma das redes do jardim. A mulher estava aborrecida porque mesmo com tantas pessoas na casa, ainda sim era como se estivesse sozinha.
Ela bufou. Já estava arrependida por ter aceitado aquela ideia louca.
Juliette desceu novamente as escadas pensando em dar mais uma volta pelo jardim e ligar para alguém, quando pôs os olhos em uma loira que observava atentamente o papel que carregava em mãos. O cabelo preso em algumas partes de uma maneira bagunçada com alguns fios soltos contornando seu rosto e as pontas levemente onduladas caindo por seu colo. Sarah estava sentada em uma das poltronas ao fundo da grande sala de estar, próxima a lareira que estava acesa para esquentar um pouco do frio banal naquele estado. Com as pernas dobradas e com a cabeça apoiada em um dos braços, sua atenção estava focada internamente no que lia. A morena decidiu não interromper, porém sua presença foi rapidamente percebida pela fotógrafa, que subiu os longos cílios para encará-la e abrir um sorriso imediato ao perceber quem era.
— Juliette! — fez um pequeno aceno convidando a mulher para se aproximar. — Se divertindo?
—Acho que essa não seria exatamente a palavra — riu.
— Ouvi dizer que o jantar está quase pronto... Até me ofereci para ajudar mas fui praticamente expulsa da cozinha. — Juliette riu e sentou-se na poltrona ao seu lado.
— Se importa se eu ficar? Não conheço ninguém por aqui.
— Óbvio que não! Fica aqui comigo que eu te faço companhia. — sorriu. — Ronan me deu um mapa do terreno todo e também uma planta da casa porque, segundo ele, fotógrafos precisam dessas coisas para planejarem ensaios.
As duas riram em sincronia.
— Bom, pelo menos não pode acusá-lo por não tentar.
— Ronan é um cara legal. — respondeu encarando o mapa. — E acho que nosso guia esqueceu de nos falar sobre isso. — apontou para uma parte azul do papel.
— Um lago? — Juliette inclinou-se para ter uma visão melhor do desenho.
— Um lago! Quero conhecer, pode servir de uma vista linda para o ensaio do casamento. — Sarah transferiu sua atenção para a outra mulher, surpreendendo-se com tamanha aproximação. — E também porque adoro lagos.
Juliette esboçou um sorriso.
— Quando era menorzinha, briguei feio com um dos meus irmãos e mainha colocou a gente em uma canoinha no meio de um lago para voltarmos sozinhos e eu nunca tinha remado na vida, mulher! Claro que, mesmo com birra um do outro, tivemos que trabalhar em equipe e trocar algumas palavras se quiséssemos voltar para casa.
— Uau, isso foi inteligente. — Sarah zombou rindo.
— E o pior que funcionou! Quando chegamos na beira do lago, nos abraçamos e parecia que não havia tido briga nenhuma.
— Mamãe jogaria água gelada da mangueira em mim e no Arthur. — a loira riu ao se lembrar de uma história engraçada de infância que envolvia água gelada. Até mesmo pousou uma das mãos no antebraço de Juliette para iniciar o conto, porém a outra mulher foi mais rápida.
— Mas Sarah, não pense que... — foi interrompida pelo toque do celular em seu bolso. — Epa, segura aí, tenho que atender isso. Com certeza é a minha garota querendo matar a saudade.
Juliette pegou o aparelho e sorriu ao constatar que estava certa; a loira apenas observava seus movimentos.
— Achei que fosse solteira. — Sarah uniu as sobrancelhas confusa. Envergonhada, tirou sutilmente a mão que estava encostando na mulher.
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WINE.
Fanfiction| Concluída | O que você faria se encontrasse uma mensagem destinada à outro alguém? No meio de uma desilusão amorosa, Sarah Andrade encontra uma garrafa em uma das praias de Recife com algumas cartas dentro. Sua curiosidade a leva até Juliette Frei...