— Através do vinho eu escrevo, através do vinho eu envio. —Sarah repetiu a última frase num murmúrio.
As quatro cartas estavam abertas em sua frente, agora todas lidas. A loira havia passado a última meia hora lendo e apreciando as belas palavras de Freire, não acreditando que foi ela quem as encontrou. A última carta deixava claro que a pessoa a escreveu com o intuito prévio de jogá-la ao mar, ao menos Sarah assim entendeu.
A fotógrafa ouviu quando a fechadura da porta principal fez barulho, já imaginando quem seria. Thais tinha feito uma cópia da chave e agora também tinha a permissão para entrar quando quisesse, já que a amizade das duas havia ultrapassado esse limite de intimidade e confiança. Ao entrar, a morena apenas retirou seu moletom longo e o pendurou perto da porta, seguindo caminho até Sarah, que estava sentada no chão da sala ao lado de Ralph. Ela sorriu com sua presença.
— Está realmente frio lá fora, essa cidade não era pra estar assim! — exclamou enquanto dava a devida atenção ao pequeno cachorro que pulava em seus braços. — Hmm, essas são as cartas?
— Sim, terminei ainda agora de ler.
— Então vamos às teorias! — respondeu animada.
A loira balançou a cabeça.
— Thais, por que está tão obcecada em tentar provar que Juliette tem alguma ligação com isso?
— Honestamente, Sarita, o que pensa em fazer com essas cartas?
— Guardá-las, talvez.
— Guardar meia dúzia de papéis antigos que você ao menos sabe a precedência?
— Então jogarei fora. — deu os ombros.
— Jogar fora a história de alguém? Não seria mais lógico encontrar o dono e devolver?
— Eu nem sei quem é a droga desse dono! E honestamente, nem sei se existe um. — suspirou. — Tudo bem, o que acha disso: Freire é apenas um escritor, como William Shakespeare. A primeira carta que lemos é apenas um poema comum da época.
— Isso não faz sentido, o nome "Janet" é citado em outra carta também.
— Talvez o poema tenha sido escolhido justamente pelo nome citado! Freire nem ao menos é o autor das outras.
— Você tem um ponto, tudo bem. Mas isso não prova que Juliette não está envolvida nisso.
— O sobrenome também não prova que está.
— Ei, não tente virar o jogo! — a morena riu.
— Certo, uma das cartas diz que o vinho de 1919 está sendo aberto em 1942, faça as contas e Juliette terá no mínimo uns 90 anos!
— Isso meio que desqualifica seu primeiro argumento de que Freire seja apenas um escritor. — ao contrário de Sarah, Thais rebatia com o semblante sereno e calmo. Tão calmo, que irritava a loira.
— Mas eu só estou tentando provar pontos aqui! — gemeu implorando. — Thata, eu não vou atrás daquela mulher. Você pode perguntá-la se quiser, mas eu não quero fazer esse papel.
A morena apenas desenhou um sorriso pretensioso em seu rosto, mostrando um pouco dos dentes.
— Então você passou as últimas horas apenas lendo esse bando de cartas e imaginando várias teorias?
Sarah balançou a cabeça positivamente.
— Ótimo! — exclamou tentando conter o grande sorriso que queria mostrar. — Significa que não ficou a última meia-hora pensando ou chorando pelo falecido.
O semblante antes confuso, tornou-se surpreso.
— Oh, esse é um joguinho perigoso! — advertiu rindo e finalmente admitindo que a amiga tinha razão.
— Mas então... — encostou a cabeça no sofá atrás de si. — O que acha que aconteceu?
— Acho que os dois eram amantes. — a fotógrafa respondeu simplesmente.
— Amantes? — indagou com uma careta, descrente. — Eu apostaria em um amor proibido como Romeu e Julieta. As famílias não se entendiam ou algo assim, talvez por uma diferença social ou cultural...
— É, talvez. — encostou a cabeça no sofá. De repente sua expressão tornou-se melancólica.
— Ei, o que houve? — questionou preocupada.
— Lucas mandou a assistente vir buscar alguns pertences que ficaram aqui. — suspirou. — Acho que agora é oficial, né.
— É sim, meu amor.
Thais colocou uma mecha loira atrás da orelha da amiga e em seguida aproximou-se para depositar um beijo em sua cabeça.
— Quer almoçar comigo? Podemos ir de moto, eu te levo. Tenho certeza que o vento batendo contra seu corpo vai te fazer sentir melhor.
Sarah balançou a cabeça prontamente. Queria fazer qualquer coisa além de ficar sentada naquele sofá, pois sabia que só a deixaria pior. Após procurar por um casaco, as duas saíram porta à fora em busca de um programa que não envolvesse uma ligação sequer com o ex-noivo.
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att pequena e tarde hoje pq passei o dia ocupada, foi mal :/. mas aproveitando o final desse capítulo, qual precedência você acha que essas cartas têm?
(spoiler: no próximo a juliette -e o lucas- aparecem 😛)
- xoxo, anny.
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WINE.
Fanfiction| Concluída | O que você faria se encontrasse uma mensagem destinada à outro alguém? No meio de uma desilusão amorosa, Sarah Andrade encontra uma garrafa em uma das praias de Recife com algumas cartas dentro. Sua curiosidade a leva até Juliette Frei...