bônus: mogno e sequoia são um tipo de árvores/madeiras e ardósia é uma pedra usada para paredes e pisos.
Ao passo que o carro acelerava, a vista do incrível imóvel avaliado em 750 mil reais era relevado. Combinando-se perfeitamente com algumas colinas onduladas da paisagem ao redor do condomínio de Sarah, a casa dela mesclava mogno, sequoia quente e piso de ardósia natural na parte externa, seguida por acabamentos modernos em tons claros e suaves na parte interna. Juliette precisou fazer um esforço a mais para não demonstrar o real fascínio em seu rosto – não queria se mostrar tão maravilhada em sua primeira visita.
— Vem, é por aqui. — Sarah disse com um sorriso, junto com a mão estendida em sua direção.
Ao subir as escadas, a loira parou de frente para a primeira porta e girou a maçaneta prateada. Juliette entrou logo depois, encantada com cada detalhe do confortável cômodo.
Três paredes eram preenchidas por enormes estantes de livros, que contornavam as janelas. Uma delas era acompanhada de um assento e algumas almofadas, abrindo espaço para uma agradável leitura de frente para a vista de um pequeno lago que havia no terreno.
— Você realmente leu todos esses livros? — questionou desconfiada; a mulher que vasculhava uma das gavetas por ali assentiu. — Aposto que comprou lotes fechados apenas pra decorar as estantes. — Sarah gargalhou em resposta. — Sarará, isso é literalmente algo que você faria, porque você faz parte do time Netflix.
E era verdade. Por esse motivo a loira havia construído um mini cinema em um dos cômodos da casa, apesar de nunca usá-lo sozinha.
— Não tenho paciência pra escolher filme pela sinopse. Quando Thais ou outros amigos vêm aqui em casa, eles sempre ficam responsáveis por procurar o filme e eu por fazer a pipoca.
— Isso é perfeito. Sou ótima pra escolher filmes, mas sempre queimo a pipoca.
Juliette caminhou ao longo dos livros, trilhando a mão pelas lombadas; Taylor Jenkins, Jane Austen, Agatha Christie e um ou dois livros de Casey McQuiston.
— Ha, achei! — a loira ergueu o conhecido envelope. A morena se virou para pegar o papel. Poderia finalmente mostrar as cartas à Dona Fátima. — Sei que já disse isso, mas se precisar de ajuda pra contar à sua mãe, saiba que estou aqui.
— Ontem conversei com ela por chamada de vídeo, acho que não vai ser tão difícil como pensei que seria. — respondeu sincera. — Mas quero que você me acompanhe mesmo assim.
Juliette assistiu a loira abrir um sorriso encatador e aproximar-se o suficiente para alcançar sua cintura. Mas Sarah logo apertou os lábios e de repente recolheu o sorriso.
— Preciso te contar uma coisa.
— Diga.
— Lembra daquela noite no restaurante? — tirou delicadamente as mãos da cintura, vendo a outra assentir. — A ligação era de uma cliente.
— Cliente?
— Becca me indicou pra prima da melhor amiga, Priscilla Mastteri. — Juliette uniu as sobrancelhas. Ela sabia que conhecia aquele nome, bastava vasculhar sua mente. — Ela procurou o estúdio pra um ensaio de casamento.
— E ligou tarde da noite apenas pra isso?
— Acho que é culpa do fuso-horário. — coçou a nuca. — Ela ainda estava na Europa com a noiva.
Ah, óbvio. Agora estava óbvio.
Uma súbita assimilação estalou em sua mente como um lampejo. Não conhecia Priscilla; conhecia a noiva.
— Amanda Tomattine — Juliette completou. Ao enxergar a confirmação nos olhos de Sarah, suspirou pesadamente. — Por que escondeu isso de mim?
— Fiquei com medo de que isso te magoasse.
— E por que magoaria?
— Não sei. — deu de ombros. — E também não quis contar porque estávamos em um jantar, não achei apropriado falar disso naquele momento.
— Por que não seria apropriado? Falamos sobre ex-namorados o tempo todo.
— É diferente.
— Não é diferente! Minha relação com Amanda é passado e deixou de ser um assunto delicado há muito tempo.
— O que você faria se Lucas aparecesse em uma reunião da Clair de Lune acompanhado da mulher com quem me traiu?
— Aumentaria o valor dos pacotes. — respondeu com naturalidade.
— Juliette...
— Certo. — a morena suspirou. — Vai fazer dois anos que eu terminei com Amanda pra ela ser feliz com quem quisesse. Realmente agradeço sua preocupação, mas não tem do quê me proteger nessa situação.
— Tudo bem, me desculpe.
— Não estou chateada — abriu um pequeno sorriso apaziguador em seu rosto. —, apenas não quero que pense que estou presa ao meu passado com ela.
— Não penso.
— Ótimo, porque meu presente está na minha frente e é bem mais interessante.
Juliette passou as mãos pelo pescoço da loira, permitindo se perder no universo verde que eram seus olhos. E no sorriso que veio logo depois, resplandecente e contagiante.
A decoradora admirava o fato de Sarah não pressioná-la a corresponder. Não que isso fosse digno de título de honra ou coisa parecida, mas desde a reconciliação no estúdio, sentia-se confortável para responder quando estivesse pronta.
Aliás, sentia-se confortável de todas as formas em relação à fotógrafa. Era frustante – costumava ter cautela em tudo na vida, mas a presença da loira era avassaladora. A urgência que sentia em simplesmente tê-la por perto era desmedida. Parecia uma música boa para os ouvidos; como chocolate quente no inverno.
Juliette fechou os olhos, sentindo o aroma inebriante do perfume da outra mesclar com o hálito fresco de menta. Assim como havia dito à Camilla, ela sabia que existiam muitas coisas entre o tesão e a paixão...
— Eu também. — ela sussurrou.
...E agora tinha certeza que sentia todas elas.
Sarah levantou a cabeça no mesmo instante e, ao analisar a expressão da decoradora, desenhou um sorriso ainda maior no rosto. Ela havia entendido.
— Promete que nunca deixará de ser a mulher que me acordou às seis horas da manhã pra andar de barco.
— Eu prometo. — as testas foram coladas lentamente.
• • •
Heyy, como vcs estão? Feliz nosso dia, sariettes!
Não sei se deu pra entender, mas o "eu também" da Juli foi se referindo ao se apaixonar que a Sarah disse no último capítulo. E dado ao andar da carruagem, sinto-lhes informar que esse foi o penúltimo capítulo de WINE :(. Mas apesar dos pesares, o próximo está enorme! Vejo vocês no sábado vidinhas, se cuidem <3- xoxo, anny!
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WINE.
Fanfiction| Concluída | O que você faria se encontrasse uma mensagem destinada à outro alguém? No meio de uma desilusão amorosa, Sarah Andrade encontra uma garrafa em uma das praias de Recife com algumas cartas dentro. Sua curiosidade a leva até Juliette Frei...