J. Freire.

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Juliette fechou o porta-malas com veemência. Havia chegado com apenas uma bagagem e, de repente, estava com outra cheia. Aquilo era, obviamente, fruto dos passeios pela cidade com algumas das madrinhas, mas principalmente Sarah, que insistia em entrar em todas as lojas que via pela frente.

— Vocês deveriam ficar para o almoço. — Pocah cruzou os braços. Os noivos estavam com um roteiro de viagem que incluía Natal, os famosos Lençóis Maranhenses e, por fim, uma viagem internacional à Torre Eiffel, em Paris.

— Infelizmente não podemos, ainda temos sete horas de estrada pela frente. — Juliette se apoiou na lataria do carro alugado. — Pocah, obrigada por me receber aqui, sério. Honestamente, nem senti essas quatro semanas passarem.

— Você foi louca o suficiente de aceitar, era o mínimo que eu poderia fazer. — riu. — Também queria agradecer por cumprir sua promessa.

— Que promessa, mulher?

— De me dar a festa de casamento mais bonita que eu poderia imaginar.

— Ei! — um nó se formou em sua garganta ao ver os olhos de Viviane se encherem de lágrimas. — Então faça o favor de fazer meu trabalho valer a pena e não se divorcie de Ronan pelos próximos dois anos.

Elas riram em sincronia e Juliette estendeu sua mão para um adeus, mas Pocah ignorou o ato e lhe enlaçou com seus braços.

— Se você sumir, eu apareço em Recife apenas para socar sua cara. Você é parte da família agora, não faça igual a Sarah.

Pocah realmente considerava Juliette e ao longo daquele mes, descobriram ter muito mais em comum do que imaginavam. Um deles era a paixão por canto, que mesmo a mais velha falando não ter nascido para aquilo, era como um hobby.

Além disso, a conexão que Juliette tinha com seu próprio trabalho era invejável. A empatia que teve com a história dos noivos era algo que, com certeza, fazia a mulher subir no conceito de Pocah. Não era como se ela estivesse lá por obrigação, e a noiva era imensamente grata por isso.

— Oh, as mulheres da minha vida! — olhou por cima de seu ombro. O cabelo de Sarah amarrado em um rabo de cavalo despojado conseguia deixar a loira ainda mais sexy. — Ronan está com problemas para ligar as mangueiras. Juro por Deus, aquele homem pode pintar um quadro, mas não consegue ligar um irrigador de jardim!

— Meu marido tem prioridades estranhas em relação às capacidades...

— Está pronta? — Sarah perguntou virando-se para a decoradora.

[ ... ]

Juliette estava visivelmente nervosa em relação ao que estava por vir. A verdade era que as duas estavam se atirando no escuro; sustentando uma história em pequenas verdades e arriscando um endereço antigo.

Enquanto acelerava para entrar na BR - 453, Sarah pensava em tudo o que tinha acontecido até ali: colocou fim no seu noivado no mesmo dia em que encontrou cartas escritas em 1942, conheceu uma pessoa incrível que a fez esquecer seu ex-noivo e agora pegava a quarta saída em direção à Santa Catarina.

O caminho havia sido um tanto silencioso. A loira sabia que a mulher estava tensa e que preferia se perder em seus próprios pensamentos em vez de conversar, então vez ou outra tentava iniciar um assunto, mas não se incomodava com o jeito introvertido que Juliette encontrou para encarar seu nervosismo.

Após sete horas de viagem, mais uma das belas cidade ao sul do país finalmente foi dando suas caras, com suas montanhas altas e praias gélidas.

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