A breve conversa com a loira havia sido totalmente confusa. Carta na garrafa? Com o seu sobrenome? Loucura demais! Juliette admitia que a coincidência era um tanto curiosa, mas era praticamente impossível. A única Janet que conhecia era a dona de uma barraca de pãezinhos no final da rua. E apesar de comprar quase toda semana, ela definitivamente não havia sido responsável por nenhuma carta de amor destinada à mulher.
Assim que Sarah saiu da sala, Camilla se fez presente. Três batidas na porta sem ser anunciada, típico.
— Você é abusada demais, De Lucas! — exclamou ao sentir seu perfume invadindo a sala.
— É meu sobrenome. — respondeu jogando para trás algumas de suas longas trancinhas. — Tudo pronto para hoje à noite?
— Tudo pronto. — se deu por vencida após milhões de súplicas vindas de Camilla ao longo dos dias.
— Consegui falar com Hannah, Giu e Lara. Debora e Huayna estão incomunicáveis, mas a gente tenta no meio do caminho.
— Tudo bem. — respondeu por alto. Honestamente, Juliette estava mais interessada em seu trabalho.
— E amanhã... — Camilla tentou aproveitar-se da falta de atenção da decoradora, mas ela estava em todo lugar.
— Amanhã não dá, Cami. Já disse que tenho almoço em família na casa dos meus pais e não posso faltar.
— Tudo bem! Mas por favor, me traga um pedaço da torta de maçã que sua tia faz, senão não te deixo ir! — pediu fazendo um bico exagerado e arrancando uma risada da amiga.
— Se a torta resistir de Campina Grande até Recife e Washington não comer tudo... — deu os ombros.
Camilla de Lucas era sua melhor amiga e parceira de trabalho. Na verdade, costumava ser chefe do departamento de Buffet e Degustação, mas sua mente louca a fez pedir transferência para a área de decoração. Isso aproximou as duas em níveis extremos e a negra virou seu braço direito na empresa.
Juliette considerava Camilla como a sua única pessoa em Recife. Claro que tinha outros amigos, mas nenhum deles chegavam aos pés da amizade que tinha com a negra; ela era especial. Freire dizia que havia sido amor a primeira vista, já que as duas se deram bem no exato momento em que trocaram as primeiras palavras no elevador da Clair de Lune três anos atrás.
— Lírio azul! — Camilla contava uma longa história sobre como teve que cobrir uma mudança de planos em cima da hora por parte dos noivos. — Imagina eu ligando para todos os fornecedores do planeta para conseguir dias antes do casamento.
Juliette riu do drama feito pela mulher. Ela conseguia ser bem dramática quando queria.
Freire olhou as horas no relógio de pulso que marcava 19. A conversa havia se estendido pelo dia inteiro e elas nem se deram conta de que já era tão tarde.
— Vocês vão madrugar nessa sala, é? — Vitoria questionou ao abrir a porta.
— Nem pensar! — Camilla arregalou os olhos levantando-se rapidamente. — Hora extra em plena sexta-feira não rola, Juli.
A mulher se deu por vencida, a verdade é que também estava exausta.
— Bom, eu vou na frente, esteja pronta às 21h. Não vou esperar um minuto sequer, Freire! — a negra gritou passando pela porta.
Juliette rolou os olhos arrumando a bolsa e resolvendo alguns detalhes com Vitória antes de sair.
— Me lembre que eu preciso entrar em contato com o mesmo fornecedor de antes. Lydia Soares quer bexigas veganas em tons metálicos e amarílis vermelhas. — comentou saindo da sala. — Vai ser trabalhoso encontrar nessa época do ano, mas não podemos fracassar. Cliente importante!
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WINE.
Fanfiction| Concluída | O que você faria se encontrasse uma mensagem destinada à outro alguém? No meio de uma desilusão amorosa, Sarah Andrade encontra uma garrafa em uma das praias de Recife com algumas cartas dentro. Sua curiosidade a leva até Juliette Frei...