26_ chapter twenty-six

844 87 7
                                    

3/6

Assim que Camila disse aquilo eu congelei por completo, minha garganta pareceu se trancar por alguns segundos.

Eu não me mexi e nem disse nada, apenas continuei olhando para ela.

- Eu não deveria ter contado isso, não é? - Ela fez uma careta e me olhou de volta. Eu ainda não conseguia falar, parecia impossível. - Sei que não deveria ter deixado isso acontecer, tínhamos um acordo, apenas relação carnal, nada de envolver sentimentos...

De primeira eu tinha achado que ela estava apenas brincando, mas assim que ela disse isso minha ficha caiu. Camila estava falando sério.

- Eu não sei se eu estou gostando de você de novo, ou meus sentimentos continuaram os mesmos desde a primeira vez, mas isso não importa, me desculpa mesmo, eu tentei não me deixar levar, mas foi impossível! Eu odeio sentir essas sensações outra vez, não mudou nada, sempre que eu te vejo meu estômago dá um nó, só de você me tocar ou falar meu nome minha respiração fica mais pesada do que nunca, eu sei que não deveria ter contado, mas eu tenho certeza que se eu segurasse isso por mais um tempo, eu iria explodir.

Mesmo que tentasse ao máximo respondê-la, minha boca não me obedecia. Meu corpo todo parecia ter ficado anestesiado, não conseguia mexer um dedo sequer.

- Fico até feliz de ter te contado isso, mas... Acho melhor eu ir. - Ela se levantou da balanço e abaixou sua cabeça enquanto se afastava.

Precisei de alguns segundos para respirar fundo e me concentrar. Me levantei e fui quase correndo atrás dela.

- Camila! - Chamei ela, já que nesse curto período de tempo ela já estava um pouco longe. Camila não chegou à parar de caminhar, apenas diminuiu sua velocidade.

Enquanto eu me aproximava dela, suas palavras passavam pela minha cabeça um milhão de vezes.

Eu não estava realmente preocupada em ela ter "quebrado" nosso acordo, fiquei preocupada ao notar que eu me identifiquei com o que ela disse... Talvez eu também sentisse o mesmo ao vê-la, minha respiração também ficava pesada ao sentir o toque dela e ouvi-la chamar por meu nome.

- Não foi só você que quebrou o acordo... - Disse de uma vez e ela parou de caminhar, me deixando finalmente chegar até ela.

- Você não precisa falar isso para eu me sentir melhor, Lauren. - Ela respondeu e suspirou.

- Mas eu não estou falando por isso, é recíproco, Camila. - Limpei minha garganta, eu estava meio envergonhada por ter percebido isso só agora.

- É sério? - Ela me olhou e tinha um sorriso gigantesco em seu rosto, acabei não me segurando e sorri de volta.

- Sim, é. - Senti meu rosto queimar levemente. De repente o sorriso de Camila morreu por alguns segundos. - O que foi?

- Ah, nada. - Ela deu de ombros.

- Camila? - Insisti.

- Tudo bem... É só que, tipo, o seu último relacionamento oficial foi com a Lucy, não foi?

- Bem, sim, mas o que isso tem a ver?

- É que ela é a Lucy, você gostava dela e de repente começa à gostar de mim? Sabe? De mim? Eu? Logo eu?

- Que paranóia é essa? - Franzi minha sobrancelha.

- Quer dizer, eu sei que eu não sou perfeita, não sou nada comparada à Lucy, sou praticamente um zero à esquerda. - Ela suspirou.

- E isso deveria ser ruim? - Perguntei confusa. - O meu relacionamento com ela foi péssimo, horrível, eu fico feliz por não ter mais nada com ela, então por quê iria ser ruim gostar de você que é totalmente diferente dela? Sua personalidade é o oposto da dela, você se importa com as pessoas ao seu redor, você é adorável, gentil... - Me aproximei ainda mais, emoldurei seu rosto com minhas mãos e à beijei.

Senti os braços dela rodearem meu corpo, me abraçando e me esquentando.

- Por que quase sempre que saímos, começa à chover? - Ela perguntou e sorriu, assim que separamos o beijo.

- Eu não sei. - Ri e olhei em volta. - Nós estamos literalmente no meio da rua, é bom irmos para a calçada, não é?

- É, é melhor. - Ela sorriu. Voltamos para o mesmo balanço que estávamos antes. - O que nós vamos fazer agora?

- Eu também não sei... Vamos só deixar rolar.

- Me parece ótimo.

- Para mim também.

(...)

Eu fiquei naquele parque conversando com Camila até o anoitecer. Notei que já eram quase onze horas da noite quando minha mãe me ligou perguntando aonde eu estava e que ficou preocupada.

- E eu acho que foi depois disso que tudo começou à dar errado para ela. - Camila terminava de contar uma história.

- Depois disso? Para mim está dando errado desde o começo. - Ri e ela fez o mesmo, já estávamos em frente à minha casa, já que a garota fez questão de vir até aqui comigo.
- Então... Tchau e obrigada por me acompanhar, senhorita.

- Bom, tchau e não foi nada. - Camila sorriu imediatamente, nem eu entendi o motivo.
- A ficha ainda não caiu para mim.

- Ficha de quê?

- De que é recíproco. - Assim que ela me respondeu sorri inconscientemente.

- Também é novidade para mim. - Abracei ela mais uma vez e Camila fez o mesmo.

Ficamos um bom tempo ali, até que ouvi um barulho vindo da minha casa, era um baixo ruído de chaves, o que significava que estava no horário da minha mãe voltar para a empresa.

Me afastei rapidamente de Camila e a porta se abriu, mostrando minha mãe, como eu havia adivinhado.

- Lauren! - Ela sorriu e me abraçou, foi tão rápido que eu nem tive reação, fiquei parada.

- Ah, oi. - Dei um sorrisinho de canto.

- Eu fiquei preocupada... Por quê não me ligou para dizer onde você estava? Quando eu cheguei em casa seu irmão disse que nem tinha tido sinal de você.

- É... Só fiquei um tempo andando por aí, não precisava se preocupar. - Em seguida ela me soltou, beijou minha cabeça e se virou olhando para Camila.

- Oh, olá! - Cumprimentou Camila e estendeu sua mão. A garota pareceu congelar por alguns segundos, mas logo fez o aperto de mão.

- Oi! - Sorriu nervosa.

- Mãe, essa é Camila Cabello, Camila, essa é minha mãe Clara. - Disse dando de ombros, tentando manter uma apresentação casual. - Estava com Camila a tarde inteira, não precisa se preocupar.

- É um prazer, Camila.

- O prazer é todo meu, Sra. jauregui... - Ela limpou sua garganta. Conversei mais um pouco com minha mãe, mas em seguida ela saiu.

- É impressão minha ou você está um pouco nervosa? - Perguntei rindo.

- O-O quê? É impressão sua!

- Será mesmo?

- Não, eu estava um pouco de nervosismo. - Respondeu e mordeu seu lábio inferior.

- Por que?

- Eu sei lá... Era sua mãe, só entrei em desespero e se ela não gostasse de mim? Não fosse com a minha cara e me expulsasse daqui correndo atrás de mim com uma vassoura? - Comecei à rir.

- Está de brincadeira? É impossível alguém não gostar de você.

- Mesmo assim.

- Espera, você não já tinha conhecido a minha mãe?

- Eu? Não faço a mínima idéia. - Deu de ombros. - É melhor eu ir para casa, não quero preocupar a minha mãe também.

- Tudo bem, tchau de novo e tenha uma boa noite. - Abracei ela uma última vez, lhe dando um selinho.

- Te digo o mesmo, senhorita jauregui. - Ela riu e saiu andando de costas enquanto me olhava. Disse que só iria se virar quando eu entrasse em casa, para ter certeza que eu iria ficar em segurança.

Foi assim que ela tropeçou em uma pedra que estava no meu quintal e caiu para trás de forma desengonçada.

🍎 ༄ 𝕭𝖆𝖉 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 ━━ 𝗞𝗰𝗰 . 𝗟𝗷𝗺  Onde histórias criam vida. Descubra agora