A nuance de frescor quente da manhã é trazida por Keith ao clima bastante árduo entre mim e Jac.
--- Quem ta cuidando da cabina? --- diz Keith.
Jac caminha para a guarita, move os lábios para pronunciar algo enquanto volto ao equilíbrio de antes, forço um sorriso para Keith.
--- Isso nem é da sua conta novata! --- atua Jac me deixando aliviado. --- Devia pegar umas aulas antes de usar essa arma, o Corvo não se recusaria, acredito. --- mesmo assim ela não perde a chance de me colocar junto de Keith.
--- Se quiser... --- consigo falar --- é claro.
--- Manobrar não é difícil... --- diz Keith para mim. Em seguida para Jac --- você teria mais dificuldade, acredito!
--- Vai se ferrar! --- Jac deixa escapar a raiva. E manda um olhar apertado para mim, como se estivesse no fim de sua atuação.
--- Ei...--- Faço um sinal de sobrancelha para que Keith venha.
Sigo para o outro lado do asfalto, onde há um capim selvagem seco e poucas árvores ao fundo.
--- Algo estranho acontece aqui, não é? --- diz ela passando a frente.
--- Sim. Estamos todos no limite. E seu jeito acabou por despertar um escape, sinto muito.
Em parte eu não estava mentido para Keith embora ela fosse muito esperta. Levando em conta o gene que corria pelo seu corpo faltava bem pouco para nossas máscaras caírem, esse erro eu não poderia deixar acontecer.
--- Já estamos bem distantes do acampamento, tudo bem? --- falo vendo ela se cobrir por trás dos troncos grossos.
Caminhei depressa deixando a campina amassada por onde passava, circulei pelo perímetro contornando as árvores e quase a chamei, no entanto as marcas na relva pararam após as minhas.
Para onde ela havia ido!? A medida que observava as pegadas tentei encontrar uma diferença entre elas, só havia os espaços onde eu pisara, uma sombra sob o sol pousou sobre a abertura das árvores.
--- Como rastreador você não é tão bom quanto parece. --- ouvi Keith falar acima de mim.
--- Keith? --- falei mas ela não respondeu. --- Que rastreador?
--- Um de vocês esteve me caçando ou me seguindo...
Vejo um vislumbre do rosto dela. As palavras fugiram da minha cabeça, reagi, desci a mão por cima do chicote e o lancei. Ficou esticado entre nós, como um elástico, Keith segurava a outra ponta.
--- Como teria feito isso? Te conheci no acampamento. --- desconversei, apesar de ser quase uma verdade.
--- Existe inúmeras formas... a mentira é uma delas.
Assim sinto a resistência diminuir na extremidade do chicote e puxo até mim. Ela havia desistido de me atacar?
--- Eu não teria dado a você uma das minhas melhores armas se o que está dizendo fosse verdade. --- falo em defesa.
A sombra de seu corpo também se vai com o meu movimento, onde ela está?
--- Ouça bem eu quero que grave essas palavras...
Passado um segundo após a adrenalina na minha respiração, a mente de rastreador se abre para o cheiro de Keith vindo pelo sul.
--- Se ousar... --- ela enfim inicia ainda distante pois apenas ouço seus lábios se moverem --- tocar em mim, não vou precisar mais de você.
A garota dizia está me dando uma chance, digamos que ainda não era a hora dela também. No entanto a cautela seria a melhor forma de guiar essa situação, nem de longe queria Keith Séllon furiosa, podia ser o nosso fim.
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SÉLLON - Saga Rajadas de Vento - Parte II
Fantasy#2 ficcion - 27.09.2022 #1 ficcion - 11.12.2021 ⚠CONTÉM CENAS COM GATILHOS VIOLENTOS! A meta humana originária das antigas Strixs está na sua timiline!!! Keith quer a liberdade de seu distrito, a posse da sua vida. Nas suas recordações mais antigas...