As mechas de um loiro escuro cobriram o rosto meigo de Keith com uma lufada de ar.
Os passos estreitos pararam diante de mim, ela apertava os dedos envolta do punhal inclinado para a relva.
--- Posso me aproximar? --- pergunto.
--- Pode...--- diz ela e dou um passo em sua direção --- fica com isso! --- paro de súbito, Keith joga o punhal na frente dos meus pés.
--- É um presente. --- digo apanhando o punhal.
--- Era! Mas você ainda pode se redimir.
--- O que eu fiz para ter que me redimir com você? --- a voz sai um tanto ressentida, sem motivo mas sai.
Ela balanceia a cabeça percebendo com deboche.
--- Lançou esse chicotinho para mim. --- disse Keith.
Ela chamou de chicoti...não ouso repetir nos meus pensamentos, engoli em seco.
--- Se você recusar vou supor que estou certa e... --- ela move os dedos da mão. --- quanto você pesa? --- pergunta Keith.
--- Aonde quer chegar ? --- pareço impaciente, fico me perguntando.
--- Ontem, no galpão do acampamento, você falou que saberia como me ajudar.
A mente dela parecia funcionar como a do velho Kayos, audaciosa quando necessária e vê-lá sob as sombras das árvores aguçava o cheiro dela em mim. Corri o risco de ficar cara a cara com o rosado nas bochechas de Keith, ela queria uma resposta minha não me calaria naquele momento, com certeza não.
--- Sim eu disse.
--- Como? --- Keith fala por entre os dentes num tom mais baixo pois já não estou tão longe, consigo sentir o calor emanar vindo dela.
--- Pelo mesmo jeito que veio, voltará. --- um sobressalto surgiu em seus olhos, ela se esgueirou para frente.
--- Impossível... --- diz ela se opondo. Mas resolve falar o desconcerto dos meus sentidos. --- Está me olhando assim por que?
--- Estou tentando não morrer hoje, obrigado. --- puxo o canto da boca.
--- Já impus minha condição, você aceitou. Vou supor que esteja falando a verdade. Está bem assim? --- diz Keith dando de ombros.
--- Estaria melhor, mas você discordou antes.
--- Discordei por que eu vim por um meio difícil de explicar e creio ter perdido. --- cabisbaixa ela não percebe que estou mais perto.
--- E se... --- falo quase sussurrando.
--- Se? --- ela levanta o rosto depressa fazendo seus lábios esbarrarem nos meus e ficam ali estacionados.
--- Seu cheiro é tentador. --- deixo escapar. Mas não ouço reposta apenas seu hálito quente emendar com o meu.
Distancio meu rosto de Keith, erguendo as mãos para talvez alcançar lhe seu corpo, no entanto escuto um veloz bater de asas fazendo com que abro os olhos de pressa. Ela gostava de desaparecer, provavelmente.
--- O acampamento!! --- ouço-na gritando.
Assim olho para cima, a garota seguia na direção dos muros depois do capinzal, de onde um braço espesso de fumaça se formava. Saio em disparada percorrendo o trajeto até onde estávamos residindo.
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SÉLLON - Saga Rajadas de Vento - Parte II
Fantasy#2 ficcion - 27.09.2022 #1 ficcion - 11.12.2021 ⚠CONTÉM CENAS COM GATILHOS VIOLENTOS! A meta humana originária das antigas Strixs está na sua timiline!!! Keith quer a liberdade de seu distrito, a posse da sua vida. Nas suas recordações mais antigas...