🔱 Sobreviventes 🔱

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RICHARD NARRANDO...

Acredito que as chances de ganhar seu perdão já serão bem menores daqui por diante mas nada me tira o prazer de te olhar assim tão quieta parece até um sonho.

--- Pensando em voz alta Richard? -- a voz de Anna adentra a sala especializada para mantermos o coração da minha caçadora, Keith, ativo enquanto ela repousava, suponho que falei ao invés de pensar por isso Anna ouvira.

--- Estou vendo se os sinais dela estão normais.--- De fato era a minha função embora Anna quisesse ficar informada de tudo e me manteve todo esse tempo aos pés de Keith, achando que fosse um cão de guarda, mal ela sabia ou desconfiava que aquela mulher meia humana também me pertencia então o momento acabou se tornando prazeroso.

--- Percebi... --- eu também percebera o sarcasmo dela ---...não quero você aqui, sozinho com ela, enquanto dorme. --- fiz questão de não clarear a imagem que ela fez de mim vendo a maneira como observava Keith, além do mais eu estivera cuidando dos outros quando só queria livrar-me deles. --- Fui clara?

Engoli sem dizer nada  apenas saí da sala logo o perfume dela invadiu o espaço enquanto a porta fechava-se.  Muito pespercaz mas era comigo que os desolados teriam que lidar. Por hora lembrei me de D'oze, toda a autoridade sobre os esquecidos parecia ter gosto dos velhos tempos, com toda certeza lá nenhum estaria respirando e já teriamos arrancado alguma coisa deles.

--- Degraus atrás de degraus para servir de babá, talvez eu seja uma piada para Anna.--- vou falando alto na intenção deles ouvirem --- É impressão minha ou vocês estão dormindo? --- o estilhaço de cascalho se espatifou na frente das selas com um simples chute no solo arisco, frio como era talhado em rocha vulcânica a iluminação não era suficiente então eu tivera que levar uma candeia, fora as selas que nós conseguimos em Décigus, todo o resto tinha tecnologia mais antiga. Ser discreto tem suas desvantagens. --- Levantem, isso não precisa ser tão barulhento, roncam sabiam disso?

Havia uma distância muito curta entre as duas selas portanto encontrei as duas mulheres mantendo contato visual, até a primeira perceber me.
No acampamento ela me acolheu, o impostor, já esperava aquela reação sentido-se subjugada, na dúvida eu a pouparia não faria nada com a mocinha ruiva, por Kinger. Sendo assim por instinto se moveu até as barras, faltou muito pouco para não tomar uma picadinha chocante.

--- Enganar a gente não foi o suficiente? Estamos presos nesse lugar deplorável, isso não é o suficiente? --- gritou Eloisa com sangue fervilhando em baixo da pele clara.

É óbvio, não precisaria dar à ela essa resposta mas o tal convidado de Eloisa se projetou para mim mantendo um limite pequeno assim como ela, até as faíscas deslizantes em ambas as selas.

--- Como escapou da gente em Têrcy? --- diz.

Eu tentava calcular como Eloisa e seu bando sendo tão inexperientes conseguira apoio de outro distrito.

--- Então estava me caçando, você não me conhece, conhece? --- aproximo-me. --- Tem muitas marcas de batalha para ser um simples simpatizante da rebelião.

Têrcy era um distrito sem arsenal nenhum para ter algum sucesso isso se deu no primeiro confronto, essas pessoas pareciam ter muita classe para serem soldados ou terem vínculos com mercenários, não é à toa que estavam na retaguarda de um bando de jovens desajustados, nunca viveram um inferno mas estão se opondo contra um governo covarde. Se soubessem quem eles realmente deveriam temer, já teriam se aliado a Kinger. O acaso não existia numa situação como essa a probabilidade era pequena demais de Têrcy ou qualquer distrito ao sul ter sobreviventes mas havia refugiados, encontraram uma maneira... mas qual?

SÉLLON - Saga Rajadas de Vento - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora