SÉLLON - Saga Rajadas de Vento - Parte II

🔱 Prólogo 🔱

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Tudo estava saindo como mamãe havia planejado a não ser pela minha insistência para dormir mais tarde já que havia comido muito doce.

Os convidados a dançar ao som de uma valsa lenta no salão, os arranjos de flores perfurmavam o ambiente, o candelabro sobre os que dançavam iluminava tanto quanto o sorriso dos meus pais.
Quando a música terminou percebi que o Sr. Kayos vinha na minha direção.

-- Você já ficou tempo demais acordada Keith...

-- Mas pai! -- retruquei.

-- Vamos eu lhe conto uma história antes.

-- Só se for a história do vovô.

-- Ta bem Keith, agora vá dar um beijo na sua mãe.

Levantando-se fui até ela, que pausou a conversa com o tio Lim parecendo preocupado forçou um sorriso para mim.

-- Boa noite querida.

-- Boa noite tio Lim!

Ele não era meu tio de verdade mas era amigo da família. Mamãe abraçou-me.

-- Depois passo no seu quarto.

-- Está bem mamãe.

Após dar lhe o beijo corri para o Sr. Kayos que levou me para meu quarto.

Enquanto me ajeitava na cama ele olhava para a porta do quarto do outro lado no corredor. Era o quarto de Keila, minha irmã caçula, que fazia dois aninhos na noite mais longa do ano ou também conhecida como solstício de inverno.

-- Então Keith pronta?

-- Sim... -- Ele veio e sentou-se na beirada da cama.

-- Quando eu tinha a sua idade... na verdade um pouquinho mais velho que você...seu avô me contou a lenda da Strix, que dizia o seguinte:

A mãe de todas as aves voava durante a noite mais longa do ano para presentear crianças obedientes com um dom muito importante. Ela fazia isso para não se sentir sozinha pois as aves não tinham raciocínio e apenas repetiam suas rotinas. Essas crianças quando cresciam eram chamados de Metas por que...

-- Com licença -- disse Lim ao bater na porta -- Kayos precisamos de você lá em baixo, eu fico com ela.

A expressão franzida no rosto de Lim convenceu meu pai a ir.

-- Oi Srta. Séllon qual história ele tava contando? -- Sem
respondê-lo fiquei sentindo uma sensação estranha, desci as pernas para sair da cama.

-- Aonde vai? Keith?

Ele me seguiu, não fomos tão longe pois parei na escada.

-- Cadê todo mundo tio Lim?

-- A festa já estava no fim. Vamos?

-- Não! -- mas ainda havia dois senhores conversando com meus pais, lembrei que os tinha visto próximo do berço de Keila mais cedo na sala. -- Tio Lim aquele homem tá brigando com a mamãe? O que ela fez?

-- Eles tão só conversando! -- a voz de Lim tremeu um pouco.

Do saguão meu pai subiu rápido as escadas nos encontrando. Um arrepio me deixou com medo fazendo meus olhos lacrimejar ao ver que mamãe entrara no escritório de modo forçado.

-- A mamãe? -- gritei.
-- Keith meu anjo escute... -- ajoelhando meu pai falou olhando nos meus olhos -- Você vai ter que ficar com o Salim enquanto eu e sua mãe vamos fazer uma viagem para a Capital. -- pela a voz trêmula ele estava mentindo para mim, olhei para tio Lim que também estava nervoso.

-- E a Keila? -- perguntei.

-- Sua irmã vai comigo, ela é muito pequena e você não vai poder cuidar dela nem o Salim das duas, você entende? -- Fiz que sim com a cabeça. -- Que bom, não esqueça que tanto eu como sua mãe amamos você.

-- Kayos quanto a Keith pode ficar tranquilo! É uma promessa. -- Disse meu tio a meu pai, no final nós nos abraçamos e peguei na mão do tio Lim, nisso eu vi que na outra mão ele tinha uma mochila, não lembro de tê-lo visto pegá-la.

-- Eu não saberei te agradecer por isso. -- Eles também se abraçaram.

-- Não precisa! Nós vamos sair pela garagem. -- Tio Lim falou referindo-se a me e ele.

-- Eu te amo Keith! -- ouvi o Sr. Kayos dizer antes de entrar no quarto da minha irmã e nós, eu e Lim, ir para a garagem.

Lá o carro dele nos esperava. Alguma coisa havia acontecido mas eu era nova demais para entender, resolveram me poupar de tudo e me mantiveram longe de casa.

Se passaram dias, meses e anos para que eu entendesse que aquela viagem foi apenas de ida.

Continua...