Shivani Paliwal
Sete da manhã.
Era o horário marcado na tela do meu telefone. Bem, pelo o menos eram os números que eu reconheci depois que minha visão turva se ajustou à luz do aparelho e ao brilho sol vindo da janela.Minha cabeça doeu. Doeu de forma tão pungente que eu precisei fechar meus olhos com força, pressionando o meio da minha testa com a ponta dos dedos para tentar controlar a dor.
Droga.
O que tinha acontecido?Quando consegui abrir os olhos, vi um copo com um líquido estranho na cômoda ao lado da minha cama. Perto do copo estava minha antiga xícara rosa com resto de chá, um outro copo d'água, um comprimido e um pequeno papel.
Um bilhete, me dei conta.
Esticando meu braço, ainda sentindo aquela dor terrível na cabeça, peguei o pedaço de papel e tentei focar nas letras, ainda confusa demais com aquelas bebidas e o comprimido ali do lado.
Tentei buscar alguma lembrança da última noite, mas tudo era um borrão. Me recordava de ajudar Savannah a arrumar a casa pra a festa, de me sentir muito bonita no meu vestido, de fazer o delineado de Savannah...
Me lembrava de ficar triste e me sentir sozinha, de dançar com as meninas na pista, de um copo... de um copo rosa com uma bebida pra lá de boa, e...E eu não estava gostando nem um pouco para onde aquelas lembranças estavam me levando.
Me esforcei para prestar atenção naquele conjunto de palavras na minha frente e fazer com que fizessem sentido:
"Tome o remédio e a bebida com cheiro estranho.
Vai te ajudar com ressaca!"Ressaca?
Espera, aquilo era de...
"E, ah, você baba enquanto dorme. É nojento."
O bilhete, que não continha nenhuma assinatura, sequer precisava. Era claro como água o autor daquelas palavras nada amáveis e da caligrafia infantil.
Bailey. O bilhete era de Bailey.
Mas por que ele tinha ...?E então aquilo foi o estopim. O que eu precisava para que as lembranças me atingissem como uma avalanche, me deixando tonta enquanto tentava me sentar na cama.
Bailey.
Bailey me tirou da festa, Bailey me levou pra casa, Bailey... cuidou de mim?Droga. Eram muitos borrões e palavras confusas.
Bailey gritou comigo. Na cozinha de Savannah, disso eu me lembrava. Ele parecia decepcionado e raivoso, e seus olhos... seus olhos perdidos quase me deixaram desorientada.
E ele me carregou. Me carregou pela escadaria até meu quarto. Me entregou um líquido estranho que parecia chá e disse coisas das quais eu não me lembraria — nem se fizesse muito esforço.
Mas ele esteve ali. Bailey velou meu sono — se não pela noite toda, por boa parte dela, eu estava certa. E eu não precisava me esforçar muito para saber que, se tínhamos chegado àquele nível, com certeza eu tinha aprontado. E o decepcionado.
Engoli o comprimido que ele tinha deixado, tampei o nariz para beber aquele líquido amarelo estranho, rezando para que aquela dor passasse logo e saltei da cama.
Passei pelo corredor, espiando a greta da porta dos meus pais que roncavam alto e sequer imaginavam o fim da noite passada.
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Lugar Seguro - Shivley Fanfic
FanfictionApós a tragédia que tirou a vida do seu primo e melhor amigo, Bailey May se vê num difícil dilema: dar suporte aos seus amigos e família enquanto tenta - com muito esforço - seguir em frente. Em seu desespero por utilidade para com as pessoas que lh...