Capítulo 25

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Bailey May

Eu não sabia dizer em que momento eu decidi que ignorar Shivani e assisti-la a uma distância confortável durante toda a festa seria uma boa ideia. Muito menos o momento em que eu decidi que sair de onde eu estava para levá-la para casa também resultaria em algo bom. Sendo honesto, a sensação era quase como se eu sequer pudesse controlar minhas ações. Meus pés se encarregaram de ir até ela; um extinto protetor irrefreável que já estava me dando nos nervos àquela altura.

Havia quase quatro horas que eu apenas a observava. No começo, ela parecia amuada, até mesmo triste, mas não demorou muito para que a puxassem para a pista e ela começasse — ou pelo o menos parecesse — estar se divertindo de fato.
Ela dançava. Parecia leve e quase feliz, mas atrás dos seus olhos, que ficavam mais nebulosos e distantes aos poucos, era possível reconhecer uma dor tentando ser escondida a todo custo. Mas estava ali. A dor estava bem ali, e refletiu bem no meu peito.

Como se aquela distância não estivesse sendo difícil o suficiente, naquela noite ela estava linda. Excepcionalmente linda. E não poder me divertir com ela ou ao menos estar por perto estava me matando.
O único conforto era saber que meu principal desejo para aquela noite, que era que ela de fato se divertisse, parecia estar se concretizando. Mesmo sem mim.

Ou bem, eu pensava que estava se concretizando. Talvez eu estivesse tão focado em não parecer um idiota olhando pra ela como se fosse a única fonte de luz do mundo — o que não estava muito longe da verdade, sendo franco — , que eu não percebi o momento em que seus movimentos ficaram leves demais, em que seus pés mal pareciam mantê-la no chão e suas expressões foram substituídas para um rosto perdido e um tanto avoado.

Ah, ótimo.
Shivani estava bêbada.

Eu não iria até ela. De jeito nenhum. Ela nunca tinha se comportado daquela forma, mas se chegou àquela situação deplorável, em que mal conseguia dar dois passos sem tropeçar, com certeza arrumaria um jeito de sair dela. Eu não seria aquele que resolveria o problema.
Eu estava passando a noite com Sabina, com alguns amigos e pronto. Eu não deveria nem estar me preocupando...

Até Shivani começar a conversar com aquele garoto.

Não, eu não sou um idiota possessivo e não, eu também não vou mentir e fingir que não sei o que é sentir ciúmes. No entanto, o que eu senti quando vi aquele garoto chegar tão perto dela, enquanto Shivani parecia tão vulnerável e fora de si, não estava nem perto de ciúmes.
Uma urgência tão grande de mantê-la segura sob meus braços e a vontade de arrancar a cabeça daquele menino e colocar na minha sala se ele sequer a tocasse impediram meus pés de continuarem plantados no chão e, quando me dei conta, já nem estava perto do meu grupinho.

Meus braços já seguravam uma bêbada falante, relutante, teimosa, escandalosa — e com tapas um tanto dolorosos.
Shivani discutia comigo, implorando pela bebida e um raio de copo rosa que a deixou naquele estado.

"Não que tome conta de mim! Que inferno, Bailey! Porque é que você se importa!?" — ela disse.

Mas eu já estava de saco cheio. Era tudo demais. Sentimentos demais, confusões demais, discussões demais...

Como ela sequer duvidou do porque eu me importar?
Era tudo o que eu vinha tentado fazer nos últimos meses: mostrar o quanto eu me importava!

— Acredite quando eu digo que tudo seria muito mais fácil pra nós dois se eu tivesse entendido isso meses atrás! E se você duvidou, mesmo que por algum segundo, que eu não me importo com você, então talvez depois de todo esse tempo, eu não tenha feito nada certo, afinal!

Lugar Seguro - Shivley FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora