Capítulo 2

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Votem se gostarem!✨✨

Shivani Paliwal

Uma vez me disseram que a morte é a forma mais injusta de dizer adeus. Eu nunca tinha pensado muito bem a respeito, na verdade. A morte nunca foi um assunto que perturbava meus pensamentos, não até eu me deparar com ela. Bem, até meu namorado se deparar com ela.

Noah Urrea era o meu melhor amigo muito antes, na verdade, de eu aprender a ler. Crescer ao lado dele me rendeu os melhores momentos, as mais sinceras risadas e uma alegria que eu estava certa, jamais poderia sentir de novo. O posto de namorado era até recente, mas o compromisso que tínhamos, a necessidade de colocar as necessidades um do outro acima das nossas, era mais antigo do que eu seria capaz de dizer.

Meu namorado era uma verdadeira estrela. Era doce e amável, conquistava todos com o seu charme e simpatia. Um amante de música inigualável. Tocava todos os instrumentos possíveis com a maior das destrezas e ainda tinha a voz mais linda que esse mundo já ouviu. Estava sempre por aí fazendo com que todos ao seu redor se sentissem felizes, não importava quem fosse, e sempre dava um jeito de fazer piada com qualquer coisa, só para vê-las sorrir.

Em segredo, ele também era apaixonado por astrologia. Acreditava em signos e tudo mais, sabia o mapa astral de toda a família de cor e salteado, e ainda desenhava todas as constelações quando tinha a oportunidade.

Noah amava crianças. Sua família era enorme e ele tinha tantos primos que mesmo depois de uma década, acho que não decorei o nome de todos. Quando haviam festas de família em sua casa ele passava todas as suas horas com as crianças, correndo pelo quintal, fazendo peças com fantoches e brincando de tudo o que quisessem. Às vezes era difícil de se lembrar que ele tinha dezoito anos, não oito.

Ah, e ele me protegia como ninguém. Se pudesse, estou certa de que Noah me colocaria numa caixinha. Não para cercear minha liberdade, mas porque não havia nada no mundo mais importante para ele do que me ver segura, do que me ver feliz. Por tanto tempo deixei que ele cuidasse de mim e não pude retribuir no momento que ele mais precisava.

Ele costumava me dizer que me amava com cada átomo do seu ser, que seu amor era tão verdadeiro e antigo, que existia dentro dele desde a época em que éramos todos estrelas nesse universo. Eu sempre respondia dizendo que ele era a parte mais importante do meu, mas quando o vi no hospital, a um triz do sono eterno, eu tive certeza que meu universo todo era ele, e saber que não poderia salvá-lo doía em cada maldita célula.

Eu estava lá quando ele partiu. Quando o maldito uníssono daquela máquina estúpida ecoou por toda sala, anunciando para todos que Noah já não estava mais entre nós, eu estava lá, encolhida num canto, implorando à todas as forças divinas que o fizessem ficar.

Bem, nenhuma delas me ouviram. Se ouviram, não fizeram questão de atender meu apelo. Ele se foi.

Nenhum castigo, nenhuma perda, nenhuma dor seria maior do que a que eu estava sentindo. Nada jamais poderia me ferir mais do que sua falta, do que saber que jamais veria seu sorriso, ou que jamais poderia tocá-lo outra vez. Noah agora descansava no paraíso, porque duvido muito que uma alma tão boa pudesse ter qualquer outro destino que se não o bom lugar. Mas ainda era difícil demais entender sua ausência. Parte de mim achava que eu nunca entenderia.

— Acho que você deveria comer mais um pouco. — Era Savannah. Devia fazer uns dez minutos que ela discursava sobre a importância de me alimentar bem, já que eu estava muito fraca e desmaiaria mais uma vez por queda de pressão se não deixasse aquela colher entrar na minha boca naquele segundo. Minha mãe já tinha quase desistido de me fazer comer, eu mesma já tinha desistido. Eu não sentia fome, não sentia nada. Escutei Savannah suspirar. — Odeio te ver assim...

Lugar Seguro - Shivley FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora