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Eu liguei para minha mãe e avisei que não iria pra escola, passei a tarde deitada no sofá. Bernardo me ligou mais cedo e avisou que mais a noite iria vir aqui, depois disso ele começou a ignorar minhas mensagens e ligações, talvez esteja ocupado, eu não sei.

Na TV ainda está passando reportagens sobre o policial morto na porta de casa, estou tão entediada que olhar pro teto está me dando vertigem. Me levanto e calço o chinelo, vou aproveitar que o sol está baixando para andar na praia, pego meu celular e as chaves e saio de casa.

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Depois de muito andar pela areia, finalmente me sentei, tem algumas pessoas jogando vôlei e algumas crianças brincando, gosto de vir a praia em dias da semana pois na maioria das vezes está silêncio comparado aos finais de semana.

O sol já desapareceu e começou a ficar escuro, tomo coragem para voltar pra casa, um grupinho de garotos se aproxima de mim e ficam me olhando de longe, reviro os olhos e me levanto e saio andando em direção ao calçadão, quando um deles grita;

- Loirinha? Se já te vi com o beni- paro assim que escuto o nome de Bernardo- sou eu gatinha, BMO- olho para trás e dou um sorriso sem mostrar os dentes

- ah, oi- continuo sorrindo

- ele ainda tá no corre?- meu sorriso se desmancha- deixou até você sair sozinha, ele tá levando a sério essa vida no morro né- ele se aproxima mais

- Não acho que seja da sua conta o que ele está fazendo- falei seria

- ah, é- ele da risada- esqueci que você é filha do CL, não vai se importar se seu namoradinho também matar gente- ele coloca as mãos para trás e eu ergo uma das sobrancelhas- o que? Ele não te contou? O polícia que tá passando no jornal, aquele lá que seu namorado matou

Eu saio andando e posso sentir minhas bochechas ficarem mais quentes a cada passo que eu dou. Ando em direção ao meu prédio mas a cada minuto que se passa um turbilhão de pensamentos invadem a minha mente, não é verdade, ou é? Na noite do assassinato ele sumiu, ele está sumindo todos os dias.

Chego em frente ao meu prédio e vejo Bernardo com um buquê de flores e um balão de coração, engulo seco

- você matou ele?- perguntei antes mesmo que ele pudesse dizer algo

- o que?- ele da uma risada sem graça- tá doida loirinha?

- o policial que está passando nos jornais Bernardo- respirei fundo- foi você?

filha do tráfico - segundo livroOnde histórias criam vida. Descubra agora