filha do tráfico - segundo livro

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Chegando na escola encontrei clara e Matheus, era "bom" estar de volta em algumas atividades que tive que me distanciar, mas nesse caso não gosto da situação.

- como se sente?- Matheus que não tirava um sorriso dos lábios perguntou

- entediada- respondi

- você sempre tá entediada Cailly- Clara riu e eu dei de ombros

- Cailly- ouvi Augusto me chamar- não lembrava que voltaria hoje

- claro, você não presta atenção no que digo- eu sorri

- não me irrita não, tô sem paciência hoje- ele se aproximou mais, juntos com seus amigos

- eai Cailly- Pedro, um dos amigos de Caio falou- se tá de volta né

- se eu tô aqui é meio óbvio que sim né- falei

Minutos se passaram e continuamos ali no pátio, escolas particulares não é isso que todo mundo pensa, eu frequentava uma Escola pública quando criança, lá por volta dos meus 5/6 anos e sinceramente prefiro aquele ambiente com cantigas que envolviam atirar o pau no gato do que aqui. Onde o diretor olha para as alunas e se você chegar 5 minutos atrasada não passa do portão, e a mensalidade é alta. O sinal tocou e seguimos para as nossas salas, eu e Anne éramos da mesma turma, mas por enquanto eu ainda não a vi, talvez tenha faltado. Chegando na sala vi que uma menina estava sentada no meu lugar, eu nunca tinha visto ela na escola, provavelmente é transferida

- da licença? Você tá no meu lugar- eu falei

- seu nome não tá escrito aqui querida- ela me olha de cima baixo

- olha- eu respirei fundo- eu tô tentando lidar com você com educação, mas pelo visto você é uma ignorante do caralho- peguei a mochila dela que estava sob a mesa e joguei no chão- sai do meu lugar

- é melhor você sair daí Maitê, esse daí é a garota louca que tínhamos te falado- Alec, um dos meu colegas de classe disse

- é, eu sou louca- eu sorri sem mostrar os dentes- então sai porque senão eu vou meter a mão na sua cara

Ela levantou da carteira sorrindo, e eu finalmente pude me sentar. O restante dos alunos foram entrando na sala, inclusive Anne que se sentou ao meu lado. As aulas passaram lentamente, as quatro primeiras aulas sempre eram assim, cansativas e tediosas.

- oi Cailly- minha professora de filosofia apareceu na minha frente absolutamente do nada

- oi professora- olhei para ela, que como sempre usava um blush forte e sombra azul marinho

- fico feliz em te ver- ela sorriu- espero que não aconteça nada como da última vez

Da última vez que ela se refere, se trata de um surto psicótico que tive durante uma das aulas dela. Estávamos fazendo um painel sobre Shekespeare e por um momento de alucinação da minha parte, acabei cortando meu pulso com uma tesoura que usávamos no momento. Era um corte grande e profundo que me causou grande perca de sangue e uma grande cicatriz

- não se preocupe, eu corto outra pessoa- fui sarcástica, mas ela obviamente levou a sério e seu sorriso se desmanchou- é brincadeira

- ah, claro- ela saiu andando e voltou a explicar algo na lousa, que eu sinceramente não estava prestando atenção