filha do tráfico - segundo livro

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Pov Lívia

Nosso voo esta programado para as duas da manha, normalmente Cailly gosta de viajar de madrugada pois gosta das luzes das cidades acesas, a duração do voo é de menos de duas horas, temos uma apartamento em são Paulo pois eu também tenho lojas lá, acredito que no mínimo as quatro e pouquinho da manha já estamos em casa. estamos no aeroporto esperando sermos chamadas para o embarque, Cailly esta no telefone assistindo alguns videos, ultimamente ela so fica assim, meu celular toca e o numero é restrito, eu imagino que seja o Bernado tentando falar com ela, atendo rapidamente 

- Loirinha- reconheci a voz assim que chegou aos meus ouvidos do outro lado da linha- nao desliga, precisamos conversar

- Caio, eu nao que- paro de falar assim que escuto um disparo- o que esta acontecendo?

- invadiram, ate o BOPE esta aqui- consigo escutar ele respirar fundo- Cesar foi atingido... ele não esta mais respirando, eles atiraram na cabeça dele Lívia, como eu vou falar isso para Bruna? mataram o marido dela!- ele esta chorando, e eu também- o Bernado esta aqui, ele nao consegue falar com  a Cailly, ela precisa falar com ele

- eu sabia que isso iria acontecer, é culpa sua- eu grito e logo a cailly me olha

- não adianta de quem é a culpa, eu to sozinho e eu mesmo quem vou pagar o preço

- voce, o Cesar e de bobear o Bernado também- assim que o nome do Bernado sai da minha boca a Cailly vem em minha direção- vocês dois, tem que sair dai agora

- porra Lívia, eu jurei lealdade pra minha quadrilha, não posso deixar ninguém aqui na mão

- lealdade?- ouço mais disparos- você valorizou o crime e desprezou sua família, quem amava e estava disposto a estar do seu lado, agora que o Cesar esta morto quem vai cuidar de você? você ta colhendo aquilo que você escolheu- respiro fundo- nem eu nem a sua filha merecemos isso- ouço outro disparo e a ligação cai

- o que esta acontecendo?- a Cailly pergunta assustada, olho para ela e depois para o telão do aeroporto, estão transmitindo ao vivo a invasão no morro- mãe, o que aconteceu?

- seu pai... o Bernado...- as lagrimas começam a escorrer desesperadamente pelo meu rosto- estão invadindo o morro Cailly, eles estão lá dentro trocando tiros

é automático, assim que paro de falar a Cailly larga uma das suas bolsas no chão e começa a olhar para os lados como se procurasse algo, eu não consigo falar, se quer sei porque estou chorando, acho que seja mais por remorso ou culpa, mas não sei exatamente por qual motivo me sinto culpada. 

- temos que ir- ela sai correndo para fora do aeroporto, quase a perco de vista

ela da sinal para um dos taxistas que estão do lado de fora e entramos no carro, são quase meia hora de viagem ate la, mas não tem transito então talvez chegamos um pouco antes. a única coisa que se passa pela minha cabeça é o barulho do tiro, e o Caio morreu? se atiraram nele? o Caio foi uma péssima pessoa comigo, mas eu tenho certeza que não seria assim com a Cailly, acho que a culpa que estou remoendo é por ter privado ele de dezesseis anos com ela