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- vamos conversar- minha mãe se sentou ao meu lado no sofá, ela parece mais calma que ontem- para onde você foi? Ao invés de ir na psicoterapia?

- na praia- eu deixei meu celular de lado- o Augusto pediu para conversar comigo, tivemos uma pequena discussão, eu fiquei magoada e sai

- você poderia ter me avisado- ela passa a mão em meu cabelo tão loiro quanto o dela

- eu não queria conversar com ninguém

- e quem é o seu amigo?- ela se referiu ao garçom

- ele trabalha na praia, o nome dele é Bernardo- eu sorri- ele é legal e me chamou para uma festa na sexta

- festa? Poxa Cailly, você não acha que vai está ocupada preparando as coisas pra sua festa?- ela apoiou a cabeça na mão e encostou mais no sofá

- por favor- fiz um biquinho- prometo que vou me comportar até lá

- tudo bem, mas se comporta viu, nada de reclamações- ela sorriu- agora vá pegar a mochila que eu vou te deixar na escola

°°°

Eu, Anne e Matheus estávamos observando a nova menina, a tal Morgana, o cabelo dela era perfeito, os cachinhos bem definidos e suas mechas azul e roxo. Matheus já sentiu interesse mas logo se entristeceu ao saber que ela é lésbica.

- eu só queria dar um beijinho na boquinha dela, não é pedir muito né?- ele fez uma carinha triste- talvez se ela me conhecer vire hétero

- ah, claro, vai lá cura gay- Anne disse eu gargalhei

- as vezes é bissexual e as pessoas só estão espalhando boatos- falei- se não falarmos com ela nunca vamos descobrir

- você tá certa- Matheus se levantou da mesa de concreto que havia no pátio- eu já volto

- nem fodendo- Anne deu risada enquanto observava ele ir até a menina

Ficamos observando eles conversando e ela sorriu, já é um começo, certo? Se ela realmente for lésbica pelo menos eles podem ser amigos. Eles ficaram ali por mais um tempo, enquanto isso Anne lixava as unhas e eu olhava o Instagram

- desculpa- Augusto beijou minha bochecha- eu não queria ter dito tudo aquilo ontem

- não tô com pique pra falar com você hoje- se quer olhei para ele

- poxa Cailly, eu não estava num bom dia, me perdoa amor- ele se sentou ao meu lado

- tá bom Augusto, eu te desculpo- o sinal tocou e eu me levantei pegando minha mochila que estava no chão e minha garrafinha de água que estava sob a mesa- tchau

Fui para a sala e me preparei para o primeiro horário, a primeira aula era de história, tão tédiosa, o professor só passa textos, não conversa ou nos coloca para fazer um debate, talvez seja por que dá última vez eu surtei e tentei agredir um menino, mas hoje eu estou disposta a me comportar.

- vai fazer o que hoje?- Anne me cutucou com a sua caneta cor de rosa

- nada- eu disse, e era mentira

- vamos lá em casa? Preciso de ajuda pra pintar o cabelo- ela sorriu

- aí amiga, não vai dá, eu não vou fazer nada exatamente pelo fato de que minha mãe me deixou de castigo- menti mais uma vez

- que chato, mas tudo bem, eu chamo a...- ela parou de falar eu olhei para frente e percebi que o professor nos encarava

- vocês estão copiando?- ele se aproximou

- sim senhor- falei rápido, eu se quer havia passado do título

- deixe eu ver os cadernos- ele ergueu uma das sobrancelhas desconfiado

- sabe o que é professor... Eu- o sinal tocou para troca de aula, salva pelo gongo- a aula acabou, amanhã você olha- eu sorri sem mostrar os dentes

O careca me olhou com desgosto, pegou seu material e saiu da sala. Pela primeira vez eu não quis arrumar confusão na sala, surpreendente. A professora de inglês entrou na sala e logo virou para a lousa e começou a escrever algo, eu peguei meu celular rapidamente de mandei mensagem pra minha mãe pedindo autorização pra ir na praia, minutos se passaram e a mensagem dela confirmando chegou, hoje nos vamos ver o garçom.

filha do tráfico - segundo livroOnde histórias criam vida. Descubra agora