Quando chegamos no morro o Bernardo segurou minha mão e pediu pra mim não encarar as pessoas, pois as pessoas arrumam confusão por tudo aqui. Fomos de táxi até certo ponto, depois disso o motorista disse que não podia passar. Andamos um pouco, por mais que seja noite as pessoas estão na rua, tem crianças jogando bola numa pracinha, alguns ambulantes, e as pessoas estão conversando nas calçadas.
-Eai Beni- um rapaz se aproximou- quem é a gatinha?- ele sorriu
- é Cailly, minha amiga- ele apertou mais forte minha mão
- você fala gatinha?- ele se aproximou mais de mim
- oi- eu disse seca
- a gente tá com pressa BMO, depois a gente se tromba por ai- ele me puxou e continuamos andando- ele é aviãozinho, da muita trela pra esses moleque não
- aviãozinho? O que é isso?- perguntei
- ele leva as drogas pros ponto certos, biqueira, casa onze...- ele disse e me olhou
- você faz isso?- eu estava curiosa, ele se manteve em silêncio por alguns segundos
- não- ele finalmente falou- chegamos- ele parou em frente a uma casa simples, e abriu o portão- entre no meu mísero castelo princesa
- bobão- dei risada e logo entrei, na garagem eu fui recebida por um cachorro- como você é bonito- fiz carinho na cabeça do animal
- esse é o júpiter- ele disse fechando o portão- vamos entrar, minha mãe e irmã deve tá tudo lá dentro
Seguimos em um corredor, ele abriu a porta e eu pude ver a sala simples, dois sofás, uma mesinha de centro e uma estante onde havia uma televisão. Ele entrou e eu fui atrás, me sentia tímida naquele ambiente.
- você chegou Beni- uma garotinha com Marias Chiquinhas correu na nossa direção, e Bernado pegou ela no colo
- eai gatinha- ele beijou a testa dela, ela se aproximou do ouvido dele e sussurou algo e logo ele deu risada- essa é a Cailly, Cailly essa é a Jullia, minha irmã
- oi princesa- eu sorri e ela voltou a falar algo no ouvido dele
- ela disse que você tem um sorriso bonito- ele colocou ela no chão- cadê a mãe?
- na cozinha fazendo papa- ela ajeita o vestido rosa que usava
- vamo lá- ele segurou minha mão e me levou até a cozinha, onde uma mulher estava fazendo algo no fogão, e o cheiro estava muito bom- mãe, lembra da minha amiga
- oi Bernardo- ela virou e me encarou, logo sorriu- então você é a famosa Cailly- ela veio na minha direção e me abraçou- seu nome é muito ouvido aqui em casa
- é um prazer- eu sorri- qual seu nome?
- Bruna, ela logo voltou a mexer na panela
- é um prazer dona Bruna- eu sorri
- você me parece muito famíliar...- ele me olha desconfiada- deve ser só impressão. Você quer jantar querida?
- não precisa mãe, a gente vai comer na pracinha- Bernardo falou
- certo, seu pai está lá junto com o CL, manda ele vir jantar- ela fala
- pode deixar veia, mais tarde eu volto
°°°
O Bernardo trocou de camisa e logo saímos da casa dele, andamos mais um pouco, conversando sobre assuntos aleatórios, dando risada. Até que chegamos numa praça, onde tinha muita gente
- vamo lá falar com meu pai e o tio Caio- ele me puxou, o nome dele não me é estranho
- Caio?- paramos em frente a alguns homens, alguns deles estavam armados, eu senti medo
- pai- Bernardo puxou o ombro de um dos homens- minha mãe tá mandando você ir jantar, vai você também tio
- Cailly...- quando o homem virou, eu pude ver seus olhos sobre mim, como se ele estivesse me fuzilando com o olhar
- vocês se conhece?- ele me olhou
- a loirinha aí, é filha do patrão- o pai de Bernardo deu passagem, para Caio vir na minha direção
- como é? Porra Cailly- ele soltou minha mão- tu é filha do CL?
- Alguma surpresa? Ela é linda igual a mim- Caio deu risada- que bom que você veio conhecer meu morro- ele falou e eu continuei em silêncio
- não acha melhor apresentar ela pro morro CL?- o pai do Bernardo deu risada- a princesa do morro chegou
- eu quero ir embora- encarei Bernardo
- mas já?- Caio se aproximou mais ainda de mim- mas você acabou de chegar minha filha
- ridículo- eu saí andando, mas logo me senti sendo puxada para trás
- calma- era Bernardo- você não pode ir embora sozinha
- eu não vou ficar na presença dele- falei irritada
- da uma chance... Você não precisa falar com ele, olhar pra ele, nem nada do tipo, você veio aqui para ficar comigo, nada além disso- ele soltou meu braço- mas se você quiser ir embora, eu não vou te forçar a ficar
- droga Bernardo...- eu respirei fundo- tá bom, mas se eu me irritar eu vou embora sem pensar duas vezes
- obrigada loirinha- ele sorri
VOCÊ ESTÁ LENDO
filha do tráfico - segundo livro
Fanfiction"Diretamente da boca do CL" 15 anos se passaram, Lívia agora uma mulher bem sucedida, se livrou de todos os traumas vividos anos atrás. Agora mãe, e dona da sua própria loja de roupas, vive feliz, sem preocupações, cuidando de sua filha. Caily nunca...