filha do tráfico - segundo livro

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- quem era ele?- perguntei sentando na mesa para tomar café

- ninguém- ela disse seca

- você sabe que se você não me dizer, eu vou dar um jeito de descobrir né?- falei enchendo meu copo com o suco de goiaba- ele é seu amigo? Morava com você na Rocinha? Ex namorado? O traficante? Ou melhor- eu sorri- ele é seu ex namorado traficante... E meu pai?

Ela não respondeu, somente levantou da mesa e saiu da cozinha, acho que tinha uma resposta. Quem diria, a dona Lívia se envolvendo com homens do crime. Terminei de tomar café e recebi uma mensagem da Clara dizendo que estava me esperando no térreo, hoje vamos juntas para escola. Peguei a mochila e sai, alguns andares de elevador e aqui estou eu.

- bom dia vida- ela me abraça

- bom dia amiga, vamos de táxi? Ou quer que eu peça um Uber?- perguntei

- Uber é melhor- ela disse me puxando para fora do prédio- soube o que aconteceu ontem, quem era o cara?

- ainda não tenho certeza, mas vou descobrir rapidinho- eu disse, mexendo no celular esperando o aplicativo achar um motorista

- e o seu aniversário? Vai fazer festa? Já é nesse sábado- ela disse batendo palmas e sorrindo

- não sei, eu acho que vou fazer algo simples, não quero muita gente não- falei- aquele é o carro, vamos

Entramos no carro preto e seguimos viagem, que não demorou 10 minutos, paguei o motorista e saímos do carro entrando no colégio, a mesma coisa de sempre, vários alunos no pátio, aquele barulho irritante e um calor de 35°c

- oi Cailly- Augusto se aproxima

- resolveu falar comigo?- cruzei os braços

- vai ficar de cu doce eu vou voltar com os moleque- ele se aproximou mais

- idiota- revirei os olhos

- preciso conversar com você no final das aulas, me espera no portão, dá um jeito de enrolar sua mãe

- tá bom- falei- eu vou ir falar com a Anne e o Matheus

Sai dali, eu não estava me sentindo muito bem, talvez esteja ficando ansiosa, a falta de ar está me consumindo aos poucos. O sinal bateu e eu fui em direção a sala, os alunos terminaram de entrar e o professor de matemática também.

O primeiro horário passou rápido, logo estávamos no intervalo, comprei um sanduíche e uma H2O para mim, e duas coxinhas para Matheus que esqueceu a carteira em casa.

- vocês não sabem do babado- Clara se aproximou da mesa onde estava eu, Anne, Matheus e Augusto

- fala aí amiga- Matheus colocou a mão no queixo se demonstrando interessado pelo assunto da cacheada

- aparentemente entrou uma menina nova na escola, o nome dela é Morgana e...- ela bateu as mãos na mesa como se fosse tambores- ela mora no morro da Rocinha

- pensei que era algo mais interessante- Anne comia sua batata frita com muito ketchup

- e não é? Fico imaginando se ela é do estilo barraqueira igual a Globo retrata as mulheres da favela- ela fala e eu dei risada

- se ela for bonita é vapo- Augusto se pronunciou

- você tem algum problema?- Clara se irritou- sua namorada tá aqui, respeita ele né cara

Eu me mantive em silêncio, sinceramente meu cérebro não estava funcionando muito bem. Eles continuam falando sobre a nova garota e outros assuntos aleatórios.