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- não esqueça que hoje você vai na Psicóloga- minha mãe cortava os pedaços de bacon do meu prato- mais do que nunca você precisa ir lá- ela devolve meu prato e volta a tomar seu café

- eu tenho uma coisa pra te contar- eu disse

- me conte- ela me olhou

- ontem eu conheci a mãe e o pai do Bernardo- eu respirei fundo- você sabe onde o Bernardo mora?

- onde?- ela me perguntou curiosa

- na Rocinha- eu disse e logo percebi seu semblante mudar- a mãe dele se chama Bruna, eu vi o CL ontem também... Eu espero que possa continuar vendo ele

- Bernardo...- ela sorriu e eu fiquei confusa- eu conheço a mãe dele... O pai, eu segurei o Bernardo no colo- ela ficou animada

- então eu posso continuar vendo ele?- eu perguntei

- claro, a Bruna é uma ótima pessoa- ela segurou minha mão- chame ela pra jantar aqui, não chame o César, eu não sei qual seria a reação dele ao me ver...

- a Jullia também?- perguntei

- jullia? Quem é jullia?

- a irmã do Bernardo, ela aparenta ter uns 4 anos- eu olhei meu celular e percebi que estava atrasada- já vou indo, beijinhos

°°°

Estávamos no pátio, o intervalo ultimamente parece tão longo. Anne e Morgana comiam como sempre, Matheus estava deitado em um banco jogando no celular, e eu, estava observando as pessoas como sempre. Augusto estava sentado em uma mesa na minha frente, ele me encarava, um olhar mortal. Seu rosto ainda marcado por conta da surra que ele levou, ainda era evidente. O sinal tocou e logo todos foram para as salas, minha aula agora é de matemática, só Deus sabe o quão ruim eu sou nessa matéria. Entrei na sala e me sentei, logo o professor entrou também e começou a passar alguma coisa na lousa. Eu não vejo a hora de ir embora.

- ei- Maitê cutuca meu ombro com a caneta

- o que?- encarei ela

- eu queria te pedir desculpas- ela falou baixinho, provavelmente não queria ser repreendida pelo professor.

A Maitê foi expulsa do seu grupinho de amigas, as meninas daqui são muito babacas e patricinhas mimadas, mas elas defendem o direito uma das outras. Digamos que elas são bastante feministas, e a Maitê ter me chamado de vagabunda, e mostrado minhas fotos para as pessoas, fez com que as meninas ficassem extremamente bravas com ela, agora eu vejo ela sozinha pela escola.

- desculpas?- dei risada- seu pedido de desculpa vai mudar o que aconteceu comigo? Ou o que você fez?

- eu sei que não...

- se você sabe, apenas vira pra frente e continua fazendo sua lição, não volte a falar comigo, ou essa mesma caneta que você usa todos os dias eu vou enfiar no seu olho- eu falei e logo virei pra frente pra observar o professor

filha do tráfico - segundo livroOnde histórias criam vida. Descubra agora