FREDERICO
Eu já tinha esperado demais e não podia perder essa oportunidade agora.
- Cata. - Chamei. - Opa, tudo bem se eu te chamar assim? Desculpa...
- Claro, imagina. O que ia dizer? - Perguntou, chegando mais perto.
- Vamos jantar. - Falei, tentando não questionar e sim afirmar que iríamos. Ela pareceu um pouco pensativa, e então assentiu, me chamando para seu carro. Eu estava de moletom, meio suado, e ela estava toda linda, levemente suada também, mas linda. Usava uma calça jeans larga, a mesma que chegou vestindo e ao invés de uma peça de renda, o colant que vestia na aula.
Continuava tão atraente quanto com aquela renda escura que cobria seu corpo deixando a imaginação correr solta. Entramos em seu carro, e ela ligou a música, pulando várias opções até chegar em uma.
- Onde quer ir? - Me perguntou, dando a partida. Eu nunca saia com uma mulher assim. Sempre ia buscá-las em casa, ou encontrava em algum lugar. Sempre estava arrumado, cheiroso e bonitão.
- Vire a esquerda. - Falei. Seguimos por alguns minutos comigo dando alguns comandos e ela dirigindo, muito bem por sinal e pulando diversas músicas. Quando parava, cantava um pouco e logo depois ia para a próxima. Eu ri. - Você não deixa nenhuma música tocar até o fim.
- É uma péssima mania. - Ela me olhou rapidamente e sorriu. Pedi para ela estacionar quando chegamos em uma hamburgueria que eu adorava. Seu irmão comentou alguma vez que ela amava comer hambúrguer então resolvi ir na opção segura.
- Chegamos. - Falei. Sai do carro rapidamente para abrir a porta para ela, tentando ser um cavalheiro, mas quando cheguei ela já procurava sua bolsa do lado de fora do carro.
- Desculpa. - Pediu, quando percebeu minha intenção. Assenti e coloquei minhas mãos em suas costas, a conduzindo. A noite passou rápido, muito divertida e animada.
Catarina falava bastante, sobre vários assuntos diferentes. Era uma ótima companhia e, no fim das contas, muito mais do que aquele corpo e rostinho maravilhosos. Além de tudo, era ótimo ver ela comendo. Lembrei do dia da pizza, e hoje a sensação era a mesma.
Ela volta e meia se lambuzava com o hambúrguer e ria enquanto limpava os lábios carnudos. Terminamos de comer e ficamos conversando por mais um tempo até que ela disse que precisava ir embora. Se ofereceu para me deixar em casa, e claro que eu aceitaria. Nossos encontros rotineiros cessaram nos últimos dias e eu não podia recusar essa chance. Será que eu poderia beija-lá hoje?
Catarina voltou comigo para o carro e desta vez consegui abrir a porta para ela, que se virou para me olhar. Cheguei mais perto, e coloquei a mecha rebelde que escapava do rabo de cavalo atrás de sua orelha. Ela estava quase encostada no carro e eu quase encostado nela quando olhei para seus lábios e fui aproximando nossos rostos.
Catarina parecia confusa, então esperei mais um pouco, naquela proximidade matadora. Coloquei a mão em seu rosto, e fiz um carinho bem lento. Então, o segurei e a aproximei ainda mais, a puxando para um beijo.
Os lábios eram melhores do que eu imaginei. Pareciam macios, e eu pude comprovar que eram. O
Beijo era gostoso demais e me deixou querendo ainda mais. Ela segurou em meu rosto com uma firmeza provocante, continuando a entrelaçar a língua na minha.Desci uma das mãos até suas costas e a puxei para mim, colando seu corpo no meu. Ela soltou um suspiro entre o beijo que me deixou maluco e eu levei a mão que estava em seu rosto até sua nuca.
Nos separamos quando ouvimos um barulho de porta batendo no estacionamento e ela sorriu, me olhando.
- Eu queria fazer isso desde a primeira vez que te vi. - Confessei. Ela balançou a cabeça, sorrindo e então entrou no carro. Fiz o mesmo e então a guiei até minha casa. Ambos em um silêncio ensurdecedor. Droga. Será que ela não gostou?
- Bom, é aqui. - Falei, quando ela parou em frente ao meu prédio. - Obrigado por hoje, Cata. Me diverti bastante. E desculpa pelo...
- Foi ótimo. - Ela interrompeu. - Não peça desculpa por isso. - E então a beijei, mais uma vez.
CATARINA
O beijo de Frederico era uma delícia, não podia negar. Lembrei, na hora, do meu trato com Bernardo e não pude evitar a decepção que senti comigo.
Se bem que se ele não atendeu Mateus mais cedo, deve ter passado a noite com alguém, e esse alguém também fazia parte do nosso trato. E se ele fez isso foi porque eu acabei sendo idiota demais a respeito da nossa relação. Merecido, Catarina.
Voltei para casa refletindo sobre tudo. Meu irmão me alertou sobre Frederico, e por maia Don Juan que ele fosse, também era uma delícia estar com ele. Era leve, divertido, e ainda me elogiava o tempo todo.
Cheguei e fui direto ver o Cão, que estava brincando na sala, sozinho. Fui até o quarto de Mateus e descobri que ele não estava em casa. Tomei um banho, brinquei um pouco com Cão e deitei no sofá para assistir um filme.
Acordei com uma mão fazendo carinho no meu rosto, e antes de abrir o olho, soltei um sorriso. Óbvio que ele estaria aqui.
- Oi, sumido. - Falei. - Deita comigo pra fazer uma preguicinha. - Me afastei, dando espaço para Bernardo deitar no sofá.
- Catarina, sou eu. - Abri o olho ao ouvir a voz do meu irmão.
- Eu sabia. - Falei, desconcertada.
- Você jamais seria tão carinhosa comigo. - Disse, levantando a sobrancelha. Mateus sentou no sofá, na minha frente e me olhou aparentando estar preocupado. - E eu achei que vocês não tivessem tão amigáveis assim. - Ia falar, mas ele não me deixou. - Enfim, o que eu vim dizer é que não consigo falar com ele. Tentei o dia todo. Vocês conversaram hoje?
- Não. A gente discutiu, eu acho. Mas estranho ele não atender. - Respondi, preocupada. Bernardo nunca ficava sem atender o telefone ou responder mensagens. Ou, se não podia na hora, retornava depois. Peguei meu celular no aparador que ficava atrás do sofá. 23:12. - Posso dar uma passada na casa dele, pra ver se ele tá lá.
- Se você puder, ótimo. Eu só vim buscar umas coisas e preciso ir fazer umas fotos pra aquele editorial que ia ser num bar. Já to meio atrasado, inclusive. - Levantou e foi em direção ao seu quarto. - Mas qualquer coisa me avise, por favor.
Eu estava completamente dividida. Por um lado, a preocupação com um comportamento atípico e por outro, eu não sei se estava pronta para encarar Bernardo. Me despedi do meu irmão, de Cão e saí.
Entrei no carro e dirigi até seu apartamento. Não sei qual foi o azar que dei, mas parece que todas as músicas, não importa o quanto eu pulasse, sempre me faziam pensar nele. Não pude evitar o misto de sentimentos e o choro que surgiu durante o caminho.
Estacionei o carro em uma vaga em frente ao prédio de Bernardo e me preparei psicologicamente para o que eu teria que enfrentar. Entrei e cumprimentei o porteiro, seu Jorge.
- Oi, menina. Quanto tempo. Já estava com saudade. - Sorri, ele sempre me chamava de menina.
- Seu Jorge, quanto tempo. Que saudade! - Disse, sorrindo. - Eu to tentando falar com o Bernardo, mas ele não me atendeu. Sabe se ele tá em casa?
- Não sei, menina. Não vi ele desde que começou meu turno, mas sobe lá pra dar uma olhada. - Perguntei se não teria problema. A verdade é que ele tinha parado de interfonar quando eu chego há algum tempo porque eu vivia aqui. Ele me liberou, e eu subi até 12o andar.
Peguei a chave que tinha em minha bolsa o misto de sentimentos que tive ao abrir a porta quase me fez ir embora. Quase. Fiquei parada, sem saber o que fazer.
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Gravity
RomanceDepois de um trauma, Catarina percebeu que não conseguia mais se entregar a ninguém de verdade. Mas será que era pelo que aconteceu? Ou por seu coração pertencer a alguém? "Eu correria, se não fosse tão bom estar em seus braços" NÃO RECOMENDADO PA...